terça-feira, 24 de março de 2009

Tiro ao alvo


Incentivo para compra de painéis solares «é uma fraude»

Professor de Engenharia do Porto acusa empresa Energie de «publicidade enganosa»

O autor da política energética do actual Governo, Oliveira Fernandes, classificou esta terça-feira como «uma fraude» a atribuição de incentivos à compra de painéis solares fotovoltaicos como sendo produtores de energia solar, avança a agência Lusa.

«Estar a utilizar as verbas que foram anunciadas para a energia solar como incentivos para a compra de painéis fotovoltaicos é uma fraude», disse à agência Lusa Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia do Porto e presidente da Agência de Energia do Porto.

Oliveira Fernandes acusou a empresa Energie, cuja fábrica na Póvoa de Varzim foi visitada quinta-feira pelo primeiro-ministro, José Sócrates, de estar a fazer "publicidade enganosa», ao referir no seu site que os painéis solares fotovoltaicos têm rendimento superior aos colectores solares.

Painéis solares? Sócrates explica vantagens

«O site diz que o sistema deles funciona com sol, céu nublado, chuva e à noite. Vê-se logo que não é solar. É por isso que tenho vergonha deste país», afirmou Oliveira Fernandes, criticando José Sócrates e o ministro da Economia, Manuel Pinho, por se terem associado ao «embuste» da Energie, ao apelarem aos portugueses para que comprem os seus painéis.

«O lapso político do senhor primeiro-ministro e do senhor ministro da Economia acontece manifestamente por falta de competência técnica no Governo, por falta de assessoria, aconselhamento», afirmou o ex-secretário de Estado da Energia.

Na opinião do professor universitário, a Energie «é uma fábrica de bombas de calor», dado que os painéis que produz «até podem captar calor da água ou do solo».

Colectores solares é que interessam

Oliveira Fernandes salientou que o coeficiente de performance (COF) dos painéis da Energie «deverá andar à volta de dois, o que é um valor ridículo».

O especialista explicou que a bomba dos painéis fotovoltaicos necessita de electricidade para funcionar, produzindo em média apenas o dobro da energia que consome.

«Muitos dos colectores solares também precisam de uma bombinha. Mas, em média, a energia que captam do Sol é 50 vezes superior à que consomem. A relação é de dois para 50. Não estamos a falar do mesmo campeonato», frisou.

Oliveira Fernandes realçou que, dadas as características climatéricas do país, «são os colectores solares que interessam a Portugal», e não os painéis fotovoltaicos, mais adequados a países frios do Norte e centro da Europa.

Em comunicado distribuído esta quarta-feira, a Energie garante que os seus painéis solares «estão certificados pela SolarKeymark, a primeira marca de qualidade reconhecida internacionalmente para os produtos solares térmicos, e DINGetpruft, atestadas pelo organismo alemão mundialmente conhecido Dincertco».

«Estas certificações atestam o produto da Energie como sistema solar térmico», realça a empresa, anexando cópia de um dos certificados.

In Portugal Diário

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