segunda-feira, 30 de junho de 2008

CAIXA ALTA



Títulos comentados


Saúde: privados são melhores graças ao financiamento do Estado
Pago com os nossos impostos

Farda «inteligente» para bombeiros
Ofereçam uma ao Sócrates, já!

Internacional Socialista: Sócrates reeleito
Os votos foram em inglês técnico

Ponte de Lima: «Milagre cura» funcionária
Depois de não conseguir burlar a junta médica, voltou a trabalhar

Marcelo tem «problema de honestidade intelectual»
Qual é a surpresa? Não foi ele que, nos idos de 70, travestiu factos em factos políticos?

Mário Lino acusa Ferreira Leite de «irresponsabilidade»
Olha quem fala…

«O ministro da Agricultura é o maior incompetente do mundo»
Mas o chefe dele é o Sócrates

Fiscalização de casamentos não implica reforço da ASAE
Nem a PIDE se metia nisso

Lisboa prepara-se para terminar semestre com nota negativa
É a capital do país, quem sai aos seus não degenera

Um problema chamado Mugabe
E outro chamado Sócrates

Director de museu roubou estátuas
Faz o que eu digo, não olhes para o que faço

CNN: «EUA preparam campo de batalha no Irão»
Estes não aprenderam nada no Vietname nem no Iraque. Continuam de "vitória em vitória", até à derrota final.

Para melhor ilustração dos textos a seguir...


Portugal bipolar, ou o caso mental português



Portugal, como a generalidade dos países, apresenta duas camadas distintas de população: uma minoria, poderosíssima, de ricos; uma maioria derrotada de pobres e de remediados. E tem dois estados mentais correspondentes: da parte da minoria, os acessos maníacos; do lado da maioria, os ataques auto-infligidos de depressão masoquista.

Os grandes e as manias da grandeza
O que de específico se vislumbra no caso mental português é o facto de não termos uma elite, um escol, uma classe elevada de condutores. Temos, a ocupar o seu lugar, os “grandes”: a desaristocracia do desenrascanço bacoco dos patos bravos de todas as áreas e actividades económicas, de financeiros corruptos, de fazedores de opinião e de polidores de todo o género - de esquinas, de corredores em S. Bento e de cadeiras em Bruxelas - e todo um coro de artistas menores. Os grandes, em vez de liderar pessoas ou de governar bancos, repartições ou empresas, governam-se. Desprezam o saber, pois o que conta é a esperteza. Desprezam o povo, porque trabalha e lhe faz a riqueza. Usam títulos, gravatas e relógios de ouro para alardear o sucesso.

A grandeza está instalada em todas as áreas da vida e da sociedade. Para começar, há os grandes portugueses de todas as épocas, telemovelcraticamente eleitos, que dispensam apresentação. São seres idealizados e projectados no Olimpo da memória nacional para que sirvam de modelos aos vindouros.

Cá mais abaixo, em plena vida terrena, encontram-se os grandes talentos capazes dos grandes desafios, das grandes opções, das grandes obras. Destas resultam os grandes almoços e as grandes fortunas. Há as grandes empresas com os seus grandes clientes que geram os grandes negócios. As grandes reportagens revelam os grandes devedores. Há o consumir em grande nas grandes superfícies.

Grandes construções: do Convento de Mafra à Basílica de Fátima. Os estádios, os aeroportos, os TGVs.
Os grandessíssimos filhos da ... vem, depois dos filhos de Algo,
Teve os seus tipos históricos e míticos, como o toureiro, o marialva.
Vasco da Gama descobriu o caminho por mar para a Índia. Foi carregado de honrarias. Teve que voltar à Índia para pôr cobro aos desmandos dos portugueses que por lá andavam.
Há grandes, como a Brites de Almeida, capazes de matar o inimigo à pazada, sem dó nem piedade.
Da literatura: O Conselheiro Acácio, a sã moral e os bons costumes, nossas virtudes pátrias (Eça de Queirós, O Primo Basílio);
Tipos recentes: Spínola, o conspirador aristocrata; Otelo, o plebeu jacobino; Maia, o santo revolucionário.

Tipos actuais: Santana Lopes e Sócrates, Valentim Loureiro e Pinto da Costa, Belmiro de Azevedo e os Opus Dei do Millennium.
Um bom desfecho no decurso da carreira das suas vidas é ter uma curta foto-biografia numa revista semanal. De pequenino já se revelara a esperteza. Batia o pé com toda a força da sua birra até a mãe lhe fazer as vontades. Na escola tinha as melhores notas porque sentava-se sempre ao pé do colega mais inteligente da turma, de quem copiava. Leu novelas de heróis e cavaleiros, vidas de santos e sábios, conviveu com pessoas instaladas, quis ser alguém, sonhou.

O estado mental português típico dos grandes caracteriza-se pela tendência a sobrevalorizar-se acompanhada com desprezo e agressividade para com a maioria deprimida. “Com papas e bolos se enganam os tolos”. A sua determinação existencial leva-o ao postulado tautológico, “Eu sou eu, não preciso de ninguém”, à perda de amor e ao desprezo pelo próximo.

Para compreender esta peça não há como observar-lhe a agitação psico-motora no seu habitat natural, a autoestrada. Pelo espelho retrovisor torna-se visível a sua rápida aproximação: carro com arcaboiço robusto e ferronho severo, máximos projectados no horizonte alcatrão parecem olhares assassinos, óculos escuros de marca escura, telemóvel na mão pronto a disparar e o resto não vês porque, ultrapassando-te, pela esquerda ou pela direita, lá vai, a gesticular furiosamente, vencendo barreiras, contornando gente inútil.
e a correr riscos incalculados. Controlo omnipotente. Euforia momentânea. Fantasias omnipotentes. O triunfo. A fuga para a frente. O progresso ilimitado. Os homens sem sono.

O seu pequeno vício é o apego ao tabaco. As autoestradas mentais. Produtividade e consumo. Ética puritana e protestante do trabalho. A contabilidade criativa. Consumismo, lucro e desperdício.

Fuga aos impostos. Abandono dos cargos e fuga para a Europa.
Autarquias. EDPs e PTs.
De como os grandes gostam dos pequenos: o caso Casa Pia.
A arraia miúda e o triste faduncho

Em 1147, matança indiscriminada da população de Lisboa após um cerco de meses pelos cruzados. Lisboa era uma cidade saudável, pacífica e religiosamente tolerante na convivência entre mouros, cristãos (moçárabes) e judeus. Os cruzados eram bandos de arruaceiros provenientes de duas tribos: os ibéricos, chefiados por Afonso, um senhor da guerra sem escrúpulos nem palavra, que quebrara os laços de vassalagem à condessa de Portucale, sua mãe; os nórdicos, de Darmouth, cerca de 13 mil homens falando várias línguas movidos pelo apelo do papa à 2ª cruzada. Depois da queda da cidade, a peste abateu-se sobre a população de Lisboa, dizimou milhares de moçárabes e muçulmanos e foi vista pelos cruzados como um castigo divino. Em 1348 a Peste Negra despacha metade da população.

Em 1383, João, um filho bastardo do rei falecido assassina o amante e conselheiro de Leonor, a rainha regente. Foi quanto bastou para a arraia miúda de Lisboa o consagrar “defensor do povo” e se lançar na Revolução. Um novo Portugal é fundado neste ano pela legitimidade popular, opondo-se ao Portugal da legitimidade senhorial católica e medieval, dos senhores do Norte, da linhagem do conde borgonhês.

Com a tomada de Ceuta em 1415 inicia-se a conquista do Norte de África e o projecto de contornar pelas costas o império muçulmano pela costa africana até ao extremo Oriente na Ásia. Desastre de Tânger em 1437, D. Fernando e D. Henrique, oposição de D. Duarte e D. Pedro. Batalha de Alfarrobeira em 1449 D.Afonso V, a facção palaciana e senhorial contra D. Pedro e o projecto moderno de centralização régia. D. João II e o Império. A oposição das classes altas ( Cortes de Montemor-o-Novo de 1495) a favor da manutenção dos territórios de além-mar.

No século XVI dá-se o aparecimento de vários prodígios designadamente o da santa inquisição. Em Lisboa são criadas as grandes Casas Portuguesas de comércio cujos lucros são reinvestidos na edificação, entre outros, do Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Forte de S. Julião da Barra, Terreiro do Paço, Palácio Real, Arsenal, hospital de Todos-os-Santos. Há escravos para trabalhar e o pagode vive à tripa forra, aristocracia, burguesia e gente miúda incluída. É o século do luxo português. O fundamentalismo cristão faz a perseguição dos cristãos novos expropriando a propriedade e a riqueza dos que nao mata pela fogueira. Em 1569, a peste dizima um terço da população. Em 1578, o “sangue puro”, antigo e nortenho arrasta o país, num renascer do sonho de um império territorial, para a aventura de Alcácer Quibir.

Século XVII, domínio dos Filipes, declínio económico, miséria e criminalidade. Lisboa é a cidade mais perigosa em todo o mundo conhecido. A burguesia mercantil de Lisboa e alguma nobreza incitam o Duque de Bragança a tomar as rédeas da governação. Após a Restauração, o País é invadido pelo ouro do Brasil. Parte da população ociosa professa numa ordem religiosa, as mentalidades são cerceadas pela Inquisição. Construções faraónicas, corrupção, desperdício, miséria. Lisboa é reputada no estrangeiro como uma cidade suja.

1755, dia de Todos-os-santos. Durante cerca de um minuto a terra treme. Um tsunami vindo do Atlântico varre a parte baixa de Lisboa junto ao Tejo. A alta é destruída pelo fogo provocado pelos milhares de velas a arderem nas inúmeras igrejas em festa. Depois, é enterrar os mortos e cuidar dos vivos.
A era de reconstrução, progresso e prosperidade de Pombal é interrompida pela “viradeira”, movimento retrógado sob o ceptro de Maria de Portugal que conduz à demissão do 1º Ministro e ao retorno da crise e da miséria. A criminalidade leva a Pina Manique e ao retorno à perseguição religiosa e política.
Em 1807 os franceses entram em Lisboa, a coroa e os nobres metem o rabo entre as pernas e fogem para o Brasil. Expulsos os franceses, colonialismo inglês em Lisboa e no Porto. Os nortenhos rebelam-se.

A revolução de Julho de 1830, cartistas e legitimistas. Subprodução agrícola, crise industrial e urbana, desemprego e alta do custo de vida, descontentamento da burguesia.

Em 1846, revolta popular contra o governo de Costa Cabral. Promoveu o governo de Cabral um conjunto de reformas no domínio fiscal, no registo da propriedade e das práticas funerárias, hoje consideradas absolutamente “normais”, mas que, na altura, caíram mal no povo e mexeram em muitos privilégios e “direitos adquiridos”. O povo miúdo do Norte pressionado pelo fanatismo religioso, alguns reaccionários e miguelistas desejosos de retorno ao absolutismo. Maria Angelina da Fontearcada. Insurreição e tumultos generalizados ao País. Guerra civil até 1847, a Guerra da Patuleia.

Revolução liberal e República. Hostilidade monárquica e católica, terrorismo operário, divisões no seio dos republicanos, crise económica e política. Tomada do poder pela direita ultramontana. Estado Novo. Paz dos cemitérios, emigração em massa e guerra colonial. (CONTINUA)
Publicado em: http://tremontelo.multiply.com/journal/item/232

Portugal bipolar, ou o caso mental português II (continuação)



Em 1974, o “25 de Abril” foi um fenómeno de euforia de massas: o alvorecer na noite negra do fascismo, a libertação do escravo agrilhoado, a erupção da força colectiva como a fé capaz de erguer montanhas, a promessa do homem novo, a igualdade perante a lei, a justiça social, a fraternidade universal. Eleições livres, partidos políticos, fim da guerra de opressão, descolonização; imprensa livre, liberdade de expressão e de associação; protecção social, combate à pobreza e ao analfabetismo; reforma agrária, luta da produção, estímulo ao empreendedorismo e criação de empregos.

Passados, 34 anos, pobreza generalizada, distanciação das classes sociais, despedimentos em massa:
“De acordo com os dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, ao longo de 2007 foram apoiadas com produtos 1542 instituições, que concederam ajuda alimentar a mais de 232 mil pessoas comprovadamente carenciadas. “
“A Yazaki Saltano anunciou hoje o despedimento de 400 trabalhadores da unidade de Gaia até ao final do mês, na sequência do fim da produção de uma componente para o sector automóvel, conhecida por M59.”
“A multinacional norte-americana Delphi vai encerrar a unidade de produção de Ponte de Sor (Portalegre) no primeiro trimestre de 2009, arrastando para o desemprego mais de 500 trabalhadores, disse hoje à agência Lusa fonte sindical.”

Não sendo historiador, não pretendo com esta resenha outra coisa senão pôr a história de Portugal em perfil. E o que se vê de perfil? Em primeiro lugar, um cíclico retorno ao mesmo, alternando períodos de riqueza e desperdício com períodos de extrema pobreza e de acentuação dos privilégios de casta.

Quando se instala o sentimento de perda, advém o luto. É uma experiência assustadora que desorganiza, em termos individuais e colectivos. Eu, o culpado.
A incapacidade de determinação existencial leva-o ao postulado contraditório: “Eu sou ninguém, preciso de todos”, à perda de amor-próprio e ao auto-desprezo.

a) Tristeza, fado.
Caracteriza-se o fado pela presença de duas guitarras, a clássica e a portuguesa e a presença exclusiva de um vocalista. No caso da desgarrada, o fado é a despique entre dois fadistas.
O fado transmite tristeza chã, caída na desilusão e o ressurgir da esperança. Saudade, nostalgia, saúde e quotidiano problematizados.
Como a vida do povoléu anda sobre brasas, é sobre brasas que ele prepara o suprimento da vida: bacalhau assado com batatas a murro ou sardinha assada e salada com pimentos.

b) Substituição do objecto perdido, futebol.
O Portugal dos pequeninos não aprecia os espectáculos violentos, como o boxe, as touradas. Porquê dar porrada num desgraçado se posso dar chutos numa bola? Os grandes atletas são os homens do futebol. Peyroteo, Azevedo , Matateu ou Eusébio.
Gente extraída da vida dura e de corpo robusto pode ter sucesso no futebol. Afinal nem é preciso andar na escola. Joga-se sem se saber ler nem escrever.
Portugal o patinho feio, o único patinho preto da Europa. O que falta para Portugal se tornar de facto um país europeu? Ganhar o Europeu.

c) Perdas sucessivas, Fátima
Fátima: a peregrinação a pé, o pagamento de promessas, procissão das velas, eucaristia de encerramento e o lencinho para a procissão do Adeus à Virgem.
A mensagem de Fátima sublinha os seguintes pontos:
- A conversão permanente, a metanoia, a mutação mental, o retorno à mentalidade medieval e ultramontana;
- A oração e nomeadamente o rosário, a obsessiva repetição do mesmo, a hipnose auto-induzida;
- O sentido da responsabilidade colectiva, desde o pecado original até ao materialismo e modernismo contemporâneos e a prática da reparação pelas ofensas cometidas ou por cometer.
“Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.” (Memórias da Irmã Lúcia, 13 de Maio de 1907)

Os portugueses são um povo de causas, guerras dos pobres: a causa timorense.

O terceiro excluído: a classe média e os brandos costumes
A classe média sustentou a queda do antigo regime, em Abril, e apoiou o novo regime. O qual, actualmente, se esforça por fazer desaparecer a classe média e alargar o fosso entre grandes e pequenos. Os brandos costumes andam a monte.
Lisboa e o País, outras vez sujos e esfarrapados. Vistos do Norte, cidade e País são ingovernáveis. Fechados nas suas torres de marfim arrepiam-se de ver África tão perto.

Este conjunto de apontamentos constitui o registo de uma experiência mental transcorrida entre Santarém e Lisboa em condução activa. Daí o seu carácter lacunar, nuns pontos, e o seu ar desleixado noutros.

Publicado em: http://tremontelo.multiply.com/journal/item/232

O REGRESSO DOS GENERAIS

Adriano Moreira acabou com exclusão de três décadas


O general Loureiro dos Santos, antigo ministro da Defesa e ex-chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), apresenta, a 10 de Julho, a sua comunicação como novo sócio correspondente da Academia das Ciências.

A intervenção de Loureiro dos Santos, conhecido estratega e analista de assuntos militares e de segurança, tem como tema "A Geopolítica e as Relações Internacionais" - e marca o regresso dos oficiais generais ao seio da Academia das Ciências, três décadas depois de o general Câmara Pina ter deixado a presidência da instituição (1979).

"Foi restabelecida uma justiça histórica", disse ao DN o general Abel Cabral Couto, antigo director do Instituto de Defesa Nacional - onde há um Auditório Câmara Pina - e que partilha com Loureiro dos Santos o interesse pela área da estratégia.

Loureiro dos Santos chegou à Academia das Ciências pela mão do actual presidente, professor Adriano Moreira. "É uma atitude que dignifica mais a Academia das Ciências do que os militares, pois são as pessoas que enobrecem as instituições e não o contrário", enfatizou o general Cabral Couto.

"Desde a fundação da Academia das Ciências que a vertente militar sempre fez parte do âmbito da academia, tanto que houve duas, três dezenas de académicos que eram militares", lembrou Cabral Couto, evocando a figura de Câmara Pina (1904 -1980) como "o último" dos generais a integrar aquela instituição.

"Obcecados com as modas, a parte militar foi corrida. A Academia das Ciências deixou de ter militares" até 2008, quando Adriano Moreira "recriou a secção de Ciências Militares", aplaudiu Cabral Couto.

O general Loureiro dos Santos foi eleito sócio correspondente da Academia a 19 de Março deste ano, integrando a sétima secção da Classe de Letras da Academia, que abrange a "Sociologia e outras Ciências Sociais e Humanas".

In DN

A REVOLTA DOS GENERAIS III (continuação)

General Martins Barrento

"Na actualidade, a importância, pujança e apetência dos agentes económicos pelo poder, e a descoberta do poder que possuem aqueles que dirigem e veiculam a comunicação social levam estes poderes a emergir ao lado do poder político, em concorrência com ele ou a influencia-lo em âmbitos como os da segurança e do bem estar, que até aqui só ao Estado pertenciam. Desta situação resulta que a constituição, acção ou inacção da Instituição Militar possa hoje não ser determinada apenas pelos superiores interesses do Estado, os quais compete ao poder político assegurar, mas também por outros interesses." (...) A comunicação social, importante pilar da cidadania pela informação que transmite, não se limita infelizmente a esta nobre tarefa, porque, estando sujeita a critérios económicos e ideológicos, não se coíbe de, na defesa dos seus interesses, procurar o sensacionalismo, a polémica pela polémica, a venda fácil, mesmo que isso seja feito em prejuízo da verdade. Isto é, além de informar, também deforma e desinforma, tendo como efeito o de, quem a vê, lê ou ouve, apesar de saber frequentemente daquela situação, poder ainda pensar que aquilo que ela transmite é a verdade. A segurança, a defesa e as FA, sendo temas sobre os quais os cidadãos deveriam estar verdadeiramente informados, ao serem tratados por aqueles critérios, são de difícil leitura ou predispõem para a aceitação de ideias como as do elevado custo da organização militar, da sua resistência à mudança, da sua desnecessidade, etc., que obviamente não promovem o espírito de defesa que deveria existir, deformam a imagem da Instituição e afectam o moral daqueles que nela servem (...) A profissionalização da política, a apetência pelo poder, o desejo de cargos políticos, a importância dos votos que mais facilmente são obtidos através de promessas de um maior bem estar futuro e o calendário político que absorve as atenções e dirige a acção da política partidária secundarizam assuntos realmente de Estado, mas que não dão votos, como a segurança, a defesa, as FA (...) O espírito de defesa é uma forma de sentir dos cidadãos que os leva a constatar que há valores que devem ser defendidos, mesmo que para tal haja que fazer sacrifícios. Se este espírito de defesa for generalizado, as FA, que existem para, pelo combate, defenderem o nosso território, a nossa população e os nossos interesses, serão apoiadas física e moralmente; se tal não acontecer, começarão a sentir se como um corpo estranho na nação (...) Se for atingido o ponto de se aceitar que a defesa é desnecessária, teremos que concluir que um povo que pensa deste modo não merece ser defendido, ainda que isso signifique o ocaso de Portugal como Estado soberano. E este perigo pode vir a existir, se não houver por parte da Política medidas de carácter pedagógico sobre a cidadania e os valores a preservar."


Nota: artigo publicado na "Revista Militar"


General Espírito Santo

A Lei do Serviço Militar representa o compromisso da Nação e dos seus cidadãos para a defesa da Pátria, estabelecendo a Constituição da República que "A defesa da Pátria é direito e dever fundamental de todos os portugueses" (Art 276º). A actual Lei do Serviço Militar (Lei n.º 174/99, de 21 de Set.), estabelece que "em tempo de paz, o serviço militar baseia se no voluntariado" e que esta disposição "não prejudica as obrigações dos cidadãos portugueses inerentes ao recrutamento militar e ao serviço efectivo decorrente da convocação ou de mobilização".

Acontece que este compromisso contratual não está a ser cumprido. Porque o voluntariado ainda não atingiu os níveis de efectivos necessários ao Sistema de Forças aprovado e porque quer o recenseamento, recentemente abolido, quer as normas reguladoras para a mobilização e convocação nunca foram definidas. Mais um compromisso quebrado (...) A Lei da Programação Militar constitui, em Portugal, um embuste. Primeiro porque o modelo de onde se foi copiar era uma Nação com uma sólida indústria de defesa, o que não é o caso português. A lei constituía um contrato, em tempo dilatado, para Estado, Forças Armadas e indústria de defesa assumirem compromissos entre necessidades operacionais e capacidade de produzir, garantindo postos de trabalho. Era essa a filosofia das leis de programação militar. Em Portugal, reconhecendo as necessidades de investimento numas Forças Armadas desajustadas ao ambiente estratégico e missões a desempenhar, mascarou se esse investimento - que podia ser inscrito anualmente no Orçamento - com promessas dilatadas no tempo,

ultrapassando mesmo tempos de vida útil de armamentos e equipamentos, e que ou não são cumpridas ou são congeladas. E não vale a pena denunciar o não cumprimento do contrato, já que é o Estado o primeiro a colocar se ao lado das vozes que reclamam manteiga em vez de canhões, esquecendo as suas funções e razão de ser (...).

Nota: artigo publicado na "Revista Militar"


General Rocha Vieira

"Vivemos tempos de crise. São tempos de máscaras e aparências, em que se esquece o valor do serviço e o respeito pela realidade. São tempos que ignoram o passado da independência e anunciam um futuro sem liberdade" (...) É preciso reagir e saber escolher para ultrapassar o momento actual." É tempo "para voltarmos aos valores essenciais, para defendermos a memória dos que construíram Portugal independente, para honrarmos a responsabilidade de deixar aos sucessores mais do que aquilo que herdámos dos que nos antecederam". É preciso que os políticos assegurem a responsabilidade de "fazerem corresponder as missões que atribuem aos militares com os meios que põem à disposição dos que colocam em risco as vidas para as cumprir".




A REVOLTA DOS GENERAIS II (continuação)

General Garcia Leandro

(...) Se sinto a revolta crescente daqueles que comigo contactam, eu

próprio começo a sentir que a minha capacidade de resistência psicológica a tanta desvergonha, mantendo sempre uma posição institucional e de confiança no sistema que a III República instaurou, vai enfraquecendo todos os dias. Já fui convidado para encabeçar um movimento de indignação contra este estado de coisas e tenho resistido.

Mas a explosão social está a chegar. Vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa. É óbvio que não será pela acção militar que tal acontecerá, não só porque não resolveria o problema mas também porque o enquadramento da UE não o aceitaria; não haverá mais cardeais e generais para resolver este tipo de questões.

Isso é um passado enterrado. Tem de ser o próprio sistema político e social a tomar as medidas correctivas para diminuir os crescentes focos de indignação e revolta. Os sintomas são iguais aos que aconteceram no final da Monarquia e da I República, sendo bom que os responsáveis não olhem para o lado, já que, quando as grandes explosões sociais acontecem, ninguém sabe como acabam. E as más experiências de Portugal devem ser uma vacina para evitar erros semelhantes na actualidade (...).

Nota: artigo publicado no jornal "Expresso" de 11-2-2008

General Loureiro dos Santos

(...) "O Estado português não age no quadro de um conceito estratégico nacional que tenha formulado. Verdadeiramente, não se sabe bem qual o motor da sua acção, o cimento que articula as várias políticas sectoriais (...). Se as políticas de defesa fossem eficientes, elas assegurariam a possibilidade das Forças Armadas disporem permanentemente dos recursos humanos necessários, através de um sistema de serviço militar misto - com quadros permanentes vinculados ao serviço das armas como opção perene, militares com vínculo profissional de curta duração e militares provenientes da conscrição. Com a capacidade de manter o nível adequado de efectivos em todas as circunstâncias, sem custos exorbitantes, e de transmitir a uma parte significativa dos portugueses e portuguesas um contacto útil com a prática rigorosa dos valores nacionais. Como o patriotismo e o sentimento de pertença a um país com identidade própria, o culto dos mais elevados valores humanos e do sentido do cumprimento da missão, assim como a importância das virtudes militares - a lealdade, a honra, a coragem moral e física, o culto da disciplina e o espírito de sacrifício." (...) "os militares sentem-se maltratados pelo poder político, que teima em não cumprir algumas leis

por ele próprio elaboradas que beneficiam os cidadãos militares. Ao mesmo tempo que toma decisões que os prejudicam, material e moralmente, no campo dos seus direitos sociais, esquecendo a importância da concretização do conceito "apoio à família militar", na sua devida extensão. (...) "Convém alertar que, sem políticas de defesa eficientes, o Estado não estará em condições de cumprir o essencial das funções que

justificam a sua existência. Não é apenas a Segurança Nacional que se pode encontrar em perigo; será também prejudicada a possibilidade de atingir os níveis de bem-estar a que todos os portugueses se sentem com direito."

Nota: artigo publicado na "Revista Militar"




A REVOLTA DOS GENERAIS



Generais insurgem-se contra o estado a que isto chegou


Vários generais que desempenharam funções de chefia nas Forças Armadas não têm calado a sua revolta pelo estado a que o país chegou, criticando o não cumprimento das promessas feitas pelo governo aos militares, a falta de equipamento das Forças Armadas, o fim do voluntariado, a falta
de um conceito estratégico de Defesa Nacional e, num plano mais vasto, os vícios do sistema político, a promiscuidade entre o poder político e económico, a crise económica e social, as assimetrias na distribuição do rendimento, o imediatismo, o populismo e a desinformação da
comunicação social, a perda da liberdade e da independência nacional. No passado domingo, no dia do Combatente, também assinalando o 90.º aniversário da Batalha de La Lys, o general Rocha Vieira, actual chanceler das Antigas Ordens Militares, nomeado por Cavaco Silva considerou que "vivemos tempos de crise em que se esquece o valor do serviço e o respeito pela realidade, tempos que ignoram o passado da independência e anunciam um futuro sem liberdade". Entretanto, o último número da "Revista Militar" foi inteiramente preenchido com artigos de vários generais contra a contra a situação vigente. Em editorial, o ex-CEMGFA general Espírito Santo, considerou que "a Lei da Programação Militar constitui um embuste". Na mesma revista, o general Loureiro dos Santos escreveu que os "Os militares sentem-se maltratados pelo poder político". Por sua vez, o general Martins Barrento referiu que hoje as Forças Armadas estão submetidas não só aos interesses de Estado mas também, por via da promiscuidade existente, ao poder económico e mediático. Num extenso artigo, o ex-CEME, Martins Barrento também refere que há o risco de"as Forças Armadas se poderem sentir como um corpo estranho na nação". Recorde-se que o general Garcia Leandro foi o primeiro a manifestar-se, em Fevereiro passado, contra o estado de coisas no país, num artigo publicado no "Expresso". Com palavras que nunca se tinham ouvido na boca de um general, ainda para mais com funções actuais de presidente do Observatório de Segurança, Garcia Leandro escreveu, entre muitas outras frases polémicas que "a explosão social está a chegar" e que "vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa" em Portugal. O SEMANÁRIO publica extractos das intervenções e dos artigos publicados pelos generais. (CONTINUA)

In Semanário

A CUNHA

Empresário: Bom dia Sr. Eng., há quanto tempo??!!!

Ministro: Olha, olha, está tudo bem?!


Empresário: É pá, mais ou menos, tenho o meu filho desempregado. Tu é que
eras homem para me desenrascar o miúdo.


Ministro: E que habilitações é que ele tem?!


Empresário: Tem o 12º ano completo.


Ministro: O que ele sabe fazer?!


Empresário: Nada. Sabe ir para a Discoteca e deitar-se às tantas da manhã.


Ministro: Posso arranjar-lhe um lugar como Assessor, fica a ganhar cerca de
4000? Agrada-te?!


Empresário: Isso é muito dinheiro; Com a cabeça que ele tem era uma
desgraça. Não arranjas algo com um ordenado mais baixo?!


Ministro: Sim, um lugar de Secretário; ficava a ganhar 3000?


Empresário: Ainda é muito dinheiro, não tens nada volta dos 600/700????


Ministro: É pá, isso não!! Para esse ordenado tem de ser Licenciado, falar
Inglês e dominar Informática.

domingo, 29 de junho de 2008

As melhores da semana



Bocas VIP comentadas

Temos a bandeira mais feia do mundo - Miguel Sousa Tavares, DN
Gostos não se discutem.

A Europa é vaidosa como uma velha gaiteira - António Barreto, Público
Concordo!

Dou ao público caviar, não dou sardinha assada - Filipe La Féria, 24 horas
Prefiro sardinha assada.

Viva a Irlanda. Porque não há Europa sem respeito pela diferença. Não há Europa sem democracia. Não há Europa contra os cidadãos. - Manuel Alegre, DN
Quem fala assim, não é gago.

Por muito que isso aborreça muita gente, a verdade é que ninguém na rua está preocupado com o Tratado de Lisboa - José Ribeiro e Castro, 24 Horas
Também acho.

O homem mais poderoso de Portugal não é José Sócrates, nem Belmiro de Azevedo. É o Cajó, que conduz um Scania de 12 rodados - Ricardo Araújo Pereira, Visão
Principalmente quando pára…

Os europeus não podem ser tratados como o velho Mao Tse-tung tratava os chineses: como carne para canhão - Francisco José Viegas, CM
Mas os tecnocratas de Bruxelas bem tentam...

Não se governa de encontro à vontade da rua, nem fazendo orelhas moucas à rua - Alberto Martins, Expresso
Explica isso ao Sócrates!

A vida é feita de ciclos e o ciclo Scolari, na minha perspectiva, já estava esgotado antes do Euro - Gilberto Madaíl, A Bola
Então porque não o substituíste antes?

Gordura é formosura...



REGRAS BÁSICAS:

1. Se come e ninguém vê, a comida não tem calorias. Sem provas não há crime.

2. Se tomar um refrigerante diet junto com uma barra de chocolate, as calorias da barra de chocolate são anuladas pelo refrigerante.

3. Se comer de olhos fechados, pode engordar que nunca terá um enfarte: o que os olhos não vêem o coração não sente.

4. Ande só com gente gorda e procure engordar toda a gente à sua volta, você parecerá mais magro.

5. Comida de cinema, como pipoca, supra-sumo, amendoim e chocolate, não é considerado como comida e vai para a categoria cultura.

6. Biscoito quebrado tem menos calorias, pode comer à vontade.

7. Comida gelada, como sorvete, não pode ser considerada calórica, porque caloria é medida de calor e sorvete nunca é quente.

8. É um mito que a verdura emagrece. Elefante é herbívoro.

9. Não fique chateado se passar a vida gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso! Então, frase do dia: NÃO FAÇA MAIS DIETA!

10. Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA! Você tem pneus? Lógico, qualquer avião tem!