Era filho de José Mariano Carneiro da Cunha, herói pernambucano da Abolição e da República, e de Olegária Carneiro da Cunha.
Foi inspetor do ensino secundário e censor de teatro. Foi representante do Brasil, em 1918, na Missão Melo Franco, como secretário de embaixada na Bolívia. Foi deputado à Assembléia Constituinte de 1934.
Em 1937, ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados, depois foi ministro plenipotenciário nos Centenários de Portugal, em 1940; delegado da Academia Brasileira na Conferência Interacadêmica de Lisboa para o Acordo Ortográfico de 1945; embaixador do Brasil em Portugal em 1953 e 1954. Exerceu o cargo de oficial do 4o Ofício de Registro de Imóveis, no Rio de Janeiro, tendo sido antes tabelião de notas.
Em 1938, em concurso promovido pela revista Fon-Fon, foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac, o primeiro a obtê-lo. Nas revistas Careta e Para Todos, escrevia sob o pseudônimo de João da Avenida, uma seção de crônicas mundanas em versos humorísticos. Ficou conhecido como o poeta das cigarras, por causa de um de seus temas prediletos.
Deixou uma vasta obra.
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A Canção da Saudade
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Que tarde imensa e fria!
Lá fora o vento rodopia...
Dança de folhas...
Folhas, sonhos vãos,
que passam, nesta dança transitória,
deixando em nós, no fundo da memória,
o olhar de uns olhos e a carícia de umas mãos.
Ante a moldura de um retrato antigo,
põe-se a gente a evocar coisas emocionais.
Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma se aperta,
tudo deserto... a vide em torno tão deserta
que vontade nos vem de sofrer mais!
Depois, há sempre um cofre e desse cofre
tiramos velhas cartas, devagar...
É a volúpia inervante de quem sofre:
ler velhas cartas e depois chorar.
Que tarde imensa e fria!
Nunca mais te verei...
Nunca mais me verás...
Lá fora o vento rodopia...
Que desejo me vem de sofrer mais!
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