domingo, 31 de agosto de 2008

Apostamos?

Finalmente, finalmente acabaram as férias em que parecia nada acontecer com doméstico interesse político excepto o ensurdecedor silêncio de Manuela Ferreira Leite.
Nas primeiras semanas, reputados analistas, jornalistas estagiários e dedicados militantes dedicaram-se (não, não se trata de uma redundância. Antes de manifesta dedicação ao culto do silêncio) enaltecendo a virtude da contenção verbal.
Em surdina e nas entrelinhas, argumentavam com a nefasta verborreia do seu antecessor ao leme do partido, para justificarem o régio silêncio da nova líder. E mais: o seu currículo era garantia absoluta de vitória eleitoral.
Bastaria à senhora candidata mostrar pergaminhos ministeriais na ponta final da próxima campanha eleitoral, para vencer as legislativas e ser eleita para o cargo que o actual inquilino de Belém ocupava quando lhe confiou as pastas da educação e das finanças. Com o resultado que a memória já apagou…
Eram favas contadas.
Os mais esclarecidos foram explicando que “o silêncio tem voz” e, os outros, continuaram acreditando que “no segredo está a alma do negócio”.
O que ainda não perceberam foi a razão porque os “barões” do partido lhes venderam tão silenciosa “oposicionista”.
O que ainda não perceberam é que este governo serve melhor os seus interesses do que uma eventual alternância com os mesmos objectivos. Garantidos pela tal “cooperação institucional” entre Belém e São Bento. Que tão bem tem funcionado ao serviço dos interesses representados pelos "barões" que, há trinta anos, nos governam.
O que ainda não perceberam é que Manuela Ferreira Leite não passa do “Joker” no baralho que Cavaco Silva tem na mão e José Sócrates distribui.
Apostamos?

Álvaro Fernandes
31 de Agosto, 2008

Ah! leão!

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In DN

PSD...Menezes, Manela e o Fiat 600...

Luís Filipe Menezes voltou a criticar a líder do PSD, referindo que a diferença entre a sua liderança e a de Ferreira Leite é a mesma de um Ferrari para um Fiat 600...
Não será que desta vez o Chorão terá uma "Pontinha de Razão"???....

sábado, 30 de agosto de 2008

TIREM-ME DAQUI!...

Acabaram as férias...


os políticos voltam ao circo

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Havemos de lá voltar



Regressei sem me perder

com o novo GPS alentejano


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A Escola face à barbárie consumista

«a questão escolar não pode ser pensada independentemente da própria organização da nossa sociedade»

«ousar interrogar se a educação na democracia e o todo-poderoso mercado são coisas compatíveis.»

Em França os debates sobre a educação são frequentemente reduzidos à escola. A história ajuda a compreender o facto: nenhum outro país se construiu na base e sobre o seu sistema escolar mais do que o nosso. E se não restauramos a esperança numa instituição que está hoje em larga medida reduzida a uma estação de triagem, devemos de qualquer forma encarar de frente o descontentamento dos jovens e a depressão que atinge os professores. Mesmo quando o fatalismo triunfa e o desencorajamento entre os professores alastra, precisamente naqueles que encarnam o futuro. Há muito, com efeito, para nos inquietarmos…

Não estamos tranquilos, de maneira alguma. Os sintomas estão aí e não param de se manifestar: inquietações sobre a descida do nível de exigências, interrogações sobre a autoridade, polémicas sobre as responsabilidades recíprocas dos professores e dos pais, estupefacção perante os actos de violência que escapam a qualquer entendimento. Mas a verdade é que a questão escolar não pode ser pensada independentemente da própria organização da nossa sociedade e mais concretamente do estatuto que a sociedade confere à infância.

Defrontamo-nos com um fenómeno completamente inédito: o capricho, ( «caprice»), que não era senão uma etapa do desenvolvimento individual da criança, tornou-se o princípio organizador do nosso desenvolvimento colectivo. Sabíamos que a criança atravessava sempre por uma fase marcada pelo «posso, quero, e mando» e que se julgava poder mandar no mundo. Quer se designasse por narcisismo inicial ou por egocentrismo infantil o certo é que o fenómeno estava lá: a criança, apanhada pelos seus desejos, que ainda não sabe nomear, nem inscrever na relação que mantém com outrem, é tentada a levá-los à prática. O educador terá que o acompanhar, ensiná-lo a não reagir de imediato pela violência ou por uma fuga para diante, de forma a ganhar tempo para o interpelar, antecipando-se para o levar a reflectir e a metabolizar as suas pulsões, enfim, a construir a sua vontade. No fundo, trata-se de uma questão de pedagogia.

Não se sai da infância sozinho: há necessidade de se inscrever nas configurações sociais que dão sentido à espera e que permitem entrever nas inevitáveis frustrações as promessas de satisfações futuras. Questão nunca resolvida: a infância molda-nos na maturidade e a tentação é grande, em qualquer idade da vida, para abolir a alteridade e instalarmo-nos no trono da tirania.

Hoje a máquina social, toda ela, em vez de fornecer pontos de apoio à criança para se afastar da infantilidade, repercute até ao infinito o princípio que ela deveria justamente saber afastar-se: «As tuas pulsões são ordens». É assim que a pulsão de comprar se torna o motor do nosso desenvolvimento económico. A publicidade curto-circuita qualquer reflexão e exalta constantemente a passagem à acção imediata. A televisão move-se mais depressa que os telespectadores para ao agarrar mais ao ecrã e impedi-los de passar a outro canal. Os telemóveis reduzem as relações humanas à gestão da injunção imediata. Parece que tudo tende a murmurar ao ouvido do adolescente: « Agora, de imediato, a qualquer preço».

Não é de espantar que nestas condições a tarefa da educação se tornou mais espinhosa: os pais conhecem bem a quantidade de energia necessária a despender para contrariar as modas, as marcas, os estereótipos impostos pelas «rádios jovens» e que são replicados pelos restantes media. Os professores constatam no quotidiano quanto é difícil construir espaços de trabalho efectivo, que permita a concentração, a formação e a afirmação de si próprio e o empenhamento numa dada tarefa. Eles vêem os seus alunos a chegar às salas de aula com um telecomando ligado ao cérebro, todo um high-tech que dinamita literalmente os rituais escolares que eles tentam construir. A preocupação principal dos professores – e que os angustia – passou a ser o que poderá baixar a tensão para poder favorecer a atenção. E o mal-estar é visível: menos no nível que baixa do que na tensão que sobe.

Face a esta deriva da infantilidade, o pensamento mágico faz figura de salvador: restaurar a autoridade, mudar os métodos de leitura e aprender as quatro operações desde os primeiros anos são apresentados como os meios capazes de salvar a escola e a república! Triunfo da prescrição tecnocrática quando o que era preciso era criar obstinadamente as situações pedagógicas em que a criança e o jovem pudessem descobrir, na acção, que o prazer do instante é mortífero e que não há desejo possível senão na construção da temporalidade.

Perante esta modernidade que produz os meios da barbárie, o pensamento totalitário avança insidiosamente. Alimenta-se do medo e desenvolve-se sempre segundo a mesma lógica: identificar, o mais cedo possível, os desvios individuais, circunscrevê-los, isolá-los, medicalizar as «perturbações», classificar e criar tipologias de forma a separar os indivíduos para os sujeitar a uma lógica de serviço controlado por gabinetes privados. Trata-se assim de fazer triunfar uma normalização soft, plebiscitada pelo individualismo liberal, quando o que era preciso era misturar os destinos, pôr a circular a palavra, permitindo os sujeitos dedicarem-se a projectos improváveis, criar ocasiões e implicá-los na produção do colectivo.

Como a crise da escola não suscita os questionamentos fundamentais acaba-se sempre por se adoptar medidas técnicas limitadas. Trata-se, acima de tudo, da crise da educação que importa tratar colocando as questões que durante muito tempo ficaram escondidas: vamos continuar a considerar a criança como um mandante de compras, torná-los cativos da publicidade? Não será necessário levar mais a sério os media – em especial, o audiovisual – fazendo ver que a sua liberdade de expressão exerce-se numa democracia em simultâneo com o dever de educação? Não será preciso repensar a gestão de tempo da infância, aligeirando, pelo menos, parcialmente, a pressão avaliativa? Não será altura de relançar a educação popular para fazer face ao frenesim consumista em matéria de lazer e cultura? Não será indispensável apoiar a parentalidade, e tornar isso uma prioridade política, deixando de ver os pais em dificuldades como pouco menos que delinquentes ou doentes mentais?

Certamente que a escola terá um lugar nestes dispositivos: interrogando-se sobre a maneira de lutar contra as coagulações dos alunos que têm «aulas…, estruturando grupos de trabalho exigentes em que cada um tenha um lugar e não seja tentado a ocupar todo o espaço…, e articulando uma pedagogia da descoberta, que dá sentido aos saberes, com uma pedagogia do rigo qure permita a sua apropriação, desenvolvendo uma verdadeira educação artística, física e desportiva que ajuda cada qual a passar da gesticulação ao gesto…, vectorizando o tempo escolar por uma «pedagogia de obra-prima» de forma a que cada um possa inscrever-se num projecto e deixe de exigir tudo, de imediato, e a qualquer momento.

Todos os níveis da escola e todas as disciplinas escolares podem e devem implicar-se nesta empresa. Tal como todos os actores sociais. Imaginando e aplicando projectos educativos capazes de ser um contrapeso ao capricho globalizado. Mas ousando interrogar também, se a educação na democracia e o todo-poderoso mercado são coisas compatíveis. E quais as alternativas que podemos inventar para sair do impasse.
Texto de Philippe Meirieu
http://pimentanegra.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A ideologia dos senhores do mundo

Os Senhores do Mundo têm em comum valores e princípios fundamentais que são o cimento ou base de sua unidade, o seu denominador comum. A adesão a estes princípios é obrigatória para ser admitido no Círculo dos Senhores do Mundo e de suas organizações (FMI, etc).

Os princípios-chaves dos Senhores do Mundo

1 - Os fins justificam os meios.

2 - O forte deve dominar o fraco. O forte foi concebido para ser um predador, e o fraco para ser a presa.

3 - A eliminação dos fracos é conforme o pincípio da seleção natural (cf. Darwin).

4 - A vida de todos os indivíduos não tem o mesmo valor. Os que têm um valor negativo podem ser eliminados, conforme o interesse superior do conjunto.

5 - O mundo deve ser governado por uma elite.

Os Predadores (citação do livro "Os Novos Senhores do Mundo" de Jean Ziegler) 

No coração do mercado globalizado, o predador ( banqueiro, o resposável de uma sociedade transnacional, operador do comércio mundial) acumula dinheiro, destrói o estado, destrói a natureza e os seres humanos, e, mediante a corrupção conquistam os agentes apodrecidos que deveriam assegurar os serviços junto aos povos que ele domina.

Para os fortes, e também para os fracos que sonham em alcançá-los, a felicidade reside no solitário desfrute de uma riqueza obtida no esmagamento do próximo, mediante a manipulação da bolsa, da fusão e concentração de empresas sempre cada vez mais gigantescas e da acumulação acelerada de qualquer origem. Última invenção da cupidez empresarial: patentear seres vivos (humanos, vegetais...).

A racionalidade mercantil devasta as consciências, aliena o homem e distrai a multidão de seu próprio destino, que deveria ser livremente debatido, democraticamente escolhido. A lógica da mercadoria asfixia a liberdade irredutível, imprevisível do indivíduo. O ser humano é reduzido à sua pura funcionalidade no mercado.
http://pimentanegra.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Corrupção...O "Estado cá do Sitio"...

Crimes: Em seis meses foram abertos 235 processos por corrupção
Disparam casos de dinheiro sujo
.
Os inquéritos à lavagem de dinheiro sujo e à corrupção evidenciam uma tendência de crescimento imparável em Portugal. Só no primeiro semestre deste ano o crime de branqueamento de capitais foi alvo da abertura de 33 inquéritos, um aumento de quatro por cento face a igual período de 2007.
Entre Janeiro e Junho deste ano, a corrupção conta com a abertura de 235 investigações, número que representa 52 por cento do total em 2007.
Os dados da Procuradoria-Geral da República (PGR), a que o CM teve acesso, são elucidativos: nos primeiros seis meses de 2008, o crime de branqueamento de capitais foi alvo de 33 inquéritos, um aumento de quatro por cento face aos 26 registados em igual período de 2007, e as acções de prevenção deste crime económico ascenderam a 434, número que já representa 40 por cento das 1067 acções de prevenção aplicadas no total do ano passado.
Em causa estão, por exemplo, casos de lavagem de dinheiro do tráfico de droga e venda de armas.
O aumento dos processos de investigação resulta, desde logo, da maior sensibilidade dos bancos para este tipo de crime económico. João Salgueiro, presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), já disse que 'há mais preocupação por causa do terrorismo e mais cuidado com os pormenores'.
A corrupção está também a revelar um crescimento preocupante: no total de 2007 foram abertos 452 inquéritos, mas, no primeiro semestre de 2008, já há mais 235 novos processos em investigação.
'OPERAÇÃO FURACÃO' EM RISCO
A ‘Operação Furacão’, a maior investigação sobre branqueamento de capitais e evasão fiscal em Portugal, enfrenta o risco de ficar bloqueada por causa de um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa. Ao levantar o segredo de justiça a este caso, aquele Tribunal permitiu que os arguidos possam aceder ao processo, o que ameaça o trabalho dos investigadores.
O procurador-geral da República já deixou claro que 'isto é um caso de grande gravidade'. Pinto Monteiro criticou mesmo o poder político: 'Quando o Código do Processo Penal foi feito deviam ter previsto os casos de grande complexidade, que não estão previstos.' Por isso, avisou que outros 'crimes económicos vão ficar por investigar.'
E deixou uma pergunta: 'Quem é que vai assumir responsabilidades?'
in CM

A escola como instrumento de controlo e coerção

O que se espera das escolas, é que sejam instituições dedicadas à doutrinação e à imposição de obediência. Longe de criarem pensadores independentes, ao longo da história as escolas sempre tiveram um papel institucional num sistema de controle e coerção. E, uma vez convenientemente educado, o indivíduo foi socializado de um modo que dá suporte à estrutura de poder que, por seu lado, o recompensa generosamente.
Vejamos o exemplo das Faculdades de Ciências. Aí os estudantes não se limitam a aprender matemática. Aprendem também o que é esperado de um graduado no que diz respeito ao seu comportamento e ao tipo de perguntas que nunca se devem fazer. Aprendem as subtilezas das recepções, as formas de se vestir mais adequadas e como falar com sotaque…E isto independente de haver instituições mais ou menos fechadas…Mas estão sempre subjugadas a um papel institucional de evitar uma boa parte da verdade acerca do mundo e da sociedade.
Como não ensinam a verdade sobre o mundo, as escolas têm que martelar na cabeça dos estudantes até lhes impingir a propaganda sobre a democracia. Se as escolas fossem realmente democráticas, não seria necessário bombardear os estudantes com banalidades acerca da democracia. Estes agiriam e comportar-se-iam de uma forma simplesmente democrática, e nós sabemos que isso não acontece. Habitualmente, quanto maior é a necessidade de falar sobre os ideais da democracia, menos democrático é o sistema.
A doutrinação é necessária porque as escolas são, de um modo geral, concebidas para apoiar os interesses do segmento dominante da sociedade, das pessoas detentoras da riqueza e do poder. Numa fase inicial da educação, as pessoas são socializadas de modo a compreenderem a necessidade de apoiar a estrutura do poder, com as corporações em primeiro plano – a classe empresarial. A lição aprendida na socialização através da educação é que se não se apoiar os interesses dos detentores da riqueza e do poder, não se sobrevive por muito tempo. É-se excluído do sistema ou marginalizado. E as escolas são bem sucedidas na "doutrinação da juventude" ao operarem num enquadramento propagandístico que consegue distorcer ou reprimir ideias e informações indesejáveis.
A pretensão da objectividade enquanto meio de distorção e desinformação a serviço do sistema doutrinal deve ser firmemente condenada. Essa atitude intelectual é muito mais facilmente mantida nas ciências sociais, porque os constrangimentos impostos aos investigadores pelo mundo exterior são muito mais fracos.
A compreensão é muito mais superficial e os problemas a analisar são muito mais obscuros e complexos. O resultado é que é muito mais fácil ignorar simplesmente coisas que não se quer ouvir. Existe uma diferença marcada entre as ciências naturais e as ciências sociais.
Nas ciências naturais, os factos da natureza não deixam o investigador ignorar com tanta facilidade coisas que entrem em conflito com crenças favorecidas e é mais difícil perpetuar erros. Uma vez que nas ciências naturais as experiências são replicadas, é mais fácil expor os erros. Existe uma disciplina interna que orienta as diligências intelectuais. Ainda assim, não existe uma garantia clara de que mesmo a mais séria pesquisa conduza à verdade.
Regressemos ao ponto inicial: as escolas evitam verdades importantes. É da responsabilidade intelectual dos professores – e de qualquer indivíduo honesto – procurar dizer a verdade. Isto não é, certamente, controverso. É um imperativo moral procurar e dizer a verdade, na medida das possibilidades, acerca de coisas relevantes, ao público certo. É uma perda de tempo dizer a verdade ao poder, no sentido literal das palavras, e o esforço de o fazer pode frequentemente ser uma forma de auto-complacência. Se e quando as pessoas que exercem o poder nas respectivas funções institucionais se dissociam do ambiente institucional e se tornam seres humanos, agentes morais, nessa altura podem juntar-se ao resto das pessoas. Mas não vale a pena dialogar com eles no seu papel de indivíduos detentores de poder. É um desperdício de tempo. Vale tanto a pena dizer a verdade ao poder quanto ao pior e mais criminoso dos tiranos, que também será um ser humano, independentemente de quão terríveis sejam as suas acções. Dizer a verdade ao poder não é uma vocação particularmente honrosa.
Deve-se procurar um público que interesse. Para os professores, esse público são os estudantes. Estes não devem ser vistos como uma mera audiência, mas como fazendo parte de uma comunidade de interesse partilhado, na qual esperamos poder participar de um modo construtivo. Não devemos falar para, mas com. Isso é algo que já se tornou uma segunda natureza em qualquer bom professor, e também o deveria ser em qualquer escritor ou intelectual. Um bom professor sabe que a melhor maneira de ajudar os alunos a aprender é deixá-los descobrir a verdade por eles próprios. Os estudantes não aprendem por mera transferência de conhecimento através da memorização mecânica e posterior regurgitação.
O verdadeiro conhecimento vem através da descoberta da verdade e não através da imposição de uma verdade oficial. Isso nunca conduz ao desenvolvimento do pensamento crítico e independente. Todos os professores têm a obrigação de ajudar os estudantes a descobrir a verdade e não suprimir informação e conhecimentos que possam ser embaraçosos para as pessoas ricas e poderosas que criam, concebem e fazem as políticas das escolas.
A classe instruída tem sido denominada uma classe especializada, um pequeno grupo de pessoas que analisam, executam, tomam decisões e gerem as coisas nos sistemas político, económico e ideológico. A classe especializada é geralmente composta por uma pequena percentagem da população; eles têm de ser protegidos do grosso da população, a quem já chamaram de rebanho desnorteado. Esta classe especializada leva a cabo as funções executivas, o que significa que são eles que pensam, planejam e percebem os interesses comuns, que para eles são os interesses da classe empresarial. A grande maioria das pessoas, o rebanho desnorteado, devem funcionar na nossa democracia como espectadores, não como participantes na acção, de acordo com as crenças liberais democráticas. Na nossa democracia, de vez em quando é permitido aos membros do rebanho desnorteado participar na aprovação de um líder através daquilo a que chamamos eleição. Mas, uma vez confirmado um ou outro membro da classe especializada, devem retirar-se e voltar a ser espectadores.
Quando o rebanho desnorteado tenta ser mais do que simples espectadores, quando as pessoas tentam tomar-se participantes nas acções democráticas, a classe especializada reage àquilo que chama crise de democracia. E por isso que existiu tanto ódio entre as elites dos anos 1960, quando grupos de pessoas que historicamente sempre foram marginalizadas se começaram a organizar e a interferir com as políticas da classe especializada.
Uma das formas de controlar o rebanho desnorteado é seguir a concepção das escolas enquanto instituições responsáveis pela doutrinação dos jovens. Os membros do rebanho desnorteado devem ser profundamente doutrinados nos valores e interesses corporativos privados e controlados pelo Estado. Aqueles que são bem sucedidos em instruir-se nos valores da ideologia dominante e que provam a sua lealdade ao sistema doutrinal podem tornar-se parte da classe especializada. O resto do rebanho desnorteado deve ser mantido na linha, longe de problemas e mantendo-se sempre, quando muito, espectadores da acção e distraídos das verdadeiras questões que interessam. A classe instruída considera-os demasiado estúpidos para gerirem os seus próprios assuntos, e por isso precisam da classe especializada para se assegurarem de que não terão a oportunidade de agir com base nos seus equívocos. Para proteger o rebanho desnorteado de si próprio e dos seus equívocos, numa sociedade aberta a classe especializada precisa de se virar cada vez mais para a técnica da propaganda, para a qual se usa o eufemismo relações públicas. Por outro lado, em estados totalitários o rebanho desnorteado é mantido no lugar por um martelo que paira sobre as suas cabeças, e se alguém se desvia, tem a sua cabeça esmagada. Uma sociedade democrática não se pode apoiar na força bruta para controlar a população. Por isso, é preciso confiar mais na propaganda como forma de controlar a mente pública. A classe instruída toma-se indispensável na diligência de controlo da mente e as escolas têm um papel importante neste processo.
Aquilo que se chama de auto censura começa em muito tenra idade, através de um processo de socialização que é também uma forma de doutrinação que funciona contra o pensamento independente, em favor da obediência. As escolas funcionam como um mecanismo para essa socialização. O objectivo é evitar que as pessoas façam as perguntas que interessam acerca de questões importantes que as afectam directamente, a elas e a outros. Nas escolas não se aprendem apenas conteúdos. Como já mencionei, se quiser tornar-se um professor de matemática, não basta aprender muita matemática.
Adicionalmente é preciso aprender como se comportar, como se vestir de um modo apropriado, que tipos de questões podem ser levantadas, como encaixar ou seja, como se adaptar, etc. Se mostrar demasiada independência e questionar o código da sua profissão com demasiada frequência, o mais provável é ser excluído do sistema de privilégios.
Assim, rapidamente aprende que, para ter êxito, tem que servir os interesses do sistema doutrinal. Tem que ficar calado e instilar nos seus estudantes as crenças e doutrinas que servirão os interesses daqueles que detêm o verdadeiro poder. A classe empresarial e os seus interesses privados são representados pelo elo estado - empresa. Mas as escolas estão longe de ser o único instrumento de doutrinação. Outras instituições se conjugam para reforçar o processo de doutrinação. Vejamos aquilo que nos impingem pela televisão.
Pedem-nos para assistirmos a um conjunto de programas vazios, concebidos como entretenimento, mas desenhados para desviar a atenção das pessoas dos seus verdadeiros problemas ou de identificarem as fontes dos seus problemas. Assim, esses programas vazios socializam o espectador, para que se torne num consumidor passivo. Uma das formas de gerir uma vida frustrada é comprar cada vez mais coisas. Os programas exploram as necessidades emocionais das pessoas e mantêm-nas desligadas das necessidades dos outros. A medida que os espaços públicos se desintegram, as escolas e os poucos espaços públicos que restam trabalham para tornar as pessoas boas consumidoras.
Esta forma vazia de entretenimento encoraja as pessoas a submeterem-se e deixarem-se guiar essencialmente pela emoção e pelo impulso. O impulso é consumir mais, ser um bom consumidor. Nesse sentido, os meios de comunicação social, as escolas e a cultura popular dividem-se entre aqueles que possuem racionalidade, e são os que planejam e tomam as decisões na sociedade, e o resto das pessoas. E para terem sucesso, aqueles que possuem racionalidade e se juntam à classe especializada têm que criar ilusões necessárias e maniqueísmos emocionalmente potentes, de acordo com as palavras de alguns, para proteger o rebanho desnorteado da importunação da complexidade dos problemas reais, que de qualquer modo não conseguiriam resolver.
O objectivo é manter as pessoas isoladas das verdadeiras questões e umas das outras. Qualquer tentativa de organizar ou estabelecer ligações com o colectivo tem de ser esmagada. Tal como nos estados totalitários, a censura é muito real nas sociedades abertas, apesar de assumir formas diferentes. Perguntas que são ofensivas ou embaraçosas para o sistema doutrinal são interditadas. As informações inconvenientes são suprimidas. Não é preciso ir muito longe para se chegar a esta conclusão, basta analisar de uma forma honesta aquilo que é noticiado nos meios de comunicação social e aquilo que é deixado de fora; tentar entender honestamente qual a informação permitida nas escolas e qual a proibida. Qualquer pessoa com uma inteligência média consegue perceber como os meios de comunicação social manipulam e censuram a informação que consideram inconveniente. Pode dar algum trabalho descobrir as distorções e a ocultação da informação. Mas a única coisa que é preciso é o desejo de conhecer a verdade.
Para isso basta a vontade de utilizar a mesma inteligência e bom senso que utilizam ao analisar e dissecar as atrocidades cometidas pelos outros potenciais inimigos. Se as escolas estivessem ao serviço do público em geral, estariam fornecendo às pessoas técnicas de auto-defesa, mas isso significaria ensinar a verdade acerca do mundo e da sociedade. Iriam dedicar-se com mais energia e aplicação exactamente ao tipo de coisas que estamos discutindo, de modo que as pessoas que cresceram numa sociedade aberta e democrática desenvolveriam técnicas de auto-defesa, não só contra o aparelho propagandístico das sociedades totalitárias controladas pelo Estado, mas também contra o sistema privatizado de propaganda, que inclui as escolas, os meios de comunicação social, a imprensa que determina o que está na ordem do dia e as revistas intelectuais, que essencialmente controlam o empreendimento educativo. Aqueles que exercem o controle sobre o aparelho educativo deveriam ser referidos como uma classe de comissários. Comissários são os intelectuais que trabalham em primeira linha para a reprodução, legitimação e manutenção da ordem social dominante, da qual colhem benefícios. Os verdadeiros intelectuais têm a obrigação de buscar e dizer a verdade acerca de coisas que são importantes, coisas significativas.
Qualquer escola que tenha de impor o ensino da democracia já é suspeita. Quanto menos democrática é uma escola, mais necessidade tem de ensinar ideias democráticas. Se as escolas fossem realmente democráticas, no sentido de oferecerem às crianças as oportunidades de terem a experiência da democracia na prática, não sentiriam a necessidade de as doutrinar com lugares-comuns sobre a democracia. O verdadeiro ensino democrático não gira em torno da instilação do patriotismo ou da memorização mecânica dos ideais da democracia. Nós sabemos que os estudantes não aprendem dessa maneira. A verdadeira aprendizagem ocorre quando os estudantes são convidados a descobrir por eles próprios a natureza da democracia e o seu funcionamento.
A melhor maneira de descobrir como funciona uma democracia funcional é praticá-la.
Uma boa medida do funcionamento de uma democracia nas escolas e na sociedade é o grau de aproximação entre a teoria e a realidade, e é sabido que tanto nas escolas como na sociedade existe um grande abismo entre as duas.
Em teoria, numa democracia todos os indivíduos podem participar em decisões que têm a ver com as suas vidas, determinando como são obtidos e utilizados os recursos públicos, que política externa a sociedade deveria seguir e assim por diante. Um teste simples mostrará o abismo entre a teoria, que diz que todos os indivíduos podem participar nas decisões que envolvem as suas vidas, e a prática, em que o poder concentrado pelo governo funciona como um limitador da capacidade dos indivíduos e grupos de gerirem os seus próprios assuntos ou, por exemplo, de determinarem a forma da política externa que querem adoptar.
As histórias oficiais raramente transmitem uma imagem exacta do que está a acontecer. As histórias oficiais também não criarão as estruturas para desvendar a verdade. Uma educação que busca um mundo democrático deveria fornecer aos estudantes as ferramentas críticas para fazer as ligações que desvendariam as mentiras e os enganos. Em vez de doutrinar os estudantes com mitos democráticos, as escolas deveriam envolvê-los na prática da democracia.
O mito de que vivemos numa sociedade sem classes é uma farsa, mas um em que a maioria das pessoas acredita. O próprio discurso académico aponta para a ausência de consciência de classe. Apesar de nos meios de comunicação social se encontrar o termo classe trabalhadora e também classe média nunca se vê mencionada uma classe dominante ou classe alta. As escolas sempre estiveram ao serviço da manutenção deste mito.
http://www.resistir.info/varios/chomsky_educacao.html

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Razão Socrática

A diferença entre o Sócrates dos gregos e o nosso Sócrates está no método: o primeiro achava que ia chegar à verdade debatendo com os outros. O segundo não acha nada. Nem debate.

http://www.razao-tem-sempre-cliente.blogspot.com/

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jogos Olimpicos...Nem tudo foram espinhos...

Pobrezinhos mas olímpicos
.
A final, a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos não é o fracasso de que se fala e não havia razão para Vicente de Moura se ter demitido. A crer na RTP, parece que "os fatos de banho [da "Speedo"] que levaram Michael Phelps a ganhar oito medalhas de ouro são fabricados em Portugal" e que "a empresa de Paços de Ferreira já recebeu o agradecimento de Phelps".
Assim, feitas as contas, do mesmo modo que a medalha de prata de Vanessa Fernandes foi, como declarou à mesma RTP o pai Venceslau, "uma grande vitória para Perosinho", pelo menos uma das oito medalhas de ouro de Phelps é nossa e constitui uma grande vitória para Paços de Ferreira.
Quando a comunicação social portuguesa descobrir que o francês Alain Bernard, medalha de ouro nos 100 metros livres, tem uma "femme de ménage" de Trancoso, e que o jamaicano Usain Bolt é tetraneto de escravos de Angola quando Angola era Portugal, e que a ucraniana Nataliia Dobrynska, medalha ouro no heptatlo, tem um primo imigrado a trabalhar nas obras em Santarém, o orgulho nacional respirará fundo e levantar-se-á hoje de novo o esplendor de Portugal.
in JN

A Internet não substitui as Bibliotecas

NEM TUDO ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET

Com mais de um bilião de páginas WEB, nunca o diríamos pela simples observação. No entanto, muito poucos materiais com conteúdo certificado estão disponíveis na Internet em acesso livre. Por exemplo, apenas 8% dos jornais científicos estão online e quanto aos livros a percentagem ainda é menor. Ainda assim quando estão acessíveis o seu acesso não é gratuito (ao contrário das bibliotecas). Se quisermos aceder ao Journal of Biochemistry, Physics Today, Journal of American History, temos de pagar e não é pouco.

A agulha (a sua pesquisa) num palheiro (a Web)

«A Internet é como uma extensa biblioteca por catalogar. Se utilizarmos o Hotbot, o Lycos, o Dogpile, o INFOSEEK, ou qualquer outro motor de busca ou de meta dados não estamos, na verdade, a pesquisar a Internet inteira. Os motores de busca prometem frequentemente pesquisar e recuperar tudo mas na verdade não o fazem. Por outro lado, o que pesquisam não tem em conta actualizações diárias, semanais, ou ainda mensais, independentemente do que anunciam. Se um bibliotecário disser: «aqui estão 10 artigos sobre nativos americanos, temos mais 40 mas para já não o deixamos ver. Vamos esperar que encontre noutra biblioteca», nós mandamo-lo àquela parte. Na Internet isto acontece com frequência e ninguém se importa».

Não existe controlo de qualidade

Sim, precisamos da Internet, mas para além de toda informação científica, médica e histórica, a Net é também um poço cheio de lixo. Quando os jovens cibernautas não se estão a dedicar à educação sexual através de sites XXX [que por sinal acho muito bem!], estão provavelmente a aprender política através da freeman Web page, ou a bondade das relações inter-étnicas através do site do Ku Klux Klan, ou pior ainda, Biblioteconomia avançada através do Bibliotecário Anarquista. Não existe, portanto, controlo de qualidade na Internet e não parece que alguma vez venha a existir. Ao contrário das bibliotecas onde a imprensa cor-de-rosa não entra ou entra raramente, a vaidade e o ego são muitas vezes o fio condutor da Net [e este weblogue é disso um exemplo flagrante] onde qualquer tolo pode pôr online qualquer espécie de dejecto tóxico sem o menor problema.


Aquilo que ficamos sem saber pode ser fatal

«Uma das grandes conquistas dos leitores nas bibliotecas tem sido o acesso online aos jornais eletrónicos. Contudo os magníficos sites que disponibilizam os textos completos, nem sempre o fazem de forma “completa”. E aquilo que ficamos sem saber pode ser fatal.
Assim:
- Os artigos nestes sites são muitas vezes incompletos e entre outras lacunas não costumam apresentar “notas de rodapé”.
- Tabelas, gráficos e fórmulas também não costumam surgir de forma legível;
- Os títulos dos jornais online mudam muitas vezes sem qualquer espécie de aviso;
- Uma biblioteca pode começar com x títulos em Setembro e acabar com Y títulos em Maio. O problema é que esses títulos não são os mesmos que o pacote Setembro-Maio.
- Embora a biblioteca possa ter pago 100.000$ pela assinatura anual, raramente é notificada ou informada sobre qualquer mudança.
Não trocaria o acesso a jornais electrónicos por nada neste mundo, contudo a sua utilização deve ser bem medida, ajuizada e planeada, não se devendo conferir de imediato uma confiança total, completa e exclusiva».

Pode o Estado comprar apenas um e-book e distribui-lo por todas as bibliotecas universitárias?

Sim, e nós podemos também ter apenas uma escola secundária nacional, uma universidade nacional, e um pequeno número de professores universitários, que irão ensinar toda gente pela Internet. (…)
Desde 1970 cerca de 50.000 títulos académicos foram publicados anualmente. Dos cerca de 1,5 milhões de títulos publicados desde então apenas alguns milhares estão disponíveis. Dos títulos publicados antes de 1925 (títulos que muito provavelmente já caíram no domínio público) apenas 20.000 estão disponíveis. Por quê? Se não existem nenhumas restrições de copyright que façam os preços elevar-se. Por último, os vendedores que fornecem os e-books permitem apenas a existência de uma cópia por biblioteca. Se o leitor x está a ler o e-book, o leitor y tem de esperar que o x o “devolva” para aceder ao seu conteúdo…

Ei amigo! Já te esqueceste dos leitores de e-books?...

“A maioria de nós já se esqueceu do que foi dito em tempos sobre o microfilme («vamos reduzir as bibliotecas para o tamanho duma caixa de sapatos») ou quando a televisão educativa foi inventada («no futuro vão ser necessários poucos professores»). Tente obrigar um leitor a utilizar um e-book mais de meia hora. Dores de cabeça e fadiga visual serão provavelmente os melhores resultados que conseguirá. Além disso se tiver de ler mais de duas páginas o leitor irá certamente imprimir o texto…”

Fonte: http://www.ala.org/ala/alonline/selectedarticles/10reasonswhy.htm
http://bibliotecarioanarquista.blogspot.com/

Faz hoje um ano


Eduardo Prado Coelho (Lisboa, 29 de Março de 1944Lisboa, 25 de Agosto de 2007[1]) foi um escritor e professor universitário português.

Filho de Jacinto do Prado Coelho (professor catedrático da Universidade de Lisboa), licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em 1983, com a tese a que deu o título de A Noção de Paradigma nos Estudos Literários, e foi assistente entre 1970 e 1983. Em 1984, passou para a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde foi professor associado no Departamento de Ciências da Comunicação.

Em 1975-76, foi Director-Geral de Acção Cultural no Ministério da Cultura, criado com a Revolução de Abril. Em 1988, foi para Paris ensinar no Departamento de Estudos Ibéricos da Universidade de Sorbonne - Paris III. Entre 1989 e 1998 foi conselheiro-cultural na Embaixada de Portugal em Paris. Foi Comissário para a Literatura e o Teatro da Europália Portuguesa (em 1990). Colaborou na área de colóquios na "Lisboa Capital Europeia da Cultura 94". Em 1997, tornou-se director do Instituto Camões em Paris.

Regressou a Portugal em Outubro de 1998, tendo voltado a ser professor na Universidade Nova de Lisboa. Foi o comissário da participação portuguesa no "Salon du Livre/2000".

Teve ampla colaboração em jornais e revistas e publicou uma crónica semanal no jornal Público até à data da sua morte. Foi autor de ampla bibliografia universitária e ensaística, em que se destacam um longo estudo de teoria literária (Os Universos da Crítica), vários livros de ensaios (O Reino Flutuante, A palavra sobre a palavra, A letra litoral, A mecânica dos fluidos, A noite do mundo) e dois volumes de um diário (Tudo o que não escrevi). Em 1996, recebeu o Grande Prémio de Literatura Autobiográfica da Associação Portuguesa de Escritores e, em 2004, o Grande Prémio de Crónica João Carreira Bom.

Foi membro do Conselho Directivo do Centro Cultural de Belém, ex-membro do Conselho Superior do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM), ex-membro do Conselho de Opinião da Radiodifusão Portuguesa e ex-membro do Conselho de Opinião da Radiotelevisão Portuguesa.

Publicou nos seus últimos anos de vida Diálogos sobre a fé (com D. José Policarpo) e Dia Por Ama (com Ana Calhau), sendo Nacional e Transmissível (Guerra e Paz, 1ªedição 2006) o seu último livro editado.

Faleceu a 25 de Agosto de 2007 em Lisboa, como consequência de problemas cardíacos. [1]

Prémios

Foi premiado, em 2004, com o Prémio Arco-íris, da Associação ILGA Portugal, pelo seu contributo na luta contra a discriminação e homofobia.

Ligações externas

Referências

  1. 1,0 1,1 Jornal Público. Morreu Eduardo Prado Coelho.
Wikiquote
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Eduardo Prado Coelho.

domingo, 24 de agosto de 2008

Terminaram os jogos


Quadro final de medalhas dos Jogos Olímpicos de Pequim (ordenadas pelas medalhas de ouro conquistadas):

01 - China, 51 ouro/22 prata/28 bronze, 100 no total
02 - Estados Unidos, 36 ouro/38 prata/36 bronze, 110
03 - Rússia, 23 ouro/21 prata/28 bronze, 72
04 - Grã-Bretanha, 19 ouro/13 prata/15 bronze, 47
o5 - Alemanha, 16 ouro/10 prata/15 bronze, 41
06 - Austrália, 14 ouro/15 prata/17 bronze, 46
07 - Coreia do Sul, 13 ouro/10 prata/8 bronze, 31
08 - Japão, 9 ouro/6 prata/10 bronze, 25
09 - Itália, 8 ouro/10 prata /10 bronze, 28
10 - França, 7 ouro/16 prata/17 bronze, 40
11 - Ucrânia, 7 ouro/5 prata/15 bronze, 27
12 - Holanda, 7 ouro/5 prata/4 bronze, 16
13 - Jamaica, 6 ouro/3 prata/2 bronze, 11
14 - Espanha, 5 ouro/10 prata/3 bronze, 18
15 - Quénia, 5 ouro/5 prata/4 bronze, 14
16 - Bielorrússia, 4 ouro/5 prata/10 bronze, 19
17 - Roménia, 4 ouro/1 prata/3 bronze, 8
18 - Etiópia, 4 ouro/1 prata/2 bronze, 7
19 - Canadá, 3 ouro/9 prata/6 bronze, 18
20 - Polónia, 3 ouro/6 prata/1 bronze, 10
21 - Hungria, 3 ouro/5 prata/2 bronze, 10
22 - Noruega, 3 ouro/5 prata/2 bronze, 10
23 - Brasil, 3 ouro/4 prata/8 bronze, 15
24 - Rep. Checa, 3 ouro/3 prata/0 bronze, 6
25 - Eslováquia, 3 ouro/2 prata/1 bronze, 6
26 - Nova Zelândia, 3 ouro/1 prata/5 bronze, 9
27 - Geórgia, 3 ouro/0 prata/3 bronze, 6
28 - Cuba, 2 ouro/11 prata/11 bronze, 24
29 - Cazaquistão, 2 ouro/4 prata/7 bronze, 13
30 - Dinamarca, 2 ouro/2 prata/3 bronze, 7
31 - Mongólia, 2 ouro/2 prata/0 bronze, 4
32 - Tailândia, 2 ouro/2 prata/0 bronze, 4
33 - Coreia do Norte, 2 ouro/1 prata/3 bronze, 6
34 - Argentina, 2 ouro/0 prata/4 bronze, 6
35 - Suíça, 2 ouro/0 prata/4 bronze, 6
36 - México, 2 ouro/0 prata/1 bronze, 3
37 - Turquia, 1 ouro/4 prata/3 bronze, 8
38 - Zimbabué, 1 ouro/3 prata/0 bronze, 4
39 - Azerbaijão, 1 ouro/2 prata/4 bronze, 7
40 - Uzbequistão, 1 ouro/2 prata/3 bronze, 6
41 - Eslovénia, 1 ouro/2 prata/2 bronze, 5
42 - Bulgária, 1 ouro/1 prata/3 bronze, 5
43 - Indonésia, 1 ouro/1 prata/3 bronze, 5
44 - Finlândia, 1 ouro/1 prata/2 bronze, 4
45 - Letónia, 1 ouro/1 prata/1 bronze, 3
46 - Bélgica, 1 ouro/1 prata/0 bronze, 2
47 - Rep. Dominicana, 1 ouro/1 prata/0 bronze, 2
48 - Estónia, 1 ouro/1 prata/0 bronze, 2
49 - Portugal, 1 ouro/1 prata/0 bronze, 2
50 - Índia, 1 ouro/0 prata/2 bronze, 3
51 - Irão, 1 ouro/0 prata/1 bronze, 2
52 - Bahrein, 1 ouro/0 prata/0 bronze, 1
53 - Camarões, 1 ouro/0 prata/0 bronze, 1
54 -Panamá, 1 ouro/0 prata/0 bronze, 1
55 - Tunísia, 1 ouro/0 prata/0 bronze, 1
56 - Suécia, 0 ouro/4 prata/1 bronze, 5
57 - Croácia, 0 ouro/2 prata/3 bronze, 5
58 - Lituânia, 0 ouro/2 prata/3 bronze, 5
59 - Grécia, 0 ouro/2 prata/2 bronze, 4
60 - Trindade e Tobago, 0 ouro/2 prata/0 bronze, 2
61 - Nigéria, 0 ouro/1 prata/3 bronze, 4
62 - Áustria, 0 ouro/1 prata/2 bronze, 3
63 - Irlanda, 0 ouro/1 prata/2 bronze, 3
64 - Sérvia, 0 ouro/1 prata/2 bronze, 3
65 - Argélia, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
66 - Bahamas, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
67 - Colômbia, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
68 - Quirgistão, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
69 - Marrocos, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
70 - Tajiquistão, 0 ouro/1 prata/1 bronze, 2
71 - Chile, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
72 - Equador, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
73 - Islândia, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
74 - Malásia, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
75 - África do Sul, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
76 - Singapura, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
77 - Sudão, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
78 - Vietname, 0 ouro/1 prata/0 bronze, 1
79 - Arménia, 0 ouro/0 prata/6 bronze, 6
80 - China Formosa, 0 ouro/0 prata/4 bronze, 4
81 - Afeganistão, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
82 - Egipto, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
83 - Israel, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
84 - Moldova, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
85 - Maurícia, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
86 - Togo, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1
87 - Venezuela, 0 ouro/0 prata/1 bronze, 1

Para lá da polémica gerada em torno de expectativas frustradas, Portugal obteve a melhor classificação olímpica de sempre, conseguindo o 49º lugar com 1 medalha de ouro (Néson Évora no triplo-salto) e 1 de prata (Vanessa Fernandes no triatlo), entre os 87 países medalhados, num total de mais de duzentos concorrentes.
Da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, também o Brasil conseguiu o 23º lugar, com 3 medalhas de ouro, 4 de prata e 8 de bronze.

porque não falas, manela?

posted by Francisco Trindade @ 23:21

Aconteceu a 24 de Agosto de 79 d.C.


Corpos sepultados sob as cinzas vulcânicas

Pompéia, ou Pompeia, (em italiano Pompei) é uma comuna italiana da região da Campania, província de Nápoles, com cerca de 25 751 habitantes. Estende-se por uma área de 12 km2, tendo uma densidade populacional de 2146 hab/km2. Faz fronteira com Boscoreale, Castellammare di Stabia, Sant'Antonio Abate, Santa Maria la Carità, Scafati (SA), Torre Annunziata.

História

Pompeia foi outrora uma antiga cidade do Império Romano situada a sensivelmente 22 km da moderna Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 24 de Agosto do ano 79 d.C..

A erupção do vulcão provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade, que se manteve oculta por 1600 anos antes de ser reencontrada por acaso. Cinzas e lama moldaram os corpos das vítimas, permitindo que fossem encontradas do modo exato em que foram atingidas pela erupção do Vesúvio. Desde então, as escavações proporcionaram um sítio arqueológico extraordinário, que possibilita uma visão detalhada na vida de uma cidade dos tempos da Roma Antiga.

sábado, 23 de agosto de 2008

CONTOS DE VERÃO VI

A senhora comendadora

Não via telenovelas, estudava-as até saber descrever as fatiotas envergadas pelos actores há três episódios atrás. E ai de quem a contradissesse.
Também não perdia casamentos reais e só lamentava serem tão poucos que havia anos sem a televisão transmitir nenhum. E então para debitar nomes de infantas e idades de príncipes, nem as conservatórias do registo civil eram mais fidedignas. A sua fonte eram as reportagens profusamente ilustradas com fotos do padrinho de fraque e a madrinha com um horroroso chapéu enterrado até às orelhas, amparando cabecinhas a coroar encharcadas de água benta que as revistas de mexericos publicavam.
Nas longas noites de Inverno e após o comendador recolher aos aposentos, tardava-se ensaiando a colocação pedagógica da voz, pontuando frases com o imprescindível “percebes” reservado aos eleitos quando dão aos outros o privilégio de os escutarem.
E não perdia Verão sem uma visita ao Algarve, hospedando-se no mesmo hotel há trinta anos, onde era recebida com a fidalguia reservada aos clientes habituais, principalmente em épocas de crise como esta em que a maioria opta por férias em casa.
Preparava com zelo o guarda-roupa decorado com vistosas pulseiras e colares de fantasia, reservando para o jantar duas voltas de pérolas, arrematadas no prego por tuta e meia, mas que afagava com o deleite reservado às nobres heranças de família.
Adorava tratar a criadagem, como chamava a quem tinha o azar de satisfazer os seus caprichos, com a altivez condescendente de quem se vê obrigado a explicar com enfado a quantidade de sal na posta do senhor comendador, o tempo de cozedura dos legumes e a confecção de saladas sem cebola devido ao hálito insuportável que provocavam, enquanto polvilhava as exigências com os temíveis “percebes”.
Até ao dia em que o empregado encarregue dos mariscos, farto de ouvir chamar pelo garçon, lhe respondeu que escusava de insistir nos perceves pois já tinham acabado.

Álvaro Fernandes
23 de Agosto, 2008

A fisga


Apoio de amigo da onça

Para além de anunciar a sua candidatura às próximas autárquicas como independente, Valentim Loureiro, a braços com vários processos judiciais e a quem o PSD retirou confiança política, acaba de afirmar que não vai participar na campanha legislativa mas tenciona apoiar José Sócrates.
Se o primeiro-ministro não se cuida, com apoios destes não é só a maioria absoluta que fica em causa. Perde as eleições.

A arte de ver

Clique na imagem



Foto de Camiller

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

Lá longe

Clique na imagem


Foto de Graça Brites

Música, levai-me:

Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?


Eugénio de Andrade

As férias do Sócrates...

Ao que parece as férias do engenheiro foram uma "borga pegada"...Ei-lo, depois de mais uma noitada, a refrescar as ideias...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

CAIXA ALTA



Títulos comentados

Ministro reconhece vaga de crimes, mas não se demite
Então demitam-no

Rússia dá por concluída a retirada
Só no papel, é claro

Condenado à morte por se ter casado 80 vezes
E como é que sobreviveu até agora?

Tua: ministro estranhou sucessão de acidentes
Então expliquem-lhe o que se passa

Marido violento agride polícia a murro
Eram casados?

Rentrées partidárias começam já este mês
É o mal de acabarem as férias

Menezes critica «voto de castidade verbal» de Ferreira Leite
Ele há gostos para tudo

PSD/Porto atento à promessa de Sócrates
Estes ainda acreditam no pai natal

Cavaco Silva vetou pela quinta vez
Quem faz um cesto, faz um cento

Cavaco Silva veta lei do divórcio
Até que a morte os separe

«Sócrates mandou quase meio milhão de portugueses para o desemprego»
E ainda a procissão vai no adro

Preço dos alimentos só volta a baixar a partir de Outubro
Para subir a partir de Janeiro

Petróleo obtém maior subida semanal dos últimos dois meses
Daqui também já não espero nada de bom

Petróleo dispara 4% com tensão entre Rússia e EUA
Um mal nunca vem só

Quase 200 pensionistas sem reforma devido a erro dos correios
Não há azar que não lhes bata à porta

Malparado recorde: portugueses não conseguem pagar 2.600 milhões
Só?

Foi descoberto um novo sabor, o cálcico
Não provo, nem que me paguem

Polícias no activo matam sete civis
Inocentes, é claro

Proibido nomear familiares de políticos para altos cargos
Era bom mas não acredito

Greenpeace chumba supermercados portugueses
Enquanto a ASAE está de férias

Geórgia corta acesso a sites russos
Quem não tem cão, caça com gato

Inovação paga mais imposto
Será para fomentar o progresso?

Cientistas descobrem como transformar células embrionárias em neurónios
Apliquem o método em São Bento

Dê os parabéns a Nélson Évora!
Já dei!

O atleta-mor


Vasco Pulido Valente, o mais mal disposto comentador da nossa praça, dedicou a sua crónica de hoje, no jornal Público, aos jogos olímpicos.

Decepcionado com as novas modalidades representadas – afinal não tão novas como isso – reclama pelo facto de a natação estar “tão dividida” que, até um atleta sozinho, consegue ganhar oito provas. Para quem talvez nunca tenha molhado o pé fora da banheira e, com certeza, gostaria de praia se não tivesse tanta areia e muito mar, compreende-se o seu enfado. Para ele, boiar numa piscina é semelhante a nadar bruços ou mariposa…

Em contrapartida reclama pelo facto de o golfe, “com dezenas de milhões de praticantes no mundo inteiro” (sic) – esse sim, um desporto antiquíssimo, popular e indivisível - não tenha aparecido. Resta saber se Valente alguma vez pegou num taco de golfe ou teve valentia para acompanhar a par e passo esse empolgante desporto em que o atleta entrega a um servente o transporte dos ossos do ofício.

Afinal, o mal é geral. Não bastava o amadorismo de alguns atletas; agora temos críticos de bancada, ou melhor, de sofá, a perorar sobre matérias que evidentemente nunca conheceram, não conhecem e, estou em crer, têm raiva a quem as conhece, aprecia e pratica.

A fotobiografia de um campeão

Nos jogos Olímpicos de Pequim, Nélson Évora venceu o triplo-salto e obteve a medalha de ouro, o que não acontecia no atletismo português desde os tempos de Carlos Lopes, Los Angeles 1984, Rosa Mota, Seul 1988 e Fernanda Ribeiro, Atlanta 1996. Tornou-se, assim, o quarto campeão olímpico português e, ao lado de Rosa Mota e Fernanda Ribeiro, o primeiro homem português a juntar um título olímpico ao de campeão mundial.
Como já aqui tive oportunidade de referir, Nélson Évora é uma das tais excepções que confirmam a regra da falta de formação escolar e constante de atletas em Portugal. O que em nada diminui o seu mérito. Só o aumenta.

O início da expansão portuguesa


A Conquista de Ceuta pelas tropas portuguesas comandadas pelo rei João I de Portugal aconteceu a 22 de Agosto de 1415.

Índice


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Um desporto português


Tal como previ há poucos dias, ver:

Da expectativa à frustração

ainda as olimpíadas não terminaram e já os ratos abandonam o navio, dedicando-se ao desporto que adoram: dizer mal uns dos outros e encontrar bodes expiatórios.
O presidente do Comité Olímpico Português, Vicente de Moura, oficial de marinha com obrigação de enfrentar temporais e enjoos, não resistiu às piadas de alguns atletas eliminados e anunciou que ia abandonar o barco de que era comandante. Se ainda estivesse na marinha... estou certo que não precisava de se demitir. Era atirado pela borda fora.
Seguindo-lhe o exemplo, medalhados de antes e de agora não hesitaram em zurzir nos que não chegaram ao pódio, acusando-os, também eles, de falta de profissionalismo e brio.
Para ajudar à festa, a comunicação social faz contas ao dinheiro investido durante quatro anos, face aos fracos resultados alcançados.
E até surgiu o secretário de estado do desporto, o mais alto responsável político pela área, a pedir aos atletas que "jogassem bem" - como se o atletismo fosse futebol - e que continuassem todos a apoiar os que ainda estão em competição. Nem esse foi capaz de assumir que a propaganda que criou infundadas expectativas é a responsável pela inevitável frustração da derrota.
Mas se existe alguém especialista em propaganda, e acha que Portugal vai de bem a melhor é, exactamente, o governo a que esse senhor pertence.
Pois é. Esquecem-se todos que os atletas que derrotaram os portugueses, não começaram a ser "preparados" para estes jogos olímpicos. Começaram a ser formados em desporto desde a infância e na escola.
Conhecem alguma escola nossa que o faça?

Na noite de 20 para 21 de Agosto a URSS invadiu a Checoslováquia e pôs termo à Primavera de Praga


Tanques soviéticos invadem a Checoslováquia

Primavera de Praga foi movimento para "humanizar" o comunismo

FERNANDA BARBOSA
Colaboração para a Folha Online

A Primavera de Praga foi um movimento encabeçado pelo líder comunista Alexander Dubcek para "humanizar" o Partido Comunista na Checoslováquia que, na época, desagradou a ex-União Soviética (URSS) e os partidários do ditador Jósef Stalin.

Dubcek assumiu o governo da Tchecoslováquia em Janeiro de 1968 e promoveu reformas políticas, sociais, económicas e culturais. Ele pretendia criar um socialismo com "face mais humana", no qual todo membro do Partido Comunista teria o dever de agir segundo sua própria consciência, e não apenas de acordo com o que ditava o regime socialista de Moscovo.

Ao mesmo tempo, a Checoslováquia (hoje República Checa) se aproximava economicamente da Alemanha Ocidental, o que se mostrava contra os interesses soviéticos.




Os efeitos da Primavera de Praga na Checoslováquia foram amplos. Com a liberdade de imprensa restabelecida, houve um retorno ao interesse de formas alternativas de organização política.

Com isso, antigos membros do Partido Social Democrata, fundido à força com o Partido Comunista em 1948, tentaram restabelecê-lo.

Igrejas cristãs voltaram a ser activas, assim como movimentos pelas minorias e pelos direitos civis. A ex-União Soviética se mostrou absolutamente contrária às mudanças, apoiada pela Polónia e pela Alemanha Oriental.

Dubcek recusou um convite para participar de um encontro com os líderes dos países do Pacto de Varsóvia [aliança assinada em 1955 pelos países socialistas do leste Europeu] e recebeu uma carta em 15 de Julho dizendo que era seu "dever" conter o movimento contra-revolucionário pelo qual seu país estava passando.

Mas Dubcek acreditava que poderia resolver as diferenças com os vizinhos comunistas e compareceu a uma reunião posterior organizada em uma cidade eslovaca para realizar um acordo com os líderes socialistas.

Invasão

Porém, em 20 de Agosto, as tropas da ex-URSS e do Pacto de Varsóvia invadiram e ocuparam a Checoslováquia, em uma tentativa de reprimir o movimento reformista.

Praga, hoje capital da República Checa, foi invadida por 650 soldados soviéticos e dos países do Pacto de Varsóvia. Em uma semana, a Primavera de Praga foi esmagada pelas tropas.




No entanto, politicamente, a invasão foi um fracasso. Autoridades soviéticas levaram Dubcek e outros líderes checoslovacos para Moscou, mas falharam em colocar um partido alternativo e líderes de governo que os eslovacos aceitassem.

A população reagiu à invasão pacificamente, com métodos de improvisação --as placas das ruas foram modificadas para que os soviéticos se perdessem.

A vida continuava como se as tropas do Pacto de Varsóvia não estivessem em Praga, apesar do corte nos meios de comunicação, da falta de suprimentos e da ausência de liderança.

O comité comunista agendado para 22 de agosto elegeu um comitê central pró-Dubcek. A Assembleia Nacional também declarou lealdade ao líder, e manteve suas sessões plenárias.

Controle

No dia 23 de Agosto, o presidente Svoboda, acompanhado por Dubcek, retornou a Praga para dizer aos socialistas qual seria o preço a pagar por ter um socialismo humano: as tropas soviéticas permaneceriam na Checoslováquia, e manteriam controles rígidos sobre as actividades culturais e políticas.

O congresso do Partido Comunista foi declarado inválido pelos soviéticos.

Em Janeiro de 1969, um estudante cometeu suicídio em protesto contra as violações da independência nacional. A população se impressionou, e os movimentos pelo "socialismo humano" reiniciaram.

Gradualmente, Dubcek negou ajuda aos seus aliados, até que encontrou-se isolado.

A linha dura do partido se fortaleceu e Gustáv Husák substituiu Dubcek, em 17 de abril de 1969. Ele propôs a normalização das relações da Checoslováquia com a ex-URSS.

Fonte: Enciclopédia Britannica

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