terça-feira, 30 de junho de 2009

A Fisga


Sócrates quer cinco mil estágios por ano na Administração Pública

Consta que, pondo as barbas de molho, o engenheiro já se inscreveu e tenciona começar o estágio logo após as eleições legislativas.

Tiro ao alvo


«Com duas ou três semanas assim Sócrates arrisca-se a perder»

Marcelo Rebelo de Sousa fala de uma semana terrível para o primeiro-ministro

Marcelo Rebelo de Sousa considera que a última semana foi «terrível» para José Sócrates. No seu espaço habitual de comentário da RTP, considerou que o primeiro-ministro pode mesmo vir a perder as eleições de 27 de Setembro.

«Esta semana foi horrível. Se houver duas ou três destas semanas, ele corre mesmo o risco de perder as eleições porque houve sempre coisas mal contadas. Esta foi a primeira mal contada. Primeiro, o número de arguidos no caso Freeport tem subido aceleradamente e cercando politicamente o primeiro-ministro. Pessoalmente não, mas o facto é que presidente e vice-presidente do instituto, que dependiam dele, foram constituídos arguidos. Para além disso, o Ministro da Agricultura disse uma coisa e dez minutos depois o primeiro-ministro disse outra», frisou, a propósito de José Manuel Marques, director da Reserva Natural do Estuário do Tejo.

Rebelo de Sousa falou, ainda, do caso do negócio da PT para a compra da TVI e a intervenção de Cavaco Silva: «Não se calou nos investimentos públicos e do endividamento, não se calou no caso da TVI e, portanto, em vários casos não se tem calado e objectivamente acontece que a sua posição é desfavorável a Sócrates e portanto favorável a Ferreira Leite, o que entala o Governo, porque o Presidente tem muita influência. Em guerras com o Governo quem ganha sempre é o Presidente».

In Portugal Diário

Bocas das nossas luminárias


Ministro das Finanças: «Crise está a chegar ao fim»

Teixeira dos Santos comenta situação económica a propósito de novos dados do INE


Não vás ao médico, não...

Velhinha...


Um médico estava a fazer a sua caminhada matinal quando viu esta velhinha sentada no degrau da sua varanda fumando um cigarro. Curioso, ele foi até ela e perguntou:

"Não pude deixar de notar como a senhora parece feliz! Qual é o seu segredo?"

"Eu fumo 20 cigarros por dia" respondeu. "Antes de ir pra cama eu fumo um grande charro, bebo uma garrafa de Jack Daniels por semana e só como porcarias. No fim de semana, tomo pílulas, faço sexo e não faço nenhum exercício físico"

O médico espantando: "Isso é extraordinário! Quantos anos a senhora tem?"

"Trinta e quatro" respondeu.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

António Barreto descreve o perfil do actual Primeiro-Ministro.

'Sócrates, o ditador'

por António Barreto

Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração.
Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal, ao ponto de, com zelo, se exceder.
Prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar.
Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido.
Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.

Onde estão os políticos socialistas ?

Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado?
Uns saneados, outros afastados.
Uns reformaram-se da política, outros foram encostados.
Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão.
Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro.
Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo.
Manuel Alegre resiste, mas já não conta.
Medeiros Ferreira ensina e escreve.
Jaime Gama preside sem poderes.
João Cravinho emigrou.
Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe.
António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão.
Almeida Santos justifica tudo.
Freitas do Amaral, "ofereceu-se, vendeu-se" e reformou-se !
Alberto Martins apagou-se.
Mário Soares ocupa-se da globalização.
Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores.
João Soares espera.
Helena Roseta foi à sua vida independente.
Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância.
O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado.
Os sindicalistas quase não existem.
O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice.
O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista.

Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.

Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates.
Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento.
Mas nada de essencial está em causa.

Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente.
As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão.
Não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro.
É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais.

Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente.
Mas tratava-se, politicamente, de uma questão menor.
Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.

O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário, Crispado, Despótico, Irritado, Enervado, Detestando ser contrariado.
Não admite perguntas que não estavam previstas ou antes combinadas.
Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber.
Tem os seus sermões preparados todos os dias.
Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação.
O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado.
O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão.
A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa.
A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação.
As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si.
Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa.
Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado.
Nomeia e saneia a bel-prazer.

Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos.
É possível.
Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.

Recebido por email

Cartas da Patagónia IV

Após dez dias bem passados mais a Sul, regressei a Ushuaia e não resisti a captar a Rádio Pinguim, na esperança de que o seu correspondente em Lisboa me desse notícias animadoras da Socralândia. Mas qual quê? Tudo como dantes no Quartel-General em Abrantes…

O Pinócrates continua na mesma, isto é: continua a mentir e não resiste a tratar os seus concidadãos (salvo seja) como atrasados mentais, como se algum deles tivesse projectado as famosas moradias que ele conseguiu aprovar quando arranjou emprego na Câmara da Covilhã.

Furioso com os constantes vetos e “pronunciamentos “do ex-cooperante estratégico” residente em Belém, e perante o facto de Manuela Calada ter recuperado da afonia e acertar em cheio naquilo que os eleitores pretendem: travar as obras megalómanas que, segundo ele, lhe perpetuariam o nome em tudo o que fosse avenida, praceta e até rotunda por si inaugurada nem que fosse somente a lançar a primeira (e única) pedra, mandou calar os comissários políticos que se gabavam de gostar de malhar. E, esses cumpriram, metendo a viola no saco.

Mas ele não. Depois de prometer que se ia travestir em criatura dócil, humilde, atenciosa e atenta, não tardou a mandar a pele de cordeiro às urtigas e envergar a de animal feroz naquilo que melhor sabe fazer: propaganda. Para isso, apareceu hoje de carrinho eléctrico de feira e mais: mandou o impagável ministro das Finanças anunciar que “o fim da crise já está mais perto do fim do que quando começou”. Suponho que o Senhor de La Palisse, se revolve na tumba por não poder processá-lo por plágio. Não sei se a famosa Lili Caneças o fará, atendendo a que foi ela que anunciou que “estar viva é o contrário de estar morta”. Assim como assim, julgo que a Lili é mais clarividente e objectiva do que o Teixeira dos Santos.

Mas voltemos ao Pinócrates que, em desespero, já mandou vir dos Estados Unidos, os magos da campanha eleitoral de Obama na Internet para o ajudarem a tentar enfiar-nos outra vez o barrete. Obviamente, esqueceu-se de duas coisas: nem ele é o Obama nem os eleitores portugueses são tão estúpidos como ele supõe.

O plano inclinado em que escorrega o Pinócrates, a caminho da queda livre aprazada para 27 de Setembro, qualquer que seja o novo(a) inquilino(a) de S. Bento, tem ao menos um mérito: livrar os portugueses do maior narcisista e vendedor de banha da cobra que já ocupou o cargo que essa criatura ocupa.

Entretanto, e para vos dar uma ideia do sossego a que tive direito – sem rádio, televisão ou jornais – junto fotos de alguns bicharocos que me fizeram companhia.





sábado, 27 de junho de 2009

O fado de todos nós...

José Sócrates continua o "animal feroz" que disse ser, ou é o "português suave", agora investido? O comoventíssimo problema tem queimado as meninges dos augustos comentadores da política nacional. Está mais sereno, está mais humilde, está mais modesto e menos arrogante - disse-se e escreveu-se.
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Há duas semanas que esta gente tem agido segundo os princípios de um pensamento feito de frivolidades e de absurdos; e o próprio primeiro-ministro, tão reservado em assuntos realmente graves, não resistiu à tentação da irresponsabilidade e respondeu-lhes. Não há prova histórica da mudança: "Eu sou o mesmo" e "não mudo de rumo". Parece um fado e, se calhar - "Chorai guitarras, chorai" -, é o nosso próprio e redondo destino.
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Estas minudências são o retrato oval de uma democracia de superfície, que nos incita à renúncia de pensar. Eis o que nos sussurram: as coisas são como são, e deixem a política para os políticos. Não é bem assim. Há muitos anos, conversando com o saudoso prof. Pereira de Moura, disse-lhe, a páginas tantas, que não percebia nada de economia. Respondeu-me: "Mas sabe a tua mulher quando vai à praça."
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A três meses de eleições fulcrais vivemos numa farsa sem graça e numa história aos quadradinhos. Pacheco Pereira demonstra a calamitosa ausência de humor que o caracteriza, e espirra-canivetes quando Luís Filipe Menezes lhe chama "a loira do PSD", numa analogia (ou metáfora?) experimental e divertida. Menezes tem sido o alvo privilegiado do Pacheco, mas aquele é muito melhor, mais inteligente e culto do que a maioria dos que este tem apoiado e incensado.
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Fogo-de-artifício. É só. Nada do que é importante tem sido debatido, porque a estratégia é impedir-nos de pensar e de agir. Quando a dr.ª Manuela Ferreira Leite aplaude o "manifesto" de 28 economistas (alguns não o são, nem coisa que se pareça), reivindicando o conteúdo do documento como se de ideias suas e antigas se tratasse, a natureza profunda da iniciativa fica destapada.
É um texto de abolição, uma birra de gente, certamente estimável, mas com pouco para dizer. De qualquer das formas, o documento não corporiza o antagonismo que pretende representar, além de não indicar, não sugerir, não propor: somente protesta.
Para protestar, os 28 são inúteis. Para isso, cá estamos nós. Vamos à praça e contamos os tostões. Não me parece que os signatários estejam em baixo de fundos, e muito menos que foram, unânime e piedosamente, movidos por um escaldante amor ao povo.
Todo este folclore não é cândido.
O que está em causa é irresumível nessa espécie de competição de caracteres entre Sócrates e Manuela.
Baptista-Bastos
in DN

Novo conceito de familia (à portuguesa)...

Em plano inclinado...

A trapalhada (a coisa não tem outro nome) em que o Governo se meteu por causa da intenção da PT de adquirir 30% da Media Capital (dona da TVI) teve ontem o seu mais patético episódio: o primeiro-ministro vetou a operação, por não querer que, como os maldosos vinham dizendo, se pensasse remotamente na possibilidade de o Executivo estar a manobrar no sentido de alterar a linha editorial da estação televisiva, que lhe é agreste.
Isto é: José Sócrates travou, pela força de uma anacrónica "golden share", um negócio entre empresas privadas apenas e só porque isso lhe convém politicamente. Extraordinário.
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Diz o adágio: o que começa mal, tarde ou nunca se endireita. O "caso PT/TVI" mostra bem a veracidade do provérbio popular. De forma espantosa, Sócrates meteu-se num beco sem saída, ao dizer que nada sabia sobre o negócio. Se não sabia, devia saber. Se não sabia, devia pedir explicações aos responsáveis máximos da empresa.
Como não o fez, deixou que uma carregada nuvem de suspeições se abatesse sobre o caso. A estocada final pertenceu ao presidente da República, quando, usando exactamente a mesma expressão escolhida por Manuela Ferreira Leite, pediu "transparência" às partes.
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O que impressiona mais nisto tudo é a circunstância de o Governo vir a somar erro atrás de erro sem que ninguém, incluindo Sócrates, ponha travão à desgraça. Ele foi o despistado ministro da Agricultura a desmentir-se em meia-hora; ele foi a estranha história da Fundação para as Comunicações (que ainda há-de dar muito que falar); ele foi o recuo no TGV....
De repente, o Governo parece ter entrado na fase do plano inclinado, etapa da qual é muito delicado sair, sobretudo quando ela surge logo após uma fragorosa derrota eleitoral.
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Há um mês ninguém no seu perfeito juízo diria que tanta asneira junta seria possível num Governo que se especializou no controlo de danos e na eficácia da mensagem a passar. Mas, enfim, a vida tem destas coisas.
E, num instante, parece que estamos de volta ao desastroso Governo de Santana Lopes: tudo parece inconsistente, volátil, efémero e decidido em cima do joelho, em função das circunstância e não da importância.
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Quem beneficia com isto? Antes de mais, o PSD, claro está. A Manuela Ferreira Leite basta-lhe agora ficar quietinha no seu sítio a bater com violência na tecla do endividamento e das obras públicas que nos hipotecam o futuro. Por este caminho, o Governo tratará de cavar ainda mais o fosso com o eleitorado que mostrou o seu desagrado nas eleições europeias. Quem diria? Sócrates encontra-se num labirinto.
E a cada dia que passa é-lhe mais difícil encontrar a saída.
Paulo Ferreira
in JN