quarta-feira, 18 de março de 2009

Vítima improvável...

Se o País o merecesse, o eng. Sócrates seria um ídolo nacional: os portugueses, reconhecidos, elogiariam a sua determinação, curvar-se-iam perante o êxito das suas reformas e dar-lhe-iam, de bom grado, uma segunda maioria absoluta que reduzisse a pó os ataques miseráveis da oposição e as campanhas negras de alguns jornalistas.
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Este País, ordeiro e agradecido, seria uma espécie de PS, rendido às virtudes únicas do chefe, onde qualquer voz dissonante se caracterizaria apenas por uma surpreendente "falta de carácter".
Infelizmente, o País não parece estar à altura do primeiro-ministro que lhe caiu em sorte. Em vez disso, dá eco a campanhas, deixa-se levar pelo ‘bota-abaixismo’ da oposição, perde tempo e respeito com os ‘ziguezagues’ de Manuel Alegre e, como se tudo isto não bastasse, deixa-se arrastar para a rua, "instrumentalizado" por sindicatos que, por sua vez, são instrumentalizados por partidos "oportunistas", como o PCP ou o Bloco de Esquerda.
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.A manifestação organizada pela CGTP, na última sexta-feira, é um bom exemplo deste país acéfalo e instrumentalizado que não só não se reconhece na bondade das medidas do Governo como se dá ao luxo de entupir as ruas de Lisboa com protestos inconsequentes e insultos pessoais ao primeiro-ministro que revelam, antes de mais, uma aflitiva ausência de soluções e uma confrangedora pobreza de argumentos.
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.Como explicou o eng. Sócrates, em Cabo Verde, onde distribuía generosamente os seus ‘Magalhães’, é de lamentar que os dirigentes sindicais se entretenham a organizar manifestações "deste tipo" que, entre outras coisas igualmente nefastas, não oferecem soluções para nenhum dos problemas que, apesar dos bons esforços do Governo, ainda subsistem no País.
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Seria de esperar, pois, que os dirigentes sindicais, conscientes das suas responsabilidades, apoiassem activamente o esforço patriótico do primeiro-ministro, levando para a rua milhares de manifestantes eufóricos com o trabalho precário e o aumento do desemprego, unidos sob o lema ‘Sócrates 2009’.
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Infelizmente o primeiro-ministro transformou-se na principal vítima de um povo mal-agradecido que se deixou instrumentalizar pelos sindicatos e pelos partidos da oposição.
Sozinho contra a realidade, o engenheiro Sócrates vive, cada vez mais, num universo paralelo onde não cabe um país que obviamente não o merece.
Constança Cunha e Sá
in CM

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem D.Constança! Aprecio a sua fina ironia , mas...penso que aquela parte do povo acéfalo que vejo folhear o CM todas as manhãs ao tomar a bica, até pode interpreta-la ao contrário. E aí o efeito dos seus artigos torna-se perverso porque não sei se já reparou que não está a escrever no Jornal das Letras.