segunda-feira, 2 de março de 2009

Nino Vieira assassinado


O Presidente da Guiné Bissau, «Nino» Vieira, morreu esta madrugada na sequência de um ataque contra a sua residência, informou fonte da Presidência guineense, citada pela Lusa.

A mesma fonte referiu ter visto o corpo de «Nino» Vieira, que se encontra na sua residência, junto de familiares.

Veja aqui o vídeo

A casa do chefe de Estado guineense foi atacada na madrugada desta segunda-feira por militares das Forças Armadas, poucas horas após o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, ter morrido num atentado à bomba.

Militares obedientes «ao poder político»

A notícia da morte foi avançada pela agência France Press que citava fonte do Ministério das Relações Exteriores.

Militares das Forças Armadas da Guiné-Bissau atacaram na madrugada desta segunda-feira a residência do Presidente guineense.

Guiné Bissau: situação no país é «grave»

Junto à casa do chefe de Estado podem ver-se grandes movimentações com militares a retirarem os bens do Presidente da sua residência oficial.

Entretanto, o ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Artur Silva, confirmou a morte do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, general Tagmé Na Waie.

O CEMGFA guineense morreu hoje vítima de um atentado à bomba contra as instalações do quartel-general do Estado-Maior, em Bissau.

O edifício do quartel-general ficou parcialmente destruído dada a potência da explosão, que ocorreu cerca das 19:00 locais (mesma hora em Lisboa).

O corpo do general Tagmé Na Waié foi recuperado dos escombros e transportado para as instalações da Força Aérea, em Bissalanca, perto do aeroporto internacional Osvaldo Vieira.

O ministro da Defesa não adiantou outras informações sobre a morte do general, remetendo mais esclarecimentos para segunda-feira depois da reunião de emergência convocada pelo governo para as 09:00 locais.

O Governo português está a acompanhar «de perto» a situação provocada pelo atentado à bomba que provocou a morte do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, disse fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

In Portugal Diário

As televisões e estações de rádio portuguesas estão a dar grande cobertura a estas trágicas notícias vindas de Bissau.
Recorde-se que Nino Vieira esteve refugiado em Portugal durante 6 anos, após um golpe de Estado que pretendeu derruba-lo, tendo na altura sido protegido pela embaixada portuguesa naquele país que o evacuou para Portugal.
Nino Vieira havia regressado à Guiné-Bissau para concorrer às últimas eleições presidenciais, que ganhou.
Há escassos meses, a sua residência foi atacada - no intuito de o assassinarem - mas Nino e a sua família conseguiram sobreviver ao assalto.
Além de Luís Amado, ministro dos negócios estrangeiros português, também o Presidente Cavaco Silva condenou eses acontecimentos e apelou ao restabelecimento da ordem constiucional naquele país da CPLP.

2 comentários:

zigoto disse...

Mais do que uma surpresa, a morte de Nino Vieira faz-me lembrar a "Crónica de uma morte anunciada".
Embora, após a independência, Nino Vieira tenha assumido a presidência da República, era um militar (e não um político) que comandou no terreno a guerrilha do PAIGC como, aliás, aconteceu noutros países africanos, designadamente em Moçambique aonde Samora Machel teve o mesmo percurso.
A instabilidade política e a violência têm sido uma constante naquele país, onde existem oito etnias e diversos credos religiosos.
Nos últimos anos, a Guiné-Bissau tornou-se uma placa giratória do tráfico de droga, o que veio acrescentar mais problemas graves aos que já existiam.
Tudo isto criou condições que faziam prever os acontecimentos desta madrugada em Bissau.
Acresce que o sobre-dimensionado exército guineense tem relações estreitas - que já vêm da luta pela independência - com os militares da vizinha Guiné Conakry e, neste país, reina actualmente uma junta militar.
O futuro próximo da Guiné-Bissau é uma incógnita mas não me surpreenderia que seguisse o mesmo caminho.
Em África - ao contrário do que acontece na Europa - as Forças Armadas não se subordinam ao poder político: ou o partilham ou o exercem ditatorialmente.
Em breve se saberá qual o desenlace de mais esta crise - que tanto pode passar por mais uma guerra civil como pela tomada pura e simples do Poder pelos militares que mataram o presidente e o chefe do Estado-Maior.

antoni115 disse...

Li com muita atençao o comentárioacima e parece-me uma visao realista do que se passa na Guiné...
Em vez de um
comentário "escondido", que talvezpoucos leiam, parece-me que deveria "ter honras" de Post..
Pensa nisso, caro Zigoto...