O telescópio europeu gigante no Chile fez a melhor imagem alguma vez obtida de duas galáxias em movimento "lento" de colisão, informaram os astrónomos responsáveis pelo interessante trabalho. A imagem também deu aos astrónomos a oportunidade rara de surpreender a explosão de uma estrela que, por mero acaso, aconteceu na mesma área do firmamento..
As duas galáxias em colisão são conhecidas colectivamente pela designação Arp 261, designação derivada da classificação que lhe coube no catálogo de Halton Arp para Galáxias Especiais. Com o separador de frequências montado no telescópio conseguiram várias fotografias, uma para cada frequência de radiação que, após sobreposição, produziu esta imagem aqui reproduzida. É o que se chama uma imagem composta (composite image) porque faz a integração de várias imagens, sendo cada uma resultante de um tipo de radiação. Assim, os astrónomos foram capazes de fotografar o inusitado acontecimento com maior detalhe como nunca antes.
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As galáxias Arp 261 estão localizadas a cerca de 70 milhões de anos-luz de distância na constelação de Libra, num local específico chamado Escalas. Observa-se com muita facilidade que uma delas está deformada devido à interacção gravítica. A sua estrutura caótica, muito invulgar, é o resultado da proximidade das galáxias e da atracção gravítica mútua. Embora seja muito improvável que as estrelas (e os planetas) de cada uma colidam com os da outra, as enormes nuvens de gás e poeira (manchas brancas visíveis na fotografia), que se deslocam a alta velocidade, têm tendência a aglomerar-se e a formar uma nova nuvem, muito maior, levando à formação de novos núcleos de aglomeração de material que, por sua vez, formam novas estrelas muito quentes e muito brilhantes que se vêem claramente na imagem (pontos luminosos disseminados pela nuvem branca).
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As trajectórias das estrelas em cada uma das galáxias existentes podem ser dramaticamente perturbadas, fazendo desaparecer os raios em espiral de cada uma, como se pode ver na parte superior esquerda e inferior direita da imagem. As duas galáxias em interacção serão, provavelmente, galáxias anãs não muito diferentes das Nuvens de Magalhães [de poeira e gases] que orbitam a nossa própria galáxia.
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As imagens usadas para criar esta imagem não foram realmente tomadas para o estudo da interacção gravítica entre galáxias mas para investigar as propriedades do objecto pouco definido, um pouco para cima e para a direita da parte mais brilhante de Arp 261 e muito próximo do centro geométrico da imagem. Este ponto luminoso é um objecto resultante da explosão de uma estrela, chamada SN 1995N, que se pensa ser o resultado do recente colapso de uma estrela gigante no fim da sua vida, portanto uma supernova.
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A supernova SN 1995N é invulgar porque, após alguns anos de observações cuidadosas, se verifica que o brilho tem tido um fraco declínio mais de sete anos depois da explosão ter ocorrido.
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Por outro lado, é uma supernova típica devido à forte emissão de Raios X. Pensa-se que a emissão de Raios X é produzida pela forte densidade de material compactado pela gravidade da própria estrela, a qual reduz muito o seu tamanho devido à forte compressão do material que a constitui, transformando-se num corpo de neutrões produtores de radiação X.
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A imagem também captou dois pequenos asteróides do nosso Sistema Solar, que estão entre as órbitas de Marte e Júpiter e que atravessaram as imagens quando estas estavam a ser tomadas. Eles aparecem com o rasto vermelho, verde e azul, à esquerda e na parte superior da imagem. O asteróide no topo é o número 14670 e o da esquerda é o número 9735. Eles têm provavelmente menos de 5 km de diâmetro.
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Existe também uma estrela localizada na parte inferior da imagem. Embora pareça enorme e muito brilhante na fotografia, na verdade a sua luz é cerca de cem vezes menor que o nosso limiar de sensibilidade, o que impossibilita vê-la a olho nu. É, provavelmente, uma estrela do tamanho do Sol a cerca de 500 anos-luz de nós.
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Arp 261 e a supernova estão a cerca de 140.000 vezes mais longe do que esta estrela. Muito mais distante ainda, talvez a cerca de cinquenta a cem vezes mais longe do que Arp 261, está um “pequeno” aglomerado de galáxias visíveis à direita da foto. Verifique: trata-se de um grupo de quatro pontos amarelos perto do bordo direito da fotografia.
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É de realçar que o que vemos nesta fotografia aconteceu há 70 milhões de anos, dada a distância que nos separa das galáxias Arp 261. Como estão agora estes objectos? Não sabemos. Só saberemos daqui a 70 milhões de anos.

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