Quando o barril do crude chegou perto dos 150 dólares, foi o pânico generalizado. Parecia que o Mundo ia acabar, ideia que mais se enraizou quando os pessimistas garantiram que dali aos 200 dólares era um só instantinho. A verdade, porém, é que, em algumas semanas, o barril desceu para os 90 e tal dólares.
Vá lá alguém entender estas variações - sobretudo quem, como eu, é um zero em Economia! Mas há quem entenda, nomeadamente o presidente da associação que representa as petrolíferas, o qual nunca deixa de, aos média, explicar tudo à luz dos interesses do seu grupo.
E não é preciso forçar demasiado as meninges para aceitar que, disparando o preço do crude, Galp e que-tais tenham que vender a gasolina mais cara.
O que já não atinjo é por que, descendo o crude, os preços fiquem na mesma, ou quase isso.
O dr. José Horta explica, mas aí tenho imensa dificuldade em segui-lo: fala de economia de mercado, de livre concorrência, de liberalização dos preços, de conclusões dessa nebulosa Autoridade da Concorrência que nunca descobre cartelização em nada que se veja.
Acabo por perceber apenas uma coisa: é que, tendo a gasolina baixado aí uns 33% em pouco tempo, não pago a gasolina 33% mais barata. E o resto são cantigas.
Aparentemente, há outro português que também não entende o que está a passar-se: o dr. Manuel Pinho. E esse é ministro da Economia, portanto deve saber da poda.
Ouvi-o dizer que os preços têm mesmo que baixar, ou então que «toma medidas». Inevitavelmente, entrou em cena o dr. José Horta e respondeu que não percebe a lógica ministerial. Sim, o crude veio por aí abaixo, mas as leis de mercado, etc..
Neste momento, tenho em minha defesa um ministro, a associação dos revendedores de gasolina, que exige a baixa dos preços, e a DECO, que promete uma manifestação pública de protesto. Mas todos nós juntos pensamos em termos de tostões, as petrolíferas pensam em termos de milhões. Quem ganhará, portanto, esta guerra?
Conclua por si mesmo, leitor - sobretudo quando estiver a abastecer-se.
Sérgio Andrade
in JN
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