quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Maria Keil...Mulher e Artista desprezada pelo Metro de Lisboa...

Maria Keil...

- Pela Mulher e Artista generosa , com nome firmado nas Artesportuguesas e com lugar na memória dos que, em Portugal , servirão sempre de estímulo e referência para as gerações futuras!
Se verdadeiramente chocados com o sucedido, passemos aos nossos contactos na esperança de que, fazendo todos o mesmo, o eco da indignaçã alastre e chegue às mãos de quem possa, de quem deva, simbolicamente que seja, assumir o gestomínimo (!!!)de pedir desculpas a esta Senhora.
Não custa nada...
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Maria Keil (gosta que a tratem apenas por Maria) nasceu na cidade de Silves, em 1914.
Partilhou a maior parte da sua vida com o arquitecto Francisco Keil do Amaral, com quem se casou, muito jovem, em 1933.
De lá para cá fez milhares de coisas, sobretudo ilustrações, que se podem encontrar em revistas como a “Seara Nova”, livros para adultos e “toneladas” de livros infantis, os de Matilde Rosa Araújo, por exemplo, são em grande quantidade.
Está quase a chegar aos 100 anos de idade de uma vida cheia, que nos primeiros tempos teve alguns “sobressaltos”, umas proibições de quadros aqui, uma prisão pela PIDE, ali... as coisas normais para um certo “tipo de pessoas” no tempo do fascismo.
Para esta “história”, no entanto, o que me interessa são os seus azulejos.
São aos milhares, em painéis monumentais, espalhados por variadíssimos locais. Uma das maiores contribuições de Maria Keil para a azulejaria lisboeta, foi exactamente para o Metropolitano de Lisboa.
Para fugir ao figurativo, que não era o desejado pelos arquitectos do Metro, a Maria Keil partiu para o apuramento das formas geométricas que conseguiram, pelo uso da cor e génio da artista, quebrar a monotonia cinzenta das galerias de cimento armado das primeiras 19, sim, dezanove estações de Metropolitano.
Como o marido estava ligado aos trabalhos de arquitectura das estações e conhecendo a fatal “falta de verba” que se fazia sentir, o Metro lá teve de pagar os azulejos, em grande parte fabricados na famosa fábrica de cerâmica “Viúva Lamego”, mas o trabalho insano da criação e pintura dos painéis... ficou de borla.
Exactamente! Maria Keil decidiu oferecer o seu enorme trabalho à cidade de Lisboa e ao seu “jovem” Metropolitano que o colocou em estações como por exemplo, Intendente e Restauradores.
Parêntesis: Qualquer alteração na “Gare do Oriente” do Arq. Calatrava, ou nas Torres das Amoreiras, do Arq. Tomás Taveira, só a título de exemplo, têm de ser encomendadas ao arquitecto que as fez e mesmo assim, ele pode recusar-se a alterar a sua obra original. Se os donos da obra avançarem para a alteração sem o acordo do autor, podem ter por garantido um belo processo em tribunal, que acabará numa “salgada” indemnização ao autor.Finalmente, a história!
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Recentemente a Metro de Lisboa decidiu remodelar, modernizar, ampliar, etc, várias das estações mais antigas e não foram de modas. Avançaram para as paredes e sem dizer água vai, picaram-nas sem se dar ao trabalho de (antes) retirar os painéis de azulejos, ou ao incómodo de dar uma palavra que fosse à autora dos ditos.
Mais tarde, depois da obra irremediavelmente destruída, alguém se encarregaria de apresentar umas desculpas esfarrapadas e “compreender” a tristeza da artista.
A parte “realmente boa” desta (já longa) história é que ao contrário de quase todos os arquitectos, engenheiros, escultores, pintores e quem quer que seja que veja uma sua obra pública alterada ou destruída sem o seu consentimento, Maria Keil não tem direito a qualquer indemnização.
Perguntam vocês “porquê ?”.
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E eu tão aparvalhado como vós, “Porque na Metro de Lisboa há juristas muito bons, que descobriram não ser obrigatório pedir nada, nem indemnizar a autora, de forma nenhuma... exactamente porque ela não cobrou um tostão que fosse pela sua obra!!!
Este país, por vezes consegue ser “ainda mais extraordinário” do que é o seu costume! Ou não?
recebido por email

1 comentário:

Anónimo disse...

Óbvio que destruir o património cultural da cidade é um crime. Deve ser preservado, sem dúvida nenhuma. Mas sem querer ser advogado do diabo,a história relata que esse trabalho foi uma bela cunha do marido da Maria Keil, que lhe proporcionou que o seu ego artistico fosse preenchido ao longo de todas as estações...isso tudo feito apenas por uma artista! Eu, como artista, também faria de borla uma quantidade de coisas em lisboa, só para ficarem associadas à minha obra. Só precisava era de ser filho do Presiente da república!Essa imagem da nobre dádiva da artista à sua cidade é lamechas, qualquer artista aceitaia fazer isso de borla, desde que lhe pagassem o material e lhe garantissem posteridade e artigos em livros e jornais...blá blá blá, tudo tretas!