domingo, 8 de março de 2009

Tiro no pé


O tema desta coluna de opinião é cada vez mais necessário.

Reparem, por exemplo, como os responsáveis pela crise tentam resolve-la:

1- Nomeando comissões presididas pelos principais responsáveis pela situação vigente, de gestores a banqueiros, passando por organismos responsáveis pela fiscalização do que se passou (a dormirem na forma), governos que aprovaram e apoiaram o descontrolo do louvado neo-liberalismo e da globalização sem rei nem roque, ao ponto de ninguém querer saber quem tem o quê nos chamados offshores – afinal uma nova banca mais vocacionada e capaz de lavar mais e melhor dinheiro obtido por criminosos, sejam eles traficantes de droga, armas, tráfico humano para alimentar a prostituição e a escravatura de operários, gestores de colarinho branco, do que as conhecidas e obsoletas contas numeradas na Suíça. Isto, ao nível mundial, a que, inevitavelmente, Portugal pertence. Sem qualquer efeito na queda de qualquer governo, dissolução de assembleias legislativas, responsabilização de ministros da justiça e chefes de Estado. Quando se aponta o dedo à Guiné-Bissau, por lá esse tipo de questões serem resolvidos a tiro, à bomba e à catanada… convém ver quanto falta para tal método cá chegar. Um tiro no pé!

2- Ao nível doméstico, as nossas paróquias partidárias também se têm esmerado na pontaria ao tiro no pé. José Sócrates transformou o congresso do PS num plebiscito ao seu reinado, perante a oposição de Manuela Ferreira Leite em queda vertiginosa no PSD que “lidera” e era suposto (tradicionalmente) apresentar-se como alternativa no centrão que nos (des)governa há mais de três décadas. Encurralada pelos seus militantes, lá vai aceitando candidaturas de quem sempre a combateu – como Santana Lopes – ou dando corda “a sucessão” de um tal Passos Coelho, que nada mais fez na vida do que inscrever-se na JSD e ir trepando na “carreira” político-partidária. O desastre está à vista. Um tiro no pé!

Na Câmara de Lisboa, António Costa insiste em emparedar o Tejo com uma barragem de contentores e, pior ainda, em iniciar obras na zona do Terreiro do Paço – logo a seguir à famigerada odisseia da estação do metro – interrompendo a circulação automóvel por uma zona essencial à livre e necessária circulação de quem tem necessidade de circular em Lisboa. Um tiro no pé.

O gabinete do primeiro-ministro transformou-se num ministério da propaganda que faz esquecer os rasgos imaginativos de António Ferro – ao serviço de Salazar – ou de Goebells, que convenceu os alemães a apoiarem Hitler e que o nazismo ganharia a Segunda Guerra Mundial. Além disso, arranjou umas “socranetes” que, de ignoradas jornalistas ou professoras, ascenderam a conceituadas comentadoras nos média, dentro do chamado horário nobre. Um tiro no pé!

Para além de tudo isto, José Sócrates confunde o resultado das sondagens encomendadas com a forma como o eleitorado votará. Confunde a fraqueza do PSD com a falta de adversários capazes de o derrotar nas urnas. Vive obcecado com a imparável subida do BE que já lidera a oposição ao seu governo. Ao fazê-lo, Francisco Louçã agradeceu-lhe pública e elegantemente a deferência e foi por Sócrates promovido a líder da oposição. Um tiro no pé!

Após várias negas, optou por Vital Moreira para encabeçar a lista às eleições europeias, supondo que ia pescar uns votos à esquerda. Ninguém gosta de trânsfugas, muito menos daqueles que mais não fazem do que tecer hossanas a tudo o que o chefe faz ou manda fazer. Um tiro no pé!

E se tudo isto não bastasse, tentou segurar e catequizar Manuel Alegre, procurando mantê-lo no redil dos seus fiéis correligionários. A bofetada de luva branca que Alegre lhe deu, foi exemplar e ficará registada nos anais do PS. Um tiro no pé!

1 comentário:

Anónimo disse...

O Zigoto tem razão! Realmente parece que andam por aí criaturas que preferem suicidar-se com um tiro no pé do que na cabeça, com veneno de ratos, cicuta, forca ou quaisquer outros métodos convencionais e clássicos de quem, em desespero, resolve partir "desta para melhor".