terça-feira, 10 de março de 2009

Manuela Margarido...foi uma Poetisa São-Tomense...

Maria Manuela Conceição Carvalho Margarido (roça Olímpia, Ilha do Príncipe, 1925 - Lisboa, 10 de Março de 2007) foi uma poetisa são-tomense.
Manuela Margarido cedo abraçou a causa do combate
anti-colonialista, que a partir da década de 1950 se afirmou em África, e da independência do arquipélago. Em 1953, levanta a voz contra o massacre de Batepá, perpetrado pela repressão colonial portuguesa.
Denunciou com a sua
poesia a repressão colonialista e a miséria em que viviam os são-tomenses nas roças do café e do cacau.
Estudou
ciências religiosas, sociologia, etnologia e cinema na Sorbonne de Paris, onde esteve exilada.
Foi
embaixadora do seu país em Bruxelas e junto de várias organizações internacionais.
Em
Lisboa, onde viveu, Manuela Margarido empenhou-se na divulgação da cultura do seu país, sendo considerada, a par de Alda Espírito Santo, Caetano da Costa Alegre e Francisco José Tenreiro, um dos principais nomes da poesia de São Tomé e Príncipe.
Entre outras funções, foi membro do Conselho Consultivo da revista Atalaia, do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da
Universidade de Lisboa (CICTSUL).
Curiosamente viria a falecer na antiga capital do
Império que tanto combatera. Morreu aos 82 anos, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, onde se encontrava hospitalizada.
As cerimónias fúnebres tiveram lugar na sede do Grande Oriente Lusitano.
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Vós que ocupais a nossa Terra
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É preciso não perder
de vista as crianças que brincam:
a cobra preta passeia fardada
à porta das nossas casas.
Derrubam as arvores fruta-pão
para que passemos fome
e vigiam as estradas
receando a fuga do cacau.
A tragédia já a conhecemos:
a cubata incendiada,
o telhado de andala flamejando
e o cheiro do fumo misturando-se
ao cheiro do andu
e ao cheiro da morte.
Nós nos conhecemos e sabemos,
tomamos chá do gabão,
arrancamos a casca do cajueiro.
E vós, apenas desbotadas
mascaras do homem,
apenas esvaziados fantasmas do homem?
Vós que ocupais a nossa terra?

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