terça-feira, 10 de março de 2009

Tiro ao alvo


O que se está a passar à beira do Areeiro, em pleno centro de Lisboa, é muito mais do que uma mera rixa entre raças, etnias, o que quer que o politicamente correcto queira chamar às famílias de ciganos e de negros que moram no bairro do Portugal Novo.

Os factos, simples à primeira vista, são: houve um tiroteio provocado por uma ocupação de uma casa. E nesta história haveria dois maus: os que ocuparam a casa e os que atiraram sob que pretexto fosse, independentemente de serem ambas entidades diferentes ou a mesma.

Mas há muito mais que isso. Há a insegurança das muitas armas espalhadas por aí e com demasiada facilidade disparadas, mas disso já muito se falou desde o passado Verão. E há, sobretudo, uma cidade doente, que é Lisboa. Que cidade deixa um prédio, um bairro, entrar neste estado de degradação numa das suas zonas mais nobres, num lugar onde casas comercialmente transaccionadas valem centenas de milhares de euros? Que perigos correm os vizinhos destas casas? Quanto valerão as suas próprias casas depois destes confrontos?

A Lisboa que hoje herdámos é uma cidade que tem vergonha de si própria. Onde os seus habitantes se sentem menos felizes do que os dos subúrbios - como o DN revelou num estudo publicado na semana passada. E isso deve ser caso único na Europa. Onde as cidades têm vida própria, as câmaras lutam por essa vida e sabem que é essa a sua principal riqueza.

In Editorial do DN

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