domingo, 15 de março de 2009

Lucros imensos em plena crise...

O desemprego, o corte nos salários e a imposição de silêncios e medos nos locais de trabalho são as "soluções" que o capitalismo selvagem, através do poder político, aponta aos trabalhadores e ao país para "ultrapassar a crise". Confirma-se que a crise não é para todos, enquanto cresce a indignação e se impõe a necessidade de optar por outras soluções políticas.
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Como é possível a Galp ter quase 500 milhões de lucros, (e a EDP 1100), e milhares de micro e pequenas empresas continuarem a ver o crédito "por um canudo" ou terem de pagar um imposto (por conta) de resultados que não têm? Lucros daqueles não são de geração espontânea, só são possíveis porque o Governo se recusa a intervir do lado das famílias e das pequenas empresas, protegendo descaradamente os grupos económicos e financeiros mesmo que a economia e o país estejam na bancarrota. E não nos venham - o PS e toda a Direita - com o estafado argumento do mercado e da regulação, pois bem sabemos para que serve e ao lado de quem estão (vejam-se os casos das fraudes no BPN, no BPP e também no BCP).
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Quando o preço do crude disparava, a Galp subia os preços dos combustíveis mais depressa e mais acima do que o faziam os países europeus; agora, enquanto o crude baixa para níveis quase históricos, a Galp demora eternidades a descer, mantendo os seus preços no top ten europeu.
Há anos pagamos exorbitâncias pela electricidade e o gás, autêntico garrote da tão apregoada competitividade das empresas nacionais. Mas isso não impediu que a EDP, em plena crise, tivesse tido a desfaçatez de aumentar 5% os preços, agravando de forma insustentável a factura energética de milhares de empresas, a situação dos desempregados e dos portugueses que sobrevivem com pensões de miséria ou salários indignos.
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A passividade do Governo é escandalosa. O verbo agir, que Sócrates tanto usa, serve para anunciar mundos e fundos, mas serve sobretudo para nos distrair e deixar intocável o essencial.
Honório Novo
in JN

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