terça-feira, 3 de março de 2009

Gato escondido com rabo de fora


Guiné-Bissau: Não houve golpe de Estado, garante vice-CEMA


O vice-chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) da Guiné-Bissau, Zamora Induta, disse hoje que «não houve golpe de Estado», sublinhando que o ataque contra o general Tagmé Na Waié se «alastrou» ao Presidente guineense.

Zamora Induta falava aos jornalistas no final de um encontro com o Governo guineense.

«Nós viemos reafirmar ao Governo que isto não é um golpe de Estado», disse o vice-chefe de Estado-Maior da Armada.

«Simplesmente aconteceu este atentado relativamente ao chefe de Estado-Maior General e, na ausência de chefe, criámos uma comissão que está a gerir as forças armadas», explicou.

«Infelizmente este acidente alastrou ao caso do Presidente da República», afirmou Zamora Induta.

«Infelizmente nestas situações acontecem coisas que ninguém deseja (...) e houve um grupo de pessoas armadas que acabaram por se dirigir à residência do senhor Presidente da República», acrescentou.

«Felizmente está tudo estancado neste momento, está tudo calmo, controlado, não há mais sinais de resistência», afirmou, sublinhando que o encontro serviu também para os militares reafirmarem ao Governo o respeito escrupuloso pela constituição do país e instituições democraticamente eleitas.

Questionado sobre quem está por detrás dos ataques, Zamora Induta disse que se está a «investigar».

Questionado sobre se o grupo que detonou a bomba que vitimou domingo o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas foi o mesmo que atacou o Presidente, Zamora Induta disse que não há informações nenhumas.

«Há peritos na matéria» a trabalhar nas investigações, disse, reiterando que a situação está sob controlo.

Diário Digital / Lusa

As declarações deste sr. são suficientemente esclarecedoras para se começar a perceber quem comandou o golpe de Estado em Bissau e já controla o poder de um governo transformado em direcção-geral, ou melhor:
em capataz do patrão.
É triste, dramático e trágico que tal continue acontecendo em tantos países por este mundo fora.
Deixe-mo-nos de paternalismos ridículos e enfrentemos, de uma vez por todas, a realidade.
Sem tirar uma vírgula ao que a propósito da Guiné-Bissau hoje escrevi neste blogue, acrescento o seguinte:
É conhecido o método como Nino Vieira "combatia" os seus adversários políticos... eliminando-os de forma mais ou menos clara ou discreta, conforme houvesse necessidade, ou não, de proceder a eleições "livres" com o beneplácito dos chamados observadores internacionais. Também ninguém duvida que os tais adversários sempre procederam e procedem da mesma forma. Como agora se provou.
Mas será somente em África que tal acontece? Todos sabemos que não, e exemplos não faltam. Escuso-me a dar um, para evitar esquecer todos os que caberiam na longa lista de ditadores e criminosos que abundam e ocupam o poder, até em países que a civilizada União Europeia e Estados Unidos consideram seus aliados.

Posto isto, afigura-se-me - sem receio de me enganar - que, além da luta pelo poder, provocada pelas tais 8 etnias e várias religiões que existem na Guiné-Bissau, do papel preponderante que o exército guineense (herdeiro da guerrilha) sempre teve e mantém proponho-vos a seguinte reflexão:
- Nino Vieira já não controlava o exército. A prova disso está na sua guarda pessoal, constituída por 400 homens (designados, sintomaticamente "Aguentas");
- Pelo que aconteceu - e principalmente pelas declarações do vice Zamora Induta - parece ser ele a comandar os 5 mil efectivos do seu exército; e, assim sendo, a mandar no país, e a ter comandado os ataques que vitimaram o Chefe do Estado Maior e o Presidente, com intervalo de escassas horas.
- Resta saber ao serviço de quem!?

Na medida em que a Guiné-Bissau se transformou num país instável, sem rei nem roque, que os cartéis internacionais da droga transformaram em placa giratória para "abastecimento do mercado europeu"; sou de opinião que convinha encarar os últimos acontecimentos como um caso de polícia.
Assim sendo, a chamada comunidade internacional deve aprofundar a análise dessa hipótese e, só depois, decidir o método de intervenção e as forças convenientes e necessárias para colocar no terreno.
Dessa forma, talvez se consiga ajudar o povo guineense e estabilizar o país.
Por enquanto ainda não vi ninguém a raciocinar nestes termos.
Os lamentos e condolências pertencem ao domínio da hipocrisia 'diplomática'.
A efectiva resolução dos problemas que afecta a vida da população da Guiné-Bissau: NÃO!

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