quarta-feira, 4 de março de 2009

Eugénio de Castro...Foi Poeta...Introdutor do Simbolismo em Portugal...

Eugénio de Castro e Almeida (Coimbra, 4 de março de 186917 de agosto de 1944),
foi um poeta e professor universitário português.
Biografia
Por volta de 1889 formou-se em Letras pela Universidade de Coimbra e mais tarde veio a lecionar nessa faculdade. Colaborou com a publicação das revistas "Os insubmissos" e "Boémia nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês.
Eugénio de Castro ficou conhecido como o introdutor do simbolismo em Portugal.
Após uma estadia em França, publicou as obras Oaristos (1890) e Horas (1891), que pretendiam revolucionar, do ponto de vista formal, a poesia portuguesa (introdução de inovações ao nível das imagens, da rima e do trabalho do verso em geral e exploração da musicalidade da língua, num esteticismo que visava contrapor-se à tradição romântica portuguesa).
"Oaristos", marco inicial do Simbolismo em Portugal.
Estas primeiras obras suscitaram uma acesa polémica, o que ajudou à difusão do simbolismo decadentista em Portugal, corrente apoiada e difundida pelo jornal Os Insubmissos (1889), fundado pelo escritor. A sua poesia evoluiu depois num sentido neoclassicizante, de que é exemplo Constança (1900).
A obra de Eugénio de Castro pode ser dividida em duas fases: na primeira, a fase simbolista, que corresponde a sua produção poética até o fim do século XIX, Eugénio de Castro apresenta algumas características da Escola Simbolista, como o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical.
Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal.
.
O Dilúvio
.
Há muitos dias já, há já bem longas noites
que o estalar dos vulcões e o atroar das torrentes
ribombam com furor, quais rábidos açoites,
ao crebro rutilar dos coriscos ardentes.
.
Pradarias, vergéis, hortos. vinhedos, matos,
tudo desapar'ceu ao rude desabar
das constantes, hostis, raivosas cataratas,
que fizeram da Terra um grande e torvo mar.
.
À flor do torvo mar, verde como as gangrenas,
onde homens e leões bóiam agonizantes,
imprecando com fúria e angústia, erguem-se apenas,
quais monstros colossais, as montanhas gigantes.
(...)
Cresce o mar, sobe o mar, que já topeta os céus:
e, levada plo fero e desabrido norte,
sua espuma, a ferver, molha o rosto de Deus,
que lhe encontra um sabor nauseabundo de morte...
.
Cresce o mar, sobe o mar... Cada vaga é uma torre!
No céu, o próprio Deus melancólico pasma...
E, pelos vagalhões acastelados, corre
a Arca de Noé, qual navio-fantasma...

Sem comentários: