segunda-feira, 9 de março de 2009

Estado de Sócrates...

O PS assaltou o Estado e usa os dinheiros públicos para comprar apoios e castigar quem ousa pôr em causa o grande líder.
O ainda chamado Partido Socialista completou ontem o espectáculo iniciado há uma semana em Espinho com a eleição da Comissão Política e do Secretariado Nacional. Como se esperava, o órgão máximo é completamente dominado por fiéis do grande líder. O partido do Largo do Rato, que o secretário-geral diz ser de esquerda, moderado, democrático e popular, sem que ninguém lhe pergunte o que é que tudo isto quer dizer, instalou-se no Estado e nos negócios de uma forma invulgar nesta democracia com 34 anos.
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Tudo gira à volta do grande líder, que não se engana e manifestamente não tem quaisquer dúvidas sobre o que anda a fazer neste sítio cada vez mais pobre, muito manhoso, hipócrita quanto baste, deprimido e cada vez mais mal frequentado. As vozes críticas são excepções não só no partido do senhor engenheiro como na sociedade civil.
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Os militantes procuram não desagradar ao chefe, que lhes dá lugares em tudo o que é administração pública e nas listas para as eleições que aí vêm, e os empresários gravitam à volta do senhor presidente do Conselho porque sabem que os negócios são todos decididos em São Bento, com ou sem concursos públicos, e quem desagradar ao chefe corre o risco de ficar fora da lista dos privilegiados. O grande líder não ouve ninguém, só ele tem ideias para resistir à crise, é o pai e a mãe dos indígenas, das famílias e das empresas.
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No meio deste deserto de princípios e de coragem aparecem, uma vez por outra, alguns corajosos que ousam pôr o dedo na ferida e dizer que o rei vai nu. Belmiro de Azevedo é um deles. O outro é Alexandre Soares dos Santos, dono da Jerónimo Martins, que já afirmou que a demagogia irresponsável do grande líder estava a agravar a tremenda crise do sítio e que esta semana voltou ao ataque quando disse que o senhor presidente do Conselho está cansado, mal assessorado e obcecado por Francisco Louçã e o seu Bloco de Esquerda. Alexandre Soares dos Santos disse mais.
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Numa altura em que o desemprego dispara e lança milhares de pessoas no desespero, o empresário não percebe por que é que o Governo não ouve nem discute medidas concretas de defesa do emprego com as empresas e seus gestores. Alexandre Soares dos Santos não percebe. Ou melhor, percebe bem de mais. Como vão percebendo muitos portugueses. O Partido Socialista assaltou o Estado de uma forma nunca vista e usa os dinheiros públicos para comprar apoios e castigar quem ousa pôr em causa o grande líder.
António Ribeiro Ferreira
in CM

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