quinta-feira, 14 de agosto de 2008

CONTOS DE VERÃO IV

Novas tecnologias

Como de costume, os avós saíram do monte a caminho de Badajoz onde, todas as semanas, faziam compras mais baratas do que deste lado da fronteira, especialmente combustível para a viatura e rações para os animais.

Por terem os dois netos mais novos a passar uns dias com eles, sentaram-nos em duas cadeirinhas para crianças, colocadas no banco de trás e seguiram viagem pelo caminho habitual, prestando atenção e respondendo às insistentes perguntas dos petizes que, num alvoroço, comentavam tudo o que viam e solicitavam esclarecimentos sobre o que não conheciam.

Chegados ao destino e após o reabastecimento necessário com algumas guloseimas à mistura, o tempo escoou-se sem darem por ele e decidiram regressar por um atalho que não conheciam bem.

Para evitar percalços, o avô ligou o GPS em alta voz e foi seguindo atentamente as indicações até retomar a estrada principal e desligar o aparelho.

Inconformada, a neta de três anos pedia com insistência para a deixarem ouvir “a senhora” enquanto a avó lhe ia dizendo para se calar e não distrair o avô. Sem sucesso.

Até que o irmão, mais velho um ano, resolveu o assunto:

- Não vês que a senhora foi ajudar um homem que anda perdido?

Remédio santo.

Álvaro Fernandes

14 de Agosto, 2008

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