domingo, 31 de agosto de 2008

Apostamos?

Finalmente, finalmente acabaram as férias em que parecia nada acontecer com doméstico interesse político excepto o ensurdecedor silêncio de Manuela Ferreira Leite.
Nas primeiras semanas, reputados analistas, jornalistas estagiários e dedicados militantes dedicaram-se (não, não se trata de uma redundância. Antes de manifesta dedicação ao culto do silêncio) enaltecendo a virtude da contenção verbal.
Em surdina e nas entrelinhas, argumentavam com a nefasta verborreia do seu antecessor ao leme do partido, para justificarem o régio silêncio da nova líder. E mais: o seu currículo era garantia absoluta de vitória eleitoral.
Bastaria à senhora candidata mostrar pergaminhos ministeriais na ponta final da próxima campanha eleitoral, para vencer as legislativas e ser eleita para o cargo que o actual inquilino de Belém ocupava quando lhe confiou as pastas da educação e das finanças. Com o resultado que a memória já apagou…
Eram favas contadas.
Os mais esclarecidos foram explicando que “o silêncio tem voz” e, os outros, continuaram acreditando que “no segredo está a alma do negócio”.
O que ainda não perceberam foi a razão porque os “barões” do partido lhes venderam tão silenciosa “oposicionista”.
O que ainda não perceberam é que este governo serve melhor os seus interesses do que uma eventual alternância com os mesmos objectivos. Garantidos pela tal “cooperação institucional” entre Belém e São Bento. Que tão bem tem funcionado ao serviço dos interesses representados pelos "barões" que, há trinta anos, nos governam.
O que ainda não perceberam é que Manuela Ferreira Leite não passa do “Joker” no baralho que Cavaco Silva tem na mão e José Sócrates distribui.
Apostamos?

Álvaro Fernandes
31 de Agosto, 2008

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