segunda-feira, 30 de junho de 2008

A REVOLTA DOS GENERAIS



Generais insurgem-se contra o estado a que isto chegou


Vários generais que desempenharam funções de chefia nas Forças Armadas não têm calado a sua revolta pelo estado a que o país chegou, criticando o não cumprimento das promessas feitas pelo governo aos militares, a falta de equipamento das Forças Armadas, o fim do voluntariado, a falta
de um conceito estratégico de Defesa Nacional e, num plano mais vasto, os vícios do sistema político, a promiscuidade entre o poder político e económico, a crise económica e social, as assimetrias na distribuição do rendimento, o imediatismo, o populismo e a desinformação da
comunicação social, a perda da liberdade e da independência nacional. No passado domingo, no dia do Combatente, também assinalando o 90.º aniversário da Batalha de La Lys, o general Rocha Vieira, actual chanceler das Antigas Ordens Militares, nomeado por Cavaco Silva considerou que "vivemos tempos de crise em que se esquece o valor do serviço e o respeito pela realidade, tempos que ignoram o passado da independência e anunciam um futuro sem liberdade". Entretanto, o último número da "Revista Militar" foi inteiramente preenchido com artigos de vários generais contra a contra a situação vigente. Em editorial, o ex-CEMGFA general Espírito Santo, considerou que "a Lei da Programação Militar constitui um embuste". Na mesma revista, o general Loureiro dos Santos escreveu que os "Os militares sentem-se maltratados pelo poder político". Por sua vez, o general Martins Barrento referiu que hoje as Forças Armadas estão submetidas não só aos interesses de Estado mas também, por via da promiscuidade existente, ao poder económico e mediático. Num extenso artigo, o ex-CEME, Martins Barrento também refere que há o risco de"as Forças Armadas se poderem sentir como um corpo estranho na nação". Recorde-se que o general Garcia Leandro foi o primeiro a manifestar-se, em Fevereiro passado, contra o estado de coisas no país, num artigo publicado no "Expresso". Com palavras que nunca se tinham ouvido na boca de um general, ainda para mais com funções actuais de presidente do Observatório de Segurança, Garcia Leandro escreveu, entre muitas outras frases polémicas que "a explosão social está a chegar" e que "vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa" em Portugal. O SEMANÁRIO publica extractos das intervenções e dos artigos publicados pelos generais. (CONTINUA)

In Semanário

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