Enigma. Renascentista de corpo inteiro, Miguel Ângelo foi mestre em diferentes áreas do conhecimento. Artista ímpar, é o autor dos frescos da Capela Sistina. Ao longo dos anos, diferentes teorias têm afirmado que a sua obra maior é o espelho da sua personalidade, através de mensagens subliminaresPrimeiras teorias surgiram ainda na década de 50
A primeira teoria surgiu em 1950, quando um diplomata venezuelano visitou a Capela Sistina, no Vaticano. Entre o colossal fresco que preenche a totalidade de uma das paredes do edifício, Joaquin Diaz González descobriu que Miguel Ângelo, o renascentista responsável pela obra, escondera o perfil de Dante, poeta italiano autor de A Divina Comédia (1265-1321). Tratava-se, afinal, de um elogio à obra que tanto admirava. Ao mesmo tempo, era apenas a primeira etapa da construção do Código Miguel Ângelo, que por estes dias já chegou aos livros e à blogosfera, como salientou um trabalho recentemente publicado no Sunday Times.Depois de Dante, Joaquin Diaz González descobriu a figura de Jesus Cristo no mesmo fresco. Escreveu um livro e tornou público o seu encontro visionário. O título está fora das livrarias há décadas, mas fenómenos como O Código Da Vinci e um renovado interesse na história da arte e na sua relação com a religião recuperaram velhos mitos - tornados realidade por alguns: desde aparições de extraterrestres até às mensagens que fazem de Miguel Ângelo um adorador das artes satânicas, as teorias multiplicam-se.Entre estas, uma das mais enunciadas é a que encontra caracteres hebraicos entre as figuras pintadas na Capela Sistina. Com Lorenzo de Médici como mecenas, Miguel Ângelo acompanhou as influências culturais da mais importante das famílias renascentistas. Segundo alguns estudiosos, os ensinamentos judaicos e o culto da Kabbalah encontraram um adepto no artista renascentista, que teria espelhado o seu interesse no judaísmo através de um dos mais importantes monumentos ao cristianismo. No entanto, a existência de um código ganharia corpo com a publicação de um artigo no Journal of Medical Association por Frank Meshberger. Argumentava-se que na pintura Criação de Adão, a imagem que rodeia a figura de Deus é o exacto perfil de um cérebro. Meshberger apontou que estava mesmo representada a espinal medula e a artéria vertebral. "Os conhecimentos de anatomia permitiram a Miguel Ângelo mostrar aquilo que realmente pretendia: a entrega de intelecto por parte de Deus a Adão, não a simples criação", disse então Meshberger.A anatomia é, aliás, um dos temas mais abordados pelos defensores deste novo "Código". Em 2000, Garabed Eknoyan revelou as suas descobertas na revista Kidney International. Bastaria remover a figura de Deus do quadro da Separação da Terra e das Águas para encontrarmos a representação de um rim. No século XVI, pensava-se que os rins serviriam para separar sólidos de líquidos, portanto Miguel Ângelo estaria a relacionar a imagem com a sua mensagem. Além de conspirações judaicas e estudos anatómicos, a obra da Capela Sistina revela também (de acordo com a dupla de investigadores Blech e Doliner) insultos ao Papa Júlio II (devido às discussões sobre as pinturas na Capela), através da figura do profeta Zacarias e das crianças que o rodeiam.
Tiago Pereira in DN
A primeira teoria surgiu em 1950, quando um diplomata venezuelano visitou a Capela Sistina, no Vaticano. Entre o colossal fresco que preenche a totalidade de uma das paredes do edifício, Joaquin Diaz González descobriu que Miguel Ângelo, o renascentista responsável pela obra, escondera o perfil de Dante, poeta italiano autor de A Divina Comédia (1265-1321). Tratava-se, afinal, de um elogio à obra que tanto admirava. Ao mesmo tempo, era apenas a primeira etapa da construção do Código Miguel Ângelo, que por estes dias já chegou aos livros e à blogosfera, como salientou um trabalho recentemente publicado no Sunday Times.Depois de Dante, Joaquin Diaz González descobriu a figura de Jesus Cristo no mesmo fresco. Escreveu um livro e tornou público o seu encontro visionário. O título está fora das livrarias há décadas, mas fenómenos como O Código Da Vinci e um renovado interesse na história da arte e na sua relação com a religião recuperaram velhos mitos - tornados realidade por alguns: desde aparições de extraterrestres até às mensagens que fazem de Miguel Ângelo um adorador das artes satânicas, as teorias multiplicam-se.Entre estas, uma das mais enunciadas é a que encontra caracteres hebraicos entre as figuras pintadas na Capela Sistina. Com Lorenzo de Médici como mecenas, Miguel Ângelo acompanhou as influências culturais da mais importante das famílias renascentistas. Segundo alguns estudiosos, os ensinamentos judaicos e o culto da Kabbalah encontraram um adepto no artista renascentista, que teria espelhado o seu interesse no judaísmo através de um dos mais importantes monumentos ao cristianismo. No entanto, a existência de um código ganharia corpo com a publicação de um artigo no Journal of Medical Association por Frank Meshberger. Argumentava-se que na pintura Criação de Adão, a imagem que rodeia a figura de Deus é o exacto perfil de um cérebro. Meshberger apontou que estava mesmo representada a espinal medula e a artéria vertebral. "Os conhecimentos de anatomia permitiram a Miguel Ângelo mostrar aquilo que realmente pretendia: a entrega de intelecto por parte de Deus a Adão, não a simples criação", disse então Meshberger.A anatomia é, aliás, um dos temas mais abordados pelos defensores deste novo "Código". Em 2000, Garabed Eknoyan revelou as suas descobertas na revista Kidney International. Bastaria remover a figura de Deus do quadro da Separação da Terra e das Águas para encontrarmos a representação de um rim. No século XVI, pensava-se que os rins serviriam para separar sólidos de líquidos, portanto Miguel Ângelo estaria a relacionar a imagem com a sua mensagem. Além de conspirações judaicas e estudos anatómicos, a obra da Capela Sistina revela também (de acordo com a dupla de investigadores Blech e Doliner) insultos ao Papa Júlio II (devido às discussões sobre as pinturas na Capela), através da figura do profeta Zacarias e das crianças que o rodeiam.
Tiago Pereira in DN
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