sexta-feira, 9 de maio de 2008

A ALIANÇA LUSO-BRITÂNICA

O CAMPO DE SANT’ANNA

Longe, hypocritas vis, longe, impostores,

O mentido apparato religioso!

Que um Deus de amor, o nosso Deus piedoso

Abomina, detesta esses horrores.

De atrozes Leis cruentos guardadores,

Vós curvaes ante o Despota orgulhoso,

E o sangue da patria precioso

Torpemente vendeis por seus favores.

Geme sem protector a humanidade:

E vós, juízes, vós, tigres humanos,

A immolaes sem remorso e sem piedade.

Ah! tremei, sanguinários deshumanos;

Que ella hade vir, tremei, a Liberdade

Punir despotas, bonzos e tyrannos.

Almeida Garret

Casamento de D. João I com Filipa de Lencastre

Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra (sucedida pelo Reino Unido) e Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinada em 1373 - em plena Idade Média, portanto. Os portugueses, em geral, queixam-se de que tal aliança foi sempre mais proveitosa para os Ingleses, enquanto potência internacional de maior força económica e política. Contudo, há que não esquecer o período, após os Descobrimentos, em que Portugal era assumidamente uma potência internacional de maior influência. Hoje em dia, a aliança já não é, praticamente, invocada, ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal, contudo, teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental, incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados privilégios em território português.

História

Idade Média

A ajuda inglesa à Casa de Avis foi o primeiro patamar de um conjunto de acções de cooperação com Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa portuguesa por mais de 500 anos. Em 9 de Maio de 1386, o Tratado de Windsor afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III, e filho de Henrique IV, teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de D. Fernado I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde de 10 de Julho de 1372, os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival, deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono. Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres de 16 de Junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.

João de Gante deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a D. João I - acto que selou a aliança política. A influência de Filipa de Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração) bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.

Do século XVII ao século XIX

Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, ficou acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses Tânger em Marrocos e Bombaim na Índia

O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.

Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola em que Portugal começou por tomar parte pela França, em conjunto com o Duque de Sabóia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim. Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta militar que permitiria recuperar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.

Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as relações entre Portugal e reino Unido entraram em crise, agravada pelo Ultimato, que gerou uma forte reacção patriótica contra os Britânicos.

Século XX

Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:

As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal em 9 de Março de 1916.

Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.

Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.

Em 1982, durante a Guerra das Malvinas as bases militares nos Açores estiveram de novo à disposição da Marinha Real Britânica.

Importância na actualidade

Hoje em dia, como os dois países são membros da União Europeia e da NATO, as suas relações são coordenadas mais por tais instituições que pelos pontos previstos nos diversos tratados que formam a totalidade da Aliança.

2 comentários:

zigoto disse...

Pois é...
Se bem me lembro - como diria Vitorino Nemésio - este tratado só tem servido aos bifes.
Foram as 3 invasões francesas, o mapa cor de rosa, as indemnizações que nunca recebemos [e nos são devidas] pela participação na I Guerra Mundial - em que servimos de carne para canhão - e, para compor o ramalhete, cá temos o famigerado "allgarve" ao serviço de casos Maddie & Cia com apoio do governo de sua majestade e beneplácito de uma criatura denominada Sócrates.
Já há muito devíamos tê-los mandado apanhar banhos de Sol para Albion.
Mas, para tanto, teremos de ressuscitar o Marechal Gomes Freire de Andrade que, o canalha do Beresford, teve o desplante de mandar enforcar na muralha de S. Julião da Barra.
Disse!

Anónimo disse...

Não não...continuamos é a apaparicá-los no ALLgarve e outros paraísos que temos, fazendo-lhes muitas reverências e mostrando-lhes o "tutu" em nome das "euro-coroas" que cá deixam. Em troca tratam-nos como criados. É bem feito! Nós nascemos para servir por esse mundo fora.