sexta-feira, 30 de maio de 2008


MAIS UMA DE UMA LONGA COBARDIA

Antigamente - um pouco depois dos tempos em que ele, de moca e de osso atravessado no nariz, a arrastava pelo cabelo até à caverna - o lençol nupcial era exposto no bairro. Se havia sangue, a noiva era virgem e o casamento podia seguir em frente. Antigamente..., iludo-me eu, como se as coisas não pudessem voltar para trás. Em Lille (Norte de França), um tribunal anulou um casamento porque a noiva - muçulmana como o noivo - mentiu sobre a sua virgindade. Na madrugada do casamento, o noivo, engenheiro, levou a noiva a casa dos pais dela porque lhe faltava uma peça (assunto privado). E um tribunal, no ano de 2008!, deu-lhe razão (assunto público). Deixo para os advogados e juízes o valor jurídico do ela ter mentido, como se a lealdade pudesse existir entre desiguais (o engenheiro não teve de jurar a sua virgindade, nem tinha como a provar). A nossa cobardia está a atirar estas noivas europeias para o passado. Assim, o passado virá ter com todos nós, não tarda.

Ferreira Fernandes in DN

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