A distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos conduziu a uma discriminação clara dos primeiros, já que só os segundos eram considerados verdadeiros portugueses. Em Abril de 1499 um alvará proíbe a saída do País aos cristãos-novos. Todavia, não lhes era limitada a ascensão a cargos políticos ou administrativos. Ao mesmo tempo, poder-se-iam casar com cristãos-velhos. No tempo de D. Manuel, o título de “cristão-novo” não era impedimento à admissão aos cargos eclesiásticos ou do Estado.
Apesar de uma certa liberdade de consciência e de alguma protecção régia, a situação assumiu contornos dramáticos na fatídica Páscoa de 1506. Houve revoltas populares contra os cristãos-novos, tendo a população sido impulsionada pelos frades dominicanos. Os cristãos-novos são perseguidos e cerca de 2000 são mortos. A desconfiança e a insegurança dos cristãos-novos, se nunca desapareceram, antes aumentavam agora, obrigando-os a procurar outras paragens. Em 1531, D. João III manda instalar a Inquisição em Portugal. Por causa do medo da Inquisição, os cristãos-novos, maioritariamente judeus, nunca mais tiveram tranquilidade e paz em Portugal. Continuaram, clandestinamente, a fugir para os Países Baixos, Constantinopla, Norte de África, Grécia, Itália e Brasil, mantendo laços secretos e apoiando os cristãos-novos portugueses. A maioria das 1500 vítimas da Inquisição portuguesa e boa parte dos seus 25000 processos eram de cristãos-novos. No nosso País, o Tribunal do Santo Ofício contribuirá muito para o desaparecimento dos ofícios nas regiões de Trás-os-Montes e Beiras, onde os judeus eram os dinamizadores da produção de têxteis, sedas e lanifícios. Para além da confiscação de bens, os cristãos-novos sofrerão atestados de “limpeza de sangue” nas candidaturas a cargos públicos, militares ou da Igreja, o que os afastava por possuírem confirmação da Inquisição. No século XVII, o apoio financeiro e político dos cristãos-novos à Restauração – através das conexões judaicas de origem portuguesa na Europa – ter-lhes-á permitido uma certa ascensão social e algumas liberdades e garantias, iniciando-se o reaparecimento dos grupos mercantis. Com a morte de D. João IV, porém, recomeça o pesadelo inquisitorial e as perseguições contra os cristãos-novos.
É então que, em 1773 (dia 25 de Maio), o Primeiro-Ministro de D. José I, Marquês de Pombal, pôs fim ao clima de instabilidade que se sentia entre os cristãos-novos, devido às perseguições por parte da Inquisição, acabando com as perseguições e reduzindo bastante as actividades do Tribunal do Santo Ofício, através da promulgação uma lei que extinguia as diferenças entre cristãos-velhos e cristãos-novos, tornando inválidos todos os anteriores decretos e leis que discriminavam os cristão-novos.
Foram queimadas as listas de cristãos-novos no País, foi abolida a “limpeza de sangue”, e passou a ser proibido usar a palavra "cristão-novo", quer por escrito, quer oralmente. As penas para que usasse a expressão “cristão-novo” eram pesadas. Algumas fontes referem que o Marquês de Pombal tomou estas medidas a favor dos cristãos-novos devido ao facto de estes, sendo na sua grande maioria comerciantes, darem um grande contributo económico a Portugal. A partir daí, os cristãos-novos deixam de ser culpabilizados pelos males do mundo e passaram a poder exercer todos os cargos e empregos públicos, a par do domínio da burguesia, eliminando-se as estruturas do Antigo Regime. Em 1779, no reinado de D. Maria I, o Papa Pio VI concedeu autorização aos cristãos-novos para desempenharem cargos eclesiásticos. Também lhes foi concedida autorização para a admissão às ordens militares.
A Inquisição transformou-se em tribunal de Estado, acabando com a encenação daquela instituição clerical contra os cristãos-novos que lentamente assumiram o seu Judaísmo.
Pedro Nunes (matemático), Abraão Usque (editor e tradutor), Garcia de Orta (médico e naturalista), António José da Silva (dramaturgo que morreu na fogueira inquisitorial um pouco antes das medidas de Pombal), Ribeiro Sanches (médico), Baruch Espinosa (filósofo) e Rodrigues Lobo (poeta) são alguns dos cristãos-novos portugueses com dimensão histórica e cultural, herdeiros de um potencial intelectual e científico avançado em relação àquilo que o nosso país produzia em termos de pensamento, técnicas, artes e letras. Muitas obras e indivíduos perderam-se nas teias da Inquisição, apenas por terem nascido cristãos-novos. Calcula-se hoje que boa parte das vítimas do Holocausto nazi descendiam de cristãos-novos portugueses fugidos nos séculos XVI e XVII.
James Cleveland "Jesse" Owens (12 de setembro de 1913, Oakville, Alabama - 31 de março de 1980, Tucson, Arizona) foi um atleta e líder civil norte-americano extremamente popular. Participou nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, Alemanha, onde se tornou conhecido mundialmente por ganhar quatro medalhas de ouro nos 100 e 200 m, no salto em comprimento e nos 4x100 m.
A notória propaganda nazi não ficou de fora dos Jogos Olímpicos de Berlim, tanto que o incentivo aos atletas germânicos(não judeus) foi tão grande que estes conseguiram colocar a Alemanha no topo do Ranking com 33 medalhas de ouro seguidos do 2º colocado, os EUA com 24 medalhas de ouro. Nunca foi comum na história das olimpíadas, os germânicos dominarem o Ranking desta maneira numa única edição, servindo de exemplo de como o idealismo político pode influenciar os desportos e vice-versa, o que também foi semelhante nas décadas seguintes com a guerra fria e a disputa entre URSS e EUA no quadro de medalhas de cada edição.
Toda esta movimentação fez milhares de telespectadores não alemães e jornalistas presentes no estádio de Berlim e ao som do hino alemão ``Deutschland,Deutschland über Alles" (Alemanha acima de todos, em português),a especularem sobre vitórias de atletas que contrariassem toda a ideologia nazi reconhecida na época tanto por alemães como por outras nações europeias.
Antes de começar a saga de Owens, Cornelius Johnson, um outro atleta negro, ganhou a medalha de ouro no salto em altura. Hitler que até então tinha apenas apertado a mão de um atleta finlandês e outro alemão ambos vencedores de atletismo, retirou-se do estádio logo no primeiro dia, após ser alertado pelo COI (Comité Olímpico Internacional) de que teria de cumprimentar todos os vencedores ou nenhum destes. A versão conhecida de que Hitler tenha abandonado o estádio quando Owens venceu, foi confundido com a história de Cornelius, talvez a imprensa assim fizesse parecer pelo facto de Owens ter sido o maior vencedor daquela edição olímpica, o que serviria como uma melhor propaganda anti-nazi, nesta história em que saiu ofuscado Cornelius Johnson.
Daí em diante começava o show de Jesse Owens, que venceu os 100m e 200m, estafeta de 400m e salto em comprimento. Quando Owens venceu a prova dos 200m ele virou os olhos para o COI e não para a tribuna de Hitler, pois este já não estava lá para assistir ao seu feito. Jesse Owens foi aclamado por milhares de espectadores de diversas nações, inclusive muitos alemães, que também aplaudiam o alemão Lutz Long que terminou a prova em segundo lugar. Os EUA, que trataram seus atletas negros como auxiliares, conseguiram vencer 10 provas de atletismo. Destas, 6 medalhas de ouro foram conseguidas com a participação de quatro negros.
Talvez a maior lição de vida que se possa obter do caso Owens, não é da sua história com Adolf Hitler ser repleta de especulações, mas sim pelo facto de fazer seus próprios conterrâneos americanos aceitar e respeitar cidadãos negros, o que em muitos momentos Owens chegou comentar na sua biografia.
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