As estratégias de burla adoptadas com mais frequência para tentar
enganar os consumidores obedecem a um padrão que ultrapassa, frequentemente
as fronteiras nacionais, generalizando-se, inclusivamente, à custa de meios
de comunicação instantânea como o correio electrónico.
Como se trata de um "negócio" globalizado, os consumidores portugueses
sofrem, infelizmente, do mesmo tipo de abordagens fraudulentas, pelo que se
considera importante dar a conhecer a lista e os processos mais utilizados
em tais propostas.
1. Oportunidades de negócio - É apresentada uma ocasião única de
lançar um negócio tremendamente lucrativo e nada trabalhoso. Não são dados
grandes pormenores, mas a actividade proposta é quase sempre tecnológica ou
aproveita as possibilidades da Internet, sendo inédita e muito eficiente.
Esconde, normalmente, um esquema de venda em pirâmide não só proibido por
lei como destinado a um fragoroso fracasso.
2. Venda de listas de correio electrónico - Chamado em inglês
"bulk e-mail", este esquema propõe a venda de milhares ou milhões de
endereços de e-mail, geralmente ordenados com uma pretensa segmentação. O
esquema pode até integrar a própria remessa das ditas mensagens por conta do
"comprador", caso em que as verbas envolvidas serão mais significativas. O
propósito das mensagens seria a publicidade de produtos ou serviços, reais
ou fictícios, para cuja contratação se pretenderia obter dinheiro adiantado.
3. Cartas em cadeia - Esquema mais tradicional (pre-Internet),
propõe o envio de pequenas quantias às pessoas que fizeram chegar a
mensagem, bem como o reenvio dessa mensagem a outros correspondentes, que
supostamente responderão enviando, também eles, as mesmas quantias ao agora
remetente. O sistema de pirâmide é óbvio, como óbvia é a certeza de que tudo
vai acabar por ruir, mais tarde ou mais cedo, deixando desilusões e
prejuízos.
4. Trabalhe em casa - Aproveitando a existência de grande número
de pessoas menos ocupadas ou que pretendem desenvolver uma actividade que dê
proveitos extra mas não obrigue a trabalhar fora de casa, os promotores
deste esquema dizem ter em carteira clientes para quem queira dobrar
folhetos, inserir cartas em envelopes, fazer trabalhos simples em computador
ou até apenas colar selos em cartas. Na sua versão original, o interessado
tem que pagar uma verba inicial para ser admitido, recebendo, normalmente,
em troca dessa adesão não uma tarefa concreta para desenvolver, mas
instruções ou um livro, contendo sugestões para procurar ele próprio
arranjar encomendas e trabalhos.
5. Dietas e curas milagrosas - Sendo igualmente um negócio que
evoluiu do tempo da "banha da cobra", que curava todos os males, para a
versão electrónica das dietas 110% eficientes e que não implicam esforço
físico nem restrições alimentares, podem consistir na venda dos próprios
produtos milagrosos ou apenas na de folhetos contendo os "segredos". Podem
prometer tratamento milagroso para a queda de cabelo, para disfunções
sexuais ou até para o cancro, e são quase sempre baseados em testemunhos de
médicos supostamente famosos ou de doentes "milagrosamente" recuperados.
Aqui o que há que reter é que não há dieta sem esforço nem curas milagrosas.
6. Rendimentos sem esforço - As mil e uma maneiras de ganhar
dinheiro sem trabalhar são o mote de inúmeras propostas que garantem lucros
substanciais em operações cambiais, transferências internacionais e
aplicações financeiras da mais variada natureza. A questão a colocar,
segundo o FTC, é básica: se fosse assim tão fácil, porque não estaríamos já
todos ricos?
7. Oferta de produtos grátis - Neste esquema é proposto ao
interessado que ganhe computadores, impressoras, telemóveis, PDAs ou outros
bens de valor elevado. Tudo o que tem a fazer, um vez que foi "especialmente
seleccionado", é pagar uma pequena quantia para aderir e arranjar um certo
número de outras vítimas. Quando (se) estas aderirem em número suficiente,
talvez o concorrente receba alguma coisa, se entretanto as autoridades não
puserem cobro a esse logro piramidal. De qualquer maneira, se alguma os
produtos em causa não são é grátis. Alguém tem que pagar por eles...
8. Oportunidades de investimento - Baseados em informação
fidedigna ou em garantias "absolutas", são propostos investimentos
financeiros de certo montante, os quais darão (dariam...) direito a elevadas
taxas de rendimento. Às vezes, os promotores chegam a garantir o reembolso
integral do dinheiro aplicado, depois de ele ter rendido bons juros. O mais
frequente, nestes casos é que nem o investimento inicial torna a ser visto,
quanto mais o seu rendimento. Mas outras vezes chegam a ser entregues juros
consideráveis, o que anima os investidores a voltar a meter dinheiro no
sistema e a trazer para ele amigos e conhecidos. E, já agora, porque daria
alguém uma tão proveitosa oportunidade a um completo desconhecido? As almas
caridosas e desinteressadas não são assim tão frequentes...
9. Aparelhos de descodificar TV cabo - O êxito dos prestadores de
serviços de TV por cabo e a ânsia de alguns em economizar, levou ao
surgimento deste novo esquema, em que se procura ganhar dinheiro à custa dos
operadores do serviço. Trata-se de comprar um pequeno aparelho que,
supostamente, descodifica o sinal, tornando desnecessário o pagamento da
assinatura mensal. Só que muitas vezes nem sequer funciona, e, se funcionar,
coloca o utilizador em infracção legal, punível criminalmente. Mas quando
isso for detectado já nem o paradeiro do fornecedor do equipamento se
conhece, arcando o utilizador com todas as cosequências legais.
10. Crédito garantido com facilidade - Aparecem muito propostas de
crédito em condições muito favoráveis e sem necessidade de garantias
hipotecárias, apenas sendo necessário desembolsar algum dinheiro para aceder
às indicações para o obter. Depois do pagamento feito, e imediatamente antes
de o promotor deixar de dar sinais de vida, o mais que os incautos recebem é
uma lista de reais ou fictícias instituições de crédito que, uma vez
contactadas, recusam, naturalmente, o crédito pedido, uma vez que nada têm a
ver com o esquema organizado.
11. Restauro da capacidade de acesso ao crédito - A generalização dos
sistemas de crédito e o sobre endividamento de muitos consumidores vieram
criar campo para o aparecimento de "generosos" promotores que prometem
crédito a quem o não pode ter ou a até a pessoas que estão inibidas de usar
cartões de crédito, chegando a garantir limpar os registos de inibição de
acesso ao crédito. Para tal, apenas é necessário proceder a um pagamento
adiantado desses serviços. Só depois, se a coisa não funcionar, como não
pode funcionar, é que os lesados vêm o logro.
12. Promoções de Férias - Alguns consumidores são "especialmente
seleccionados" através de e-mail como beneficiários de magníficos prémios ou
condições verdadeiramente irrecusáveis de cruzeiros ou outras viagens de
sonho. Uma vez aderentes, pagas as quantias pedidas e chegados ao suposto
Hotel de luxo, deparam-se com uma residencial abaixo de qualquer
classificação, ou até mesmo com a famosa Pensão Estrela, acabando a dormir
na rua. Quanto aos cruzeiros contratados a preço muito favorável, acabam por
ser em meras barcaças, se é que chega mesmo a aparecer alguma coisa. Às
vezes há ainda uma tentativa suplementar de extorquir mais dinheiro à
vítima, propondo upgrades ou locais de alojamento alternativo. Note-se que
não nos referimos, aqui, aos programas de férias que são propostos por
operadores e agências de viagem e que acabam por não corresponder ao
prometido nos contratos e nos folhetos. Embora frequentes e devendo ser
denunciadas e combatidas, essas situações configuram, a maior parte das
vezes conflitos de consumo, e não verdadeiras fraudes.
Por tudo isto, tenha cuidado e esteja atento!
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