quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

FRASES

Estas são algumas das frases que foram ditas nos dois meses anteriores, respigadas da imprensa escrita. A maior parte delas reflecte a “crise”, embora a crise em Portugal seja muito anterior à “crise”. Ou seja, uma veio implantar-se sobre a outra, para complicar mais a situação - se me faço compreender. E a “crise” está a agudizar-se tanto que já chegou a esse oásis de cinzentismo e de remanso que é a Assembleia da República. Hoje, ao acompanhar pela televisão o debate com o Primeiro, fiquei surpreendido com a agressividade de certas intervenções. A discussão “azedou”. Por este andar, com a ajuda da “crise”, poderemos em futuro próximo ter os deputados e o Governo envolvidos em cenas de pugilato como aconteceu várias vezes na Coreia do Sul, ou em certas repúblicas da América do Sul.
.
[António Costa] disse que o combate por Lisboa será entre a cigarra (Santana) e a formiga (ele próprio). Mas Lisboa precisa mais do que “bocas” e a formiga tem de mostrar que trabalha.
Pedro Tadeu, 24 Horas.
.
No fundo todos [os políticos] são as cigarras a tentar fazer-se passar por formigas.
Alice Vieira, 24 Horas.
.
O verdadeiro drama do nosso centro-direita é que nunca conseguiu assumir alguns valores do liberalismo e nunca saiu da sombra do estado.
Ricardo Costa, Diário Económico.
.
O problema deste Governo, além do autismo, é o seu ponto de partida pessimista, autoritário, áspero […].
Joana Amaral Dias, Notícias Magazine.
.
Num período de crise aguda […], é importante que não se deixem de criar focos de revolta que são sempre perigosos e de consequências imprevisíveis.
Mário Soares, Diário de Notícias.
.
Num país de discursos e clivagens ocultas, já era tempo de alguém fazer política.
João Lopes (referindo-se ao Presidente da República, Cavaco Silva), Diário de Notícias.
.
Temos Portugal tolhido pelo pavor do futuro. […] Já vimos este país estar de tanga e eufórico, falido e entusiasta. Esta crise não é nada.
Leonel Moura, Jornal de Negócios.
.
Todos têm chegado ao poder prometendo mundos e fundos e depois fazem política mandando apertar o cinto. Agora há a crise mas o aperto do cinto é crónico há longos anos.
João Paulo Guerra, Diário Económico.
.
O Governo adoptou o método daqueles médicos que não dizem à primeira que temos uma grave doença. […] Agora que a crise está oficialmente declarada uma coisa é fundamental que se exija: transparência total.
Paquete de Oliveira, Jornal de Notícias.
.
A democracia é o único regime que permite o voto com expectativas excessivas, irrealistas, mesmo descabidas.
Pedro Lomba, Diário de Notícias.
.
Os portugueses já se vêem divididos em dois grupos: os empregados e os desempregados
Maria José Nogueira Pinto, Diário de Notícias.
.
É indispensável mudar as concepções herdadas do passado neoliberal, economicista, próprias do “capitalismo do casino”, que faliu clamorosamente. […] Precisamos de um capitalismo ético.
Mário Soares, Visão.
.
É mais fácil pensar que o nosso problema é a crise […]. Mas muito do que nos está a acontecer […] tem a ver com o desmoronar de uma ética colectiva, com a debilidade das instituições, com a falta de nervo da cidadania, com o espírito trapalhão com que nos gerimos.
Maria José Nogueira Pinto, Diário de Notícias.
.
Os telejornais são a verdadeira angústia para o jantar com as notícias da crise, cada uma delas pior que a anterior.
Emídio Rangel, Correio da Manhã.
.
Se o capitalismo do Estado faliu e não deixou nenhumas saudades, o capitalismo tal como o conhecemos também não regressará das cinzas dos seus mitos e das ilusões de um crescimento sem futuro.
Vicente Jorge Silva, Sol.
.
A politização férrea dos cargos na Saúde [em Portugal] e a violação das boas políticas podem comprometer, muitas vezes, a vida.
Paula Teixeira da Cruz, Correio da Manhã.
.
É incomparavelmente mais dramático para um pobre perder o emprego precário em que recebe o salário mínimo que para um rico perder alguns dos seus muitos milhões. E acima da crise, o que as notícias dão conta é do aumento da desigualdade, que já era gritante em Portugal.
João Paulo Guerra, Diário Económico.
.
Finalmente José Sócrates usou a palavra iniciada por R, que recusou durante meses ao ponto de gerar mais desconfiança que confiança. […] Com a entrevista [na SIC] a recessão passou a ser oficial.
Helena Garrido, Jornal de Negócios.
.
A justiça penal continua, como há vinte anos, a ser controlada politicamente à distância na sua capacidade de atingir interesses poderosos.
Eduardo Dâmaso, Correio da Manhã.
.
Os juízes e advogados estão em guerra aberta. Muitas vezes, a conflitualidade tem mais de feira de vaidades do que de confronto de projectos. O Freeport é a soma de tudo isso: começou com manipulação política e vai naufragar na ineficácia judicial.
Eduardo Dâmaso, Correio da Manhã.
.
O que conheço do futebol português dava para fazer um filme com tanta acção ou mais que o filme “O Padrinho”. Uma saga sem fim.
Jaime Pacheco, Record.
.
Impressionante a facilidade com que alguém rouba e nem precisa de correr para fugir.
Carlos Marques, Empresário, referindo-se aos casos de crime (no Diário de Notícias).

2 comentários:

zigoto disse...

Frases?
Sim, mas muito mais do que isso:
Um verdadeiro retrato do País que temos e em que vivemos.

Anónimo disse...

Frases! Exactamente... frases leva-as o vento. Se toda esta gente que fala, escreve, em vez de caneta pegasse numa "vassoura" já se teria dado uma boa limpeza em toda a porcaria que imunda e inunda o país.
Enfim, somos o que somos, incluindo eu que também me atrevo apenas a dar uns bitates que de nada servem.