sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ganhar o partido...

José Sócrates foi eleito por 96% dos votos. Ganhou de forma esmagadora mas – vale a pena brincar ... – não conseguiu ultrapassar os 98,9 % de uma das vitórias norte-coreanas de Guterres.
Estas vitórias por tais valores, que foram também um dos triunfos de Cavaco Silva no auge das suas maiorias, são uma das maiores expressões da pobreza da vida partidária. São triunfos de inteira legitimidade mas dão um retrato implacável dos partidos.
Não há debate interno mas mera anuência ao que o líder diz. Não há uma construção de propostas na base de diferentes visões sobre a sociedade. Não há contraditório político nem é admitida a crítica (recorde-se o que aconteceu a Carrilho) e, em alguns casos, os aparelhos expulsam a dissidência, como fez o PSD aos que apoiaram Mário Soares.
A ânsia de ganhar o partido e mantê-lo com rédea curta é um mínimo democrático.
Sócrates poderia ficar muito aborrecido mas seria pior para o inerte e eucaliptizado PS se Manuel Alegre e João Cravinho, entre outros, tivessem condições políticas para ir a um congresso dizer tudo o que lhes vai na alma!?
Ninguém os impede de lá ir mas, manifestamente, não é isso que a generalidade dos seus camaradas quer. Pelo contrário, querem apenas um partido mansinho e unido, de punho cerrado, à volta do seu estimado líder...
Eduardo Dâmaso
in CM

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