domingo, 22 de fevereiro de 2009

A "crise"e as pressões patronais...

Não constituiu surpresa a hostilidade orquestrada pela gerência de uma têxtil de Penafiel, chegando ao ponto de invadir uma sede comunista e agredir quem lá estava.
Muitas entidades patronais estão a aproveitar o pretexto da crise para exercerem ou reforçarem pressões sobre os seus trabalhadores. Tentativas de, com ou sem redução dos dias de trabalho, cortar salários (já muito baixos), fazer despedimentos parciais e individuais, ameaçar com o encerramento das empresas, são as formas comuns desse condicionamento, cada vez mais frequente.
No caso de Penafiel, são ritmos de produção com penalizações salariais e um enquadramento laboral agressivo, factos aliás já parcialmente conhecidos de responsáveis do Ministério do Trabalho.
Este tipo de patrões, (de que o país pouco ou nada precisa para o seu desenvolvimento, que sempre viveu e enriqueceu à custa de baixos salários, incapaz de uma gestão para se adaptar e evoluir), assume cada vez mais a sua verdadeira face feudal, usando mecanismos de intimidação que visam a criação de um clima de medo e de insegurança generalizado.
Este clima, e meia dúzia de capangas semiprofissionais, são suficientes para arregimentar "manifestações espontâneas" que podem, se não forem contidas, degenerar e comprometer o exercício de liberdades democráticas.
É verdade que o Ministério do Trabalho já reconheceu publicamente que o pretexto da crise está a servir para a generalização de encerramentos e despedimentos, para aumentar a discriminação sobre os trabalhadores. Este aproveitamento patronal segue aliás o mau exemplo do primeiro-ministro que a torto e a direito se serve da desculpa da crise para sacudir a água do capote das suas próprias responsabilidades.
Importa passar das palavras aos actos, dar indicações e meios aos "inspectores de trabalho" para agirem e actuarem com mão exemplar contra esta pressão patronal. É isto que nem se vislumbra na acção política de Vieira da Silva…
Honório Novo
in JN

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