A Fisga

Aproveitem a época de saldos

Freeport: estão a «decorrer novas inquirições», diz PGR

Ainda está a ser transmitida a “Grande Entrevista” na RTP, e já assisti ao suficiente para relançar A Fisga que, motivos de saúde, me têm impedido de publicar há alguns meses a esta parte.

O entrevistado é o impagável ministro Augusto Santos Silva, que sobraça a pasta dos chamados assuntos parlamentares e se tornou vedeta dos média, não pela “ligação” parlamentar entre o governo, a Assembleia da República, os partidos da oposição e a sua bancada parlamentar. Nada disso: tem primado por declarações bombásticas, provocatórias, desafiadoras e ofensivas para quem não concorda com a voz do chefe (dele, é claro).

Uma delas, é gostar de “malhar” – quer à direita, quer naquilo que classificou como a esquerda ‘plebeia e a esquerda chique’. Ao que Manuel Alegre reagiu, como era seu dever. Entretanto, usando e abusando da cobertura socrática que o protege, a criatura ainda se permitiu usar do sarcasmo para dizer à imprensa que”ao pé de Manuel alegre, é um pigmeu”.

Pois bem, ainda há minutos, quando a entrevistadora lhe perguntou se o PS contava incluir Manuel Alegre nas listas de deputados, respondeu ‘candidamente’ que isso depende da aceitação de um programa político. Enquanto também ia afirmando que o PS é um partido plural, aonde todos têm lugar, as divergências são uma virtude e…mais uma quantas balelas para entreter militantes e eleitorado.

Mas, o mais interessante e esclarecedor foi a forma como evitou responder, e fintou, as várias perguntas que a jornalista Judith de Sousa lhe fez acerca do tal caso e processo judicial – que (per)dura há 4 anos – chamado Freeport. Aí, começou por dizer que a Justiça não tinha nada a ver com a política. Depois da insistência da jornalista, lá reconheceu que o caso também era político. Estou certo que o vídeo desta entrevista será repetido na televisão e comentado nos jornais.

Entretanto, lá vamos ouvindo o Procurador-Geral da República anunciar que “já há arguidos no processo Freeport” e que talvez amanhã, nos dê o que chamou algumas novidades. Quanto aos tais arguidos… quem serão?

Simultaneamente, o mesmo PGR, anuncia que decorre um processo de averiguações interno para detectar os responsáveis pela ’permanente fuga de informações – vindas a público na comunicação social – de um processo que está em segredo de Justiça’.

Pelo andar da carruagem, não me surpreende que, finalmente, os arguidos desse famigerado processo sejam os tais responsáveis pela “fuga de informações, num processo em segredo de Justiça”.

Assim se evita que a cunha de um tio seja levada a Tribunal como tráfico de influências, se venha a averiguar quem pagou luvas a quem, quem corrompeu e quem se deixou corromper, etc.

De qualquer forma, como a Justiça inglesa parece interessada em provar as suspeitas que tem – e já foram publicadas pela nossa comunicação social – quero acreditar que nem o impagável Santos Silva conseguirá abafar o escândalo.