terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Como ele sabe



Felizes daqueles que, além de médicos, psiquiatras e escritores consagrados – sem conseguirem o Nobel a que, no seu entender, sempre tiveram direito – anunciam que, de aqui a dois anos, acaba tudo é, para o comum dos mortais como eu, um mistério.
Também anunciam que, nesses escassos dois anos que decidiram dar-nos o privilégio de continuar (ainda) entre nós, vão publicar mais dois livros. Anunciam o título do primeiro – que se supõe vir a ser publicado no penúltimo ano, e prometem a façanha, uma, só mais uma e a derradeira vez, reincidirem na sua inestimável e heróica capacidade de nos darem a ler o que, do seu talento, nos resta contemplar… e comprar.
Não sei se é de escritor. Mas lá que está escrito e publicado, está.
Que António Lobo Antunes nos anuncia, nas páginas do DN, UM MISTÉRIO QUE NÃO CONSIGO DESVENDAR… também é verdade.
O que pretende ele dizer-nos com isto?
Não sei.
Mas não me esqueço que, ao contrário do seu, meu e nosso saudoso José Cardoso Pires, depois de ter passado por aquela experiência limite – da qual sobreviveu – ainda nos compôs uma maravilhosa valsa…
Sem data. Eterna. Escrita depois de voltar. Depois de já não saber quem era. Depois de se recordar que ainda estava cá. Depois de gostar de cá estar e de nós. Depois de não ter desistido da vida que tinha. Que teve e tem na nossa memória.
Depois, depois, de por cá andarmos sem escrevermos o nosso epitáfio.
Depois de tudo isso, é nossa obrigação aceitarmos a vida enquanto ela nos permitir viver.
Anunciarmos o seu fim…? É, no mínimo, parvoíce. A ”crónica de uma morte anunciada” já foi escrita. Em ficção, como todos sabemos e lá pelas bandas da América latina, com direito ao tão apetecível prémio que vai tardando
Anunciar que tudo acaba daqui a dois anos é, no mínimo, disparate.
Até pode acontecer amanhã, ou somente de aqui a muito mais tempo.
Como ele tem a estrita obrigação de saber,

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto é apenas uma fase de desespero do Sr Lobo Antunes,farto de esperar pelo tão desejado e "merecido" prémio Nobel. Está talvez a fazer-se lembrado para ver se entretanto o dito prémio lhe é atribuído!?