segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pedido de Visto

Senhor Embaixador da Patagónia

Serve a presente missiva para lhe solicitar o obséquio de me fornecer com carácter urgente o Visto para a Terra do Fogo, que aguardo desde que Sócrates foi eleito primeiro-ministro do meu país.

Compreendo a hesitação e demora do seu consulado, na medida em que, ao notar o nome de quem governa o meu país, pensou tratar-se de um grego, mas não, embora realmente me sinta grego, não o sou.

Estou farto de me sentir grego sem o ser, só porque os meus conterrâneos decidiram escolher para primeiro-ministro uma criatura que pediu ao padrinho para lhe pôr aquele nome, com o intuito de não ser conhecido pelos apelidos da família nem ser confundido com tios, primos e outros parentes de que nem quer ouvir falar.

Para melhor esclarecimento deste equívoco informo que, embora me veja grego no meu país, sou da terra do Magalhães, do verdadeiro Magalhães que a sua terra conheceu há meio milénio mas o verdadeiro, o Fernão, não surja novo equívoco por pensarem que sou caixeiro viajante e vos quero impingir aquele brinquedo que o seu vizinho Hugo Chavez, furioso com o barrete que lhe enfiaram, atirou ao chão para mostrar que afinal sempre servia para alguma coisa.

Esclarecidos estes pontos prévios, informo que não pretendo um Visto de turista, nem de emigrante. Solicito que compreenda a minha absoluta necessidade de um Visto de residente temporário, embora sem termo certo, que é uma modalidade que por cá rivaliza com uma forma de exploração chamada recibo verde que afinal é azul, para não fugir à regra geral: dizer uma coisa e fazer outra.

Dou-lhe só mais um exemplo: se o senhor fosse conterrâneo do Magalhães – neste caso tanto faz que pense no Fernão ou no outro - e fosse depositar dinheiro ao banco presidido por um ex-secretário de Estado, um ex-ministro e conselheiro de Estado de que só saiu ao encontrão – das duas uma, ou era doido ou maluco. Porquê? Então não sabe que nesse tipo de bancos portugueses o dinheiro esfuma-se e quem fica a arder somos todos nós porque a tal criatura que pediu ao padrinho para lhe pôr aquele nome, resolveu nacionalizar os prejuízos, para serem os contribuintes a pagar o buraco de milhares de milhões e privatizar tudo o que dá lucro para agradar aos amigos que o apoiam e subsidiam.

Bem, julgo que o Senhor Embaixador já percebeu a razão imperiosa que me leva a pretender pirar-me daqui. Dou-lhe um último exemplo que elimina qualquer dúvida. Embora eu me veja grego há quatro anos, os meus conterrâneos andam todos contentes, o que é espantoso. Se tiver dúvidas, consulte:

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2009N37

e veja se tenho ou não razão para me pirar daqui antes que os meus concidadãos decidam reencarnar o eremita de Santa Comba na tal criatura com que me vejo grego. É que, embora haja limite para mandatos presidenciais e autárquicos, o inquilino de São Bento pode transformar-se em proprietário do condomínio que é o que este pretende vir a ser, como fez o outro que lá esteve mais de quarenta anos.

4 comentários:

Anónimo disse...

E VAI SÓZINHO?
ASSIM NÃO DÁ CARA, AO MENOS LEVA FAMÍLIA E AMIGOS, TÁ!
(tALVEZ COMEÇANDO A TREINAR O SOTAQUE... )
M.C.

zigoto disse...

Anónimo é nome ou feitio de quem tem sotaque até quando tenta exprimir-se em português? Ou será de accionista do BPN e do BPP, com capital oculto nos tais offshores?

zigoto disse...

Se não for esse o caso, e tiver passaporte em nome de Emecê, talvez ainda lhe arranje uma boleia.
Decida-se até ao próximo Domingo porque depois é demasiado tarde.

Blimunda disse...

Cheira-me que anda por aqui uma "margarida" disfarçada de brazuca mas ainda com sotaque de portuga. Mesmo assim, como só consegue apresentar-se como "anónimo", de certo que assim não lhe vão passar o visto para a Patagónia.
Fique por cá e vá treinando novos dialectos nem que seja nas Novas Oportunidades.