Biografia
Em 1844, Joaquim Manuel de Macedo, formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, e no mesmo ano estreou na literatura com a publicação daquele que viria a ser seu romance mais conhecido, "A Moreninha", que lhe deu fama e fortuna imediatas.
Além de médico, Macedo foi jornalista, professor de Geografia e História do Brasil no Colégio Pedro II, e sócio fundador, secretário e orador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1845.
Em 1849, fundou, juntamente com Gonçalves Dias e Araújo Porto-Alegre, a revista Guanabara, que publicou grande parte do seu poema-romance A nebulosa — considerado por críticos como um dos melhores do Romantismo.
Foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública da Corte (1866).Abandonou a medicina e criou uma forte ligação com Dom Pedro II e com a Família Imperial Brasileira, chegando a ser preceptor e professor dos filhos da Princesa Isabel.
Macedo também atuou decisivamente na política, tendo militado no Partido Liberal, servindo-o com lealdade e firmeza de princípios, como o provam seus discursos parlamentares, conforme relatos da época.
Durante a sua militância política foi deputado provincial (1850, 1853, 1854-59) e deputado geral (1864-1868 e 1873-1881). Nos últimos anos de vida padeceu de problemas mentais, morrendo pouco antes de completar 62 anos.
Obra
Nas letras, Joaquim Manuel de Macedo foi romancista, poeta, cronista literário e dramaturgo. Sua obra é extensa e fez grande sucesso na época.
Havia, entre os críticos, o argumento de que ele abusou sentimentalismo muito ao gosto popular, daí seu enorme sucesso de público. Os críticos, entretanto, não negam que Macedo foi cronista aberto e analítico do Rio de Janeiro do final do Império.
Sua grande importância literária está no fato de ser considerado um dos fundadores do romance no Brasil e, certamente, um dos principais responsáveis pela criação do teatro no Brasil. "A Moreninha" certamente foi a primeira obra da Literatura Brasileira a alcançar êxito de público e é um dos marcos do Romantismo no Brasil.
Lançado em 1844, "A Moreninha" é tido como o primeiro romance publicado no país, embora tenha sido precedido por "O Filho do Pescador", de Teixeira e Sousa, que, entretanto, é tido como uma obra menor, desenvolvida a partir de um enredo pouco articulado e confuso."A Moreninha" constituiu-se numa pequena revolução literária no Brasil imperial, inaugurando o romance brasileiro, e é até hoje é reeditado com relativo sucesso e ainda é lido com prazer.
Estudiosos da obra macediana observam que a protagonista do romance, Carolina, é uma clara alusão à personalidade e ao comportamento de Maria Catarina de Abreu Sodré, sua esposa e prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo.
Em sua obra, Joaquim Manuel de Macedo descreve com linguagem simples e raro senso de observação os usos e costumes da sociedade carioca de seu tempo, e a vida familiar e privada daquela época, quando o país ainda estava nas primeiras décadas de sua independência.
Na sua obra teatral, Macedo preocupou-se antes com a pintura realista do ambiente social, cultural, político e econômico da sua época do que com o universo psicológico dos seus personagens.
Seus dramas, escritos em verso, são artificiais e afetados, suas comédias, porém, são importantes documentos dos costumes da sociedade carioca da época.
Além de "A Moreninha", Macedo escreveu ainda outros dezessete romances, dezesseis peças de teatro e um livro de contos
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Canto V - A Mãe
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Mas é noite; em seu manto de papoulas
A's donzelas acolhe um brando sono.
Em vasta sala que as janelas abre
Para o remanso de escolhidas flores,
Descansa a Peregrina; em doces ondas
De perfumes fagueiras vêm as auras
Brincar com as telas de virgíneo leito;
Da mãe de Deus a imagem sacrossanta
Em áureo quadro à cabeceira pende
Dorme feliz a cândida donzela,
E das roupas finíssimas e brancas
Sob as quais lindas formas se desenham,
Um colo, que no alvor supera a neve,
E um rosto divinal surgem formosos,
Onde estão os encantos pululando
Através das madeixas atrevidas,
Que soltas vão pousar no seio e face,
Nublando graças que paixões acendem.
Um braço nu, que das cobertas foge,
Tipo de perfeição meigo se dobra,
As telas conchegando ao níveo seio,
Instinto de pudor, inda no sono.
D'uma janela aos zéfiros aberta
Vê-se no Céu a lua, e a lua afável
De luz derrama enchentes sobre o leito,
Contemplando, qual anjo adormecido,
Imersa a Peregrina em seus fulgores.
(in A Nebulosa)
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Mas é noite; em seu manto de papoulas
A's donzelas acolhe um brando sono.
Em vasta sala que as janelas abre
Para o remanso de escolhidas flores,
Descansa a Peregrina; em doces ondas
De perfumes fagueiras vêm as auras
Brincar com as telas de virgíneo leito;
Da mãe de Deus a imagem sacrossanta
Em áureo quadro à cabeceira pende
Dorme feliz a cândida donzela,
E das roupas finíssimas e brancas
Sob as quais lindas formas se desenham,
Um colo, que no alvor supera a neve,
E um rosto divinal surgem formosos,
Onde estão os encantos pululando
Através das madeixas atrevidas,
Que soltas vão pousar no seio e face,
Nublando graças que paixões acendem.
Um braço nu, que das cobertas foge,
Tipo de perfeição meigo se dobra,
As telas conchegando ao níveo seio,
Instinto de pudor, inda no sono.
D'uma janela aos zéfiros aberta
Vê-se no Céu a lua, e a lua afável
De luz derrama enchentes sobre o leito,
Contemplando, qual anjo adormecido,
Imersa a Peregrina em seus fulgores.
(in A Nebulosa)
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