Se há coisa que ficou clara na derrota confrangedora do PS para baixo da barreira mítica do milhão de votos foi que, mais do que políticas, José Sócrates tem de mudar a forma como as elege, como as comunica e a imagem do seu governo sempre que as justifica.
A governação para as estatísticas (na saúde, na educação, na segurança) e a governação show off (glosando medidas que valem por si, como o Magalhães) não valem em nada quando milhares perdem o emprego diariamente ou vêem as suas empresas fecharem.
Sócrates devia ter ouvido Cavaco e transmitido a verdade dos factos e da crise de forma clara, mandando calar os ministros que insistem em vender ilusões.
O que os eleitores puniram acima de tudo nestas eleições europeias - que os portugueses continuarão a desvalorizar enquanto figuras como José Lello as considerarem "a feijões" (dixit, DN, 11 de Junho) - foi uma certa forma de fazer política.
Foi a arrogância do ter sempre certezas sem admitir qualquer discussão (até na escolha de Vital), o quero, posso e mando sem dar ouvidos a quaisquer sugestões, a falta de humildade para arrepiar caminho da maioria dos ministros.
E é por isso que boas reformas, boas decisões e opções estratégicas correm o risco de cair nestes três meses em que o Governo, já sem tempo para alterações profundas e acossado pelo aviso de 7 de Junho (7J) e pela pressão da oposição (à esquerda e à direita, com Alegre pelo meio), dificilmente deixará de ceder às tentações eleitoralistas.
Filomena Martins
in DN
domingo, 14 de junho de 2009
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