sábado, 14 de junho de 2008

Phados


Com o disco 'Phados', de 1998, conquistou reconhecimento entre o público e a crítica. Mas os dez anos seguintes foram de alguma reclusão e muita reflexão. Lula Pena regressa agora para novos concertos e um segundo disco, como que um recomeço, planeado para o final do ano

Cantora actua hoje à noite no Castelo de São Jorge

No princípio, Lula Pena não era fadista. Passeava-se entre Lisboa, Barcelona e terras belgas, um nomadismo que lhe é "necessário", ainda hoje. Foi a editora belga Carbon 7 que lhe editou o álbum Phados, em 1998, depois de um encontro imprevisto num bar com música ao vivo. Lula Pena estava à guitarra, com os fados e os cantos que lhe nascem "no ventre, afinal o centro da nossa identidade".

Durante dez anos encantou quem a viu e ouviu e deixou curioso os que apenas lhe conheceram o nome. Agora está de regresso, aos palcos (hoje, pelas 22.00, no Castelo de S. Jorge, com Richard Galliano, Custódio Castelo e as Adufeiras de Monsanto) e aos discos, com nova edição prevista para Novembro. Em Agosto, mais concertos a esperam, dessa vez na Casa da Música (Porto, dia 8) e Museu do Oriente (Lisboa, a 15).

Phados transformou Lula Pena. O fado era-lhe visceral, "deixava-me os músculos presos, não conseguia mexer as mãos, tudo era muito intenso", recorda. Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha passeavam-se pelos acordes de uma guitarras minimal, que depois explicava qual a relação desta canção com outras, do Brasil a Cabo Verde. Esta voz de corpo inteiro, adulta, confiante diz-nos hoje que "o fado surgiu tarde na minha vida, só depois dos vinte anos". Porque antes o fado não gerava paixões. Antes, porque a "indescritível experiência física" gerou um "depois". Veio o "Phado" com PH, porque é "epidérmico, é-nos interno e moldamo-lo à nossa imagem". O reconhecimento e os aplausos. Próximo passo: o medo, o desconforto, o pânico no palco, a intimidade que desapareceu e deixou Lula Pena "a viver numa esfera diferente, que nunca foi confortável".

In DN

Sem comentários: