Editorial do Diário de Notícias
As esquerdas estão a beneficiar com o descontentamento geral. À beira da crise - com a subida das taxas de juro e o aumento dos preços de alimentos e combustíveis -, o Governo socialista liderado por José Sócrates sofre crescente contestação social e os descontentes evitam a fuga para o PSD de Manuela Ferreira Leite, visto como apenas outra face de um enorme centrão que há décadas dirige o País.
Essas esquerdas são o PCP de Jerónimo de Sousa, o BE de Francisco Louçã e também a ala irreverente do PS comandada por Manuel Alegre. O operário, o economista e o poeta surgem como rostos credíveis da crítica ao Governo, algo que nem Paulo Portas, com o seu CDS/PP, nem Santana Lopes, o contestatário do PSD, são capazes de contrariar.
Ou seja, perante o centrão, são as esquerdas que oferecem alternativa e não as direitas. É natural, pelo capital de esperança em regra associado aos ideais de esquerda, mas é também sintoma de que a direita portuguesa está em crise. E a verdade é que um país equilibrado precisa de alternativas nos dois extremos da balança política.
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