Alegre defende nacionalizações se for preciso
A esquerda "colonizada pelo neoliberalismo", ao nível das ideias e da linguagem, precisa de "libertar-se" dessa companhia disse, ontem, Manuel Alegre. O ex-candidato à Presidência da República, que participava num debate no Porto, defendeu também, se for caso disso, a renacionalização de sectores estratégicos da economia portuguesa.
O debate promovido pela corrente "Opinião Socialista" do PS/ Porto tinha como tema "Nova Esquerda e desigualdade: que políticas?" Manuel Alegre não fugiu à pergunta e aproveitou para criticar a política seguida pelo Governo. O deputado socialista tem mesmo dúvidas se as desigualdades diminuíram durante a governação de José Sócrates.
"Não há provas de que haja menos pobreza do que em 2004", referiu. O ano de 2004 é a data do estudo recentemente divulgado sobre os índices de desigualdade em Portugal. No debate parlamentar, quinta-feira, o primeiro-ministro garantia que as desigualdades e a pobreza não estavam a aumentar. Ontem, Manuel Alegre afirmou que "não há indicadores a demostrar que a situação é hoje melhor". Mas "também não podemos provar que é pior, não sabemos se é melhor ou pior".
Para Alegre, a esquerda só combaterá de forma eficaz as desigualdades se se libertar das ideais e da linguagem do neoliberalismo que a "colonizou" nos últimos anos. O ca- pitalismo, disse, não é a etapa última da História. "Há muita gente a viver mal em Portugal, em dificuldade, e a classe média está a empobrecer. É preciso encontra soluções" para a crise "deste modelo de sociedade". O grande de combate da esquerda nos dias que correm, segundo Alegre, é saber se é possível ou não outra lógica na economia.
Durante o debate - que contou ainda com a participação de André Freire e Adão e Silva -, o deputado defendeu o direito do Estado a "renacionalizar" algumas empresas estratégicas. "Pode haver situações em que sejam necessárias nacionalizações para a própria sobrevivência da democracia". É uma hipótese, sublinhou, que "a esquerda tem de ter coragem de encarar".
Não é proibido, nem o Tratado de Roma impede, o Estado de voltar a renacionalizar empresas, disse o ex-candidato à Presidência da República, que terça-feira participa numa festa-comício com o Bloco Esquerda e renovadores comunistas. "Quero é um Estado que saia da clandestinidade e assuma as suas responsabilidades de combater as desigualdades".
O deputado socialista mostrou-se muito crítico em relação à forma com o Governo do seu partido está também a actuar na área da educação . "Não pode governar para as estatísticas", disse, e, por outro lado, "desconsiderando os professores, não será possível qualquer reforma".
A tendência para "diabolizar o que é público e divinizar o que é privado" - ser funcionário público em Portugal "é um acto de resistência" - de igual modo mereceu comentário negativo de Manuel Alegre.
In DN
3 comentários:
Finalmente, o político e Vice-Presidente da Assembleia da República recomeça a ser coerente com o poeta Manuel Alegre:
"Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".
Ou melhor: A mim ninguém me cala!
Manuel Alegre...igual a si próprio...grande Poeta...grande Escritor...perdido na política...com uma grande necessidade de mostrar que anda por aí, mas...até agora...???
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