sexta-feira, 6 de junho de 2008

TARDE NA PRAIA

(EMÍLIO DE MENEZES*)

Quando, à primeira vez, lhe vi a grandeza,
Foi nos tempos da longe meninice.
E quedei-me à mudez de quem sentisse
A alma de Pasmos e terrores presa.

Depois, na mocidade, a olhá-lo, disse:
É moço o mar na força e na beleza!
Mas, ao dia apagado e à noite acesa,
Hoje o sinto entre as brumas da velhice.

Distanciado de escarpas e barrancos,
Vejo-o a morrer-me aos pés, calmo, ao abrigo
Das grandes fúrias e os hostis arrancos.

E ao contemplá-lo assim, tristonho digo,
Vendo-lhe, a espuma, os meus cabelos brancos:
O velho mar envelheceu comigo!

* Emílio de Menezes (Brasil, 1866-1918)

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