segunda-feira, 9 de junho de 2008

Militares feridos no Afeganistão e protestos em Lisboa

Dois feridos ligeiros e uma viatura danificada foi o balanço do ataque de rebeldes afegãos contra uma coluna militar portuguesa que regressava domingo a Cabul, informou o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), noticia a agência Lusa.

A coluna militar portuguesa foi atacada domingo à noite na província de Wardak, 80 quilómetros da capital, por rebeldes afegãos, tendo resultado dois feridos ligeiros quando esta fazia o trajecto de regresso à capital do Afeganistão, após um mês e meio de missão em Wardak, não tendo sido necessário prestar assistência médica imediata aos feridos no local.

O Estado-Maior General das Forças Armadas informa que «os dois feridos ligeiros prosseguiram a sua missão com normalidade, tendo a coluna da Força Nacional Destacada chegado a Cabul, ao aquartelamento nacional, sem mais incidentes, durante a madrugada de hoje».

A coluna militar, que partiu de Kandahar no dia 8 de Junho, era constituída por 92 militares e 22 viaturas e terminou o seu empenhamento a Sul do Afeganistão, após um mês e meio em missão na área de operações de Kandahar.

A 1ª Companhia de Comandos efectuou uma missão operacional na província de Kandahar, epicentro da insurreição talibã no sul do país.

O contingente português, que assume desde Março as funções de Força de Reacção Rápida do comando da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) da NATO, foi deslocado de Cabul para Kandahar, onde os comandos cumpriram um período de adaptação ao teatro operacional, antes de ocuparem posições em Maywand, um distrito daquela província do sul do Afeganistão.

Nesta região coube à 1ª Companhia de comandos apoiar o esforço de expansão das posições da NATO e do exército afegão (ANA) na região de Kandahar, a área de maior actividade operacional no Afeganistão, de forma a retirar espaço de manobra à insurreição.

«Como unidade de reserva do COMISAF (comandante da ISAF) pode a qualquer momento ser enviada para qualquer ponto do teatro afegão», afirmou, na ocasião, o porta-voz da ISAF, general Crlos Branco.

A área de Kandahar é um dos principais alvos do esforço de reforço do dispositivo de forças da NATO e dos EUA no Afeganistão (cerca de 60 mil homens no total).

O contingente nacional de comandos regressa a Portugal em Agosto.

E em Lisboa

Duas associações profissionais de militares promoveram esta quarta-feira em Lisboa um desfile, entre o Largo de Camões e a Assembleia da República, com cinco centenas de pessoas, entre os quais militares no activo, em defesa da «Condição Militar», noticia a Lusa.

Envergando camisolas onde se lia «Em defesa da Condição Militar» e empunhando bandeiras da ANS e da APA, os sargentos e praças da Associação Nacional de Sargentos e da Associação de Praças da Armada percorreram o trajecto em silêncio num desfile que pretendia «dar visibilidade» ao descontentamento dos militares.

Os sargentos filiados na ANS já sugeriram que o governo pague a dívida de mil milhões de euros aos militares através de títulos de tesouro ou certificados de aforro, para que esta não se torne «impagável».

As cinco centenas de sargentos e praças na reserva, reforma e no activo que hoje desfilaram numa «jornada em defesa da Condição Militar», disseram querer incentivar o governo a cumprir «dezenas de leis em falta e saldar a dívida constituída já superior a mil milhões de euros» do Fundo de Pensões e do Complemento de Reforma.

O Presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), Lima Coelho, disse que a situação é «muito grave» e que a política seguida «pelos últimos governos» reduziu os orçamentos das famílias dos militares no activo, reserva e reforma.

Os sargentos afirmam que a degradação que atinge as famílias dos militares se concretiza em todas as áreas da vida, «devido ao congelamento sucessivo dos vencimentos e das carreiras, das actualizações dos vencimentos abaixo da inflação, diminuição das comparticipações nos medicamentos, aumento das taxas moderadoras, pré-liquidação da ADM e degradação da assistência hospitalar».

O Presidente da APA, Luís Reis, destacou o facto de, pela primeira vez, participarem no desfile militares no activo, e sublinhou o facto desta participação não interferir com as obrigações dos militares. «Nunca no passado uma tarefa ou missão ficou comprometida pela acção das associações de militares», declarou.

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