PM irlandês diz que a rejeição do texto é um problema de todos os 27
O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, prefere sacrificar o Tratado de Lisboa a permitir que a rejeição irlandesa origine uma Europa a duas velocidades, segundo fontes de Downing Street ontem citadas pelo Times.
Apesar de quase um milhão de irlandeses, 53,4% dos eleitores, terem chumbado o tratado no referendo da passada quinta-feira, vários líderes europeus, encabeçados pelo francês Nicolas Sarkozy e pela alemão Angela Merkel, afirmaram que era preciso levar o processo de ratificação até ao fim (nos oito países que ainda faltam).
O objectivo é pressionar a Irlanda a repetir o referendo depois de lhe serem concedidas algumas excepções, como fez a Dinamarca, após rejeitar Maastricht em 1992. Mas caso Dublin recuse esta opção ou a segunda consulta popular volte a dar resultado negativo poderia discutir-se a hipótese de a Irlanda sair da UE, embora, na prática, tal opção pareça pouco viável, deixando caminho livre aos que querem ir mais além na integração.
Isso permitiria criar a tão discutida Europa a duas velocidades. Mas Brown, político eurocéptico, num país de eurocépticos , não gosta da ideia, refere o Times, preferindo matar o Tratado de Lisboa a permitir que alguns Estados membros possam ser individualmente deixados à deriva no meio dessa chamada Europa de geometria variável.
A somar a isto Brown enfrenta forte pressão da oposição, dos media e do próprio partido, o Labour, para deixar cair a ratificação do tratado, aproveitando o "Não" irlandês. Além dele também o Presidente da República Checa, Vaclav Klaus, poderia aproveitar para anular a ratificação do documento.
Nicolas Sarkozy vai estar hoje de visita a Praga e aproveitar para dissuadir os checos de fazerem descarrilar o processo de ratificação para "remobilizar a Europa". O chefe do Estado da França, que a 1 de Julho assume a liderança da UE, quer um acordo político entre os 27, sobre o que fazer com a Irlanda, até ao final desta semana.
Todos esperam ouvir, durante o Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, em Bruxelas, aquilo que o primeiro-ministro irlandês tem para dizer e para propor. Ontem, aos microfones da rádio RTÉ, Brian Cowen, do Fianna Fáil, adiantou-se já um pouco: "Quero que a Europa apresente também algumas das soluções em vez de sugerir apenas que [a rejeição do tratado] é só um problema da Irlanda".
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Acentua-se o impasse
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