marchar, marchar
Neste país de capelinhas, em que a minha é sempre melhor do que todas as outras, a iniciativa do Bloco de Esquerda marca fortemente a agenda política de hoje, o que é reflectido pela imprensa em geral.
Até a SIC dedicou a sua “Opinião Pública” desta manhã ao comício festa do Teatro da Trindade, perguntando aos telespectadores se ele era contra o PS.
Mais de 60% dos inquiridos responderam afirmativamente, mas já surgiram os iluminados opinion maker a explicar que não: foi contra o governo mas não afectou o PS.
Isto, como se o governo não fosse do PS e apoiado na Assembleia da República pelo respectivo grupo parlamentar que detém a maioria absoluta. E que, como temos constatado, aprova todas as iniciativas governamentais e chumba as propostas da oposição.
Da leitura do Portugal Dário, repescámos:
O deputado socialista afirmou que «está» onde quer estar, que a «esquerda não precisa de licença para se juntar» e que a sua «lealdade» está com aqueles que votaram PS e hoje estão no desemprego e na pobreza, criticando a política seguida por José Sócrates para pôr as contas públicas em ordem.
O deputado socialista efectuou o discurso mais aguardado da noite e apesar de nunca citar José Sócrates, realçou que a política económica do país é uma má escolha: «Queria dizer aqui com toda a clareza que a minha lealdade é com esses portugueses que passam momentos difíceis e que votaram socialista e que neste momento estão desempregados ou no trabalho precário».
Alegre, que classificou o comício desta noite como um «acto cultural», referiu que «quem está no desemprego ou no trabalho precário não tem a mesma liberdade que os outros».
O ex-candidato presidencial salientou o facto de as contas públicas estarem em ordem, mas questionou o seu custo afirmando que, agora, «é o défice social, o grande défice dos portugueses». Para fazer face ao problema, Alegre garante não ter a resposta certa, mas aponta caminhos como combater a «lógica cega de mercado» e o «esvaziamento de direitos públicos e sociais». Alegre pediu o regresso do socialismo e atacou a direita: «Qualquer dia querem-nos proibir de dizer a palavra esquerda», disse.
A «fronteira entre a esquerda e a direita» está no facto de que a «pobreza não é uma fatalidade», ideal da direita, segundo o socialista. «Esta é a diferença: nós acreditamos que é possível vencer a fatalidade», porque, explicou, «não é uma fatalidade é um problema estrutural que resulta do modelo económico». Alegre garantiu que não estava a «fazer queixas», mas sim a «expor factos» e estes necessitam de «humildade» para ser combatidos, deixando mais um recado ao Governo de José Sócrates.
«Estou onde quero estar»
O socialista defendeu que é tempo de acabar com o tabu de que as várias esquerdas não podem estar unidas, chegando mesmo a apontar a união da esquerda como uma das soluções para o país «custe a quem custar, doa a quem doer». «Temos perdido muitas energias a subtrair esquerda à esquerda. Eu creio que é chegado o tempo de somar esquerda à esquerda».
O comício levou ao Teatro da Trindade algumas centenas de apoiantes da esquerda. A «casa de cultura» foi pequena para todos aqueles que queriam ouvir o «poeta». Quando foi dado o sinal de lotação esgotada no interior do teatro, ainda Francisco Louçã estava na fila para entrar. O líder do BE não teve problemas em aceder ao recinto, mas o mesmo não aconteceu com aluns militantes do PS que exibiam o cartão do partido e gritavam que este era um «Governo de direita», na esperança de entrar. Os protestos subiram de tom, mas pelas 21h30, a chegada de Alegre acalmou os ânimos, que parou para ouvir as queixas, sem, no entanto, poder agir.
A solução chegou com a indicação da transmissão do comício no écran gigante, no Espaço Chiado mesmo ao lado do Teatro. No final, Manuel Alegre e os outros dois oradores do discurso foram ao local saudar os apoiantes e afirmar que «outras salas» serão enchidas.
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou hoje «muito mesquinha» a polémica gerada pelo PS relativamente à participação de Manuel Alegre no comício que se realiza esta terça-feira à noite contra as desigualdades e injustiças sociais, escreve a agência Lusa.
«A polémica que o PS lançou perseguindo Manuel Alegre é muito mesquinha. Esta festa não é uma iniciativa partidária, mas de pessoas diferentes que têm a mesma preocupação com os valores da esquerda e com o combate à desigualdade, à injustiça, ao abuso, à corrupção», afirmou Louçã.
O porta-voz dos socialistas, Vitalino Canas, admitiu no sábado que o comício pode ser encarado como «contra o Governo», enquanto o primeiro-ministro e líder do PS, José Sócrates, se demarcou de Alegre, dizendo: «Eu não participo em sessões com o Dr. Francisco Louçã, até porque nem sequer sou convidado para isso».
O líder do Bloco ironizou, salientando perceber que a iniciativa possa causar incómodo «a quem tem uma visão mais paralisada das respostas sociais ou a quem despreza a crise social». «Creio que os portugueses percebem que uma reflexão profunda sobre as grandes questões da desigualdade e da injustiça é urgentíssima. As pessoas já não suportam o silêncio, o desprezo, a rotina em relação ao sofrimento de meio milhão de desempregados e de tantas pessoas com trabalho precário, que não sabem o que vai ser a sua vida», acrescentou.
Francisco Louçã frisou que «esta polémica é marginal e revela mesquinhez e uma visão politica fechada em que um partido de maioria absoluta tem que mandar». «As pessoas são livres de dar a sua opinião», afirmou, defendendo que «é preciso acabar com o tabu que é o silêncio e a separação entre opiniões diferentes da esquerda».
O comício contra as desigualdades e as injustiças sociais junta esta terça-feira à noite, em Lisboa, militantes e apoiantes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, além de «históricos» do Partido Socialista, como Manuel Alegre, que é um dos oradores na iniciativa.
O líder do Bloco de Esquerda afirmou esta quarta-feira que o comício de terça-feira contra as desigualdades sociais e a corrupção em Portugal representará a maior mudança dos últimos anos na esquerda portuguesa.
«Trata-se da maior mudança dos últimos anos na esquerda portuguesa, porque passa a haver um diálogo sem barreiras, sem sectarismo ou tentativas de hegemonização, numa plataforma de pessoas diversas», declarou à agência Lusa o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda.
Terça-feira, no Teatro da Trindade, em Lisboa, dirigentes do Bloco de Esquerda, da Renovação Comunista, históricos do PS e socialistas da ala esquerda, sindicalistas, professores universitários e personalidades da cultura estarão presentes num comício contra as desigualdades sociais e a corrupção em Portugal.
Entre os oradores do comício, estão o ex-candidato presidencial Manuel Alegre, o jovem deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro e a professora universitária Isabel Allegro Magalhães.
Apesar do peso elevado do Bloco de Esquerda nesta iniciativa, Francisco Louça frisou que se trata de um movimento «não de partidos, mas de pessoas, que têm sensibilidades políticas diferentes».
«No contexto da evocação da revolução de Abril e do 1º de Maio, estas pessoas entenderam que era preciso uma visão não passadista ou nostálgica mas uma visão sobre o presente. Queremos mostrar que há em Portugal uma grande força nas esquerdas - esquerdas que podem dialogar (o que é uma grande novidade na política portuguesa), porque têm em comum valores como o combate às desigualdades, aos abusos e à corrupção», sustentou Francisco Louçã.
O líder do Bloco de Esquerda garantiu depois que a plataforma de apoio ao comício de terça-feira «não tem qualquer agenda escondida, nem é o primeiro passo para qualquer coisa que não está dita».
«Esta iniciativa não tem a ver com o calendário das eleições em 2009 mas com a ideia de mostrar que são necessárias respostas sociais face às questões mais urgentes, razão pela qual é preciso um diálogo novo para encontrar soluções», sustentou.
Interrogado sobre o motivo da ausência na iniciativa de dirigentes do PCP, o líder do BE argumentou que «não há exclusão de ninguém», porque o movimento do comício «não representa uma coligação». «Todas as pessoas contactadas assinaram o apelo. Temos pessoas da CGTP-IN e de variados sectores, que partilham um sentimento de diálogo unitário. Não estamos perante qualquer relação de partidos».
O dirigente bloquista Francisco Louçã reagiu este domingo às críticas que lhe foram dirigidas pelo primeiro-ministro afirmando que José Sócrates está nervoso por causa do comício que junta terça-feira BE e socialistas como Manuel Alegre, escreve a Lusa.
O primeiro-ministro acusou este domingo Francisco Louçã de tentar desacreditar e inferiorizar a UGT, e considerou que o PCP e o BE criticam as propostas para a reforma laboral por «sectarismo e facciosismo».
«O primeiro-ministro está nervoso por outras razões», respondeu Louçã, referindo a iniciativa promovida pelo BE na terça-feira que junta bloquistas, e renovadores comunistas e em que discursa o socialista Manuel Alegre.
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Louçã frisou que «a festa de terça-feira não é um comício do BE mas sim de várias pessoas que se juntaram apesar das diferenças» e que «procuram sem qualquer sectarismo e facciosismo responder ao défice social e às desigualdades».
Sábado, o porta-voz socialista, Vitalino Canas, considerou que o comício de terça-feira pode ser encarado como uma iniciativa «contra o PS». O coordenador da comissão política do BE disse que «não quer contribuir para nenhum pântano na discussão com o primeiro-ministro» sobre a reforma laboral e insistiu que nessa matéria «os sindicatos farão as suas escolhas».
Rejeitando querer inferiorizar a UGT, Louçã salientou no entanto que aquela central sindical «já assinou o acordo de 2003 de Bagão Félix».
«O BE contraria o governo, (...) há uma maioria da sociedade que não aceita estas leis implacáveis do despedimento». “
1 comentário:
"Contra o Sócrates, marchar, marchar."
Ora aqui está um excelente refrão que também pode substituir os estafados versos do final do hino nacional.
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