quinta-feira, 13 de março de 2008

NÃO BATE A BOTA COM A PERDIGOTA

Questionado pelos media, António Costa declarou que não comentava a vida privada de sua mulher e acrescentou: “era o que faltava!”.

Confesso que, num país em que a violência doméstica é um flagelo transversal a toda a sociedade – com cerca de 22 mil vítimas em 2007 - aprecio e respeito este cônjuge absolutamente exemplar.

Mas Fernanda Tadeu não só participou publicamente na manifestação de indignação dos professores contra a política de educação do governo PS, como foi fotografada protestando a plenos pulmões e constituiu manchete de um jornal de referência.

A mulher do número dois do PS, eleito por este partido presidente da Câmara de Lisboa, não se limitou no remanso do lar a desabafar ou criticar a governação de que discorda. Nada disso: desceu publicamente à rua e exerceu um direito que lhe assiste mas, nem por isso, deixa de constituir um acto cívico e público de claro repúdio a políticas do partido a que seu marido pertence.

No Estado democrático de direito em que é suposto vivermos, António Costa teria sido mais sincero assumindo que sua mulher apoia publicamente a oposição e ele o governo. Daí não viria mal a uma democracia adulta, nem a um casamento responsável e saudável. Mas talvez cause mossa ao socratismo; o que, por enquanto, parece que o vice socialista não quer fazer.

1 comentário:

Anónimo disse...

Há aqui qualquer coisa que me escapa: se o sr Costa não comenta a vida privada da mulher,que neste caso se passou pela Av.da Liberdade abaixo, onde é que se passa a vida pública da sra Tadeu?
Acho que o sr Costa estava a fazer o pino quando respondeu aos jornalistas que o questionaram.
Está desculpado por esta,pois presumo que vinha de um bom jantar na cantina da Câmara quando foi abordado.