terça-feira, 1 de julho de 2008

A BIOGRAFIA SOCRÁTICA

A jornalista da Antena 1 Eduarda Maio, escreveu uma biografia (Autorizada? Não autorizada? Ou apenas tolerada?) do secretário-geral do PS e actual primeiro-ministro, intitulada Sócrates, O Menino de Ouro do PS (Esfera de Livros). Conseguir um livro de qualidade sofrível a partir de matéria-prima tão vulgar e incaracterística como Sócrates, dotado de muitos dos tiques genuinamente caracterizadores da subespécie Vulgaris de Lineu do macho latino indígena deste canteiro à margem da Europa, conhecido nos meios académicos pela designação de Português Suave, não é trabalho despiciendo. A propósito deste livro e da sua apresentação aos leitores do Portugalete, ouvi ontem na TSF (ou seria no Rádio Club?) uma entrevista à autora, em que Eduarda Maio (a entrevistada) se revelou uma personalidade rica, com bons recursos de raciocínio, culta, com vivência cosmopolita, conhecedora dos pequenos segredos da espécie Bípede Plantígrada. Se eu não conhecia Eduarda Maio, fiquei a conhecer e a admirá-la pelo alto coturno evidenciado na dita entrevista. Mas depois de a ouvir, fiquei com uma grande dúvida: se a Eduarda Maio é esta mulher dotada de uma cabeça tão funcional, dotada de elevada capacidade crítica e razoável conhecedora dos meandros cinzentos da alma humana, porque diabo se lembrou de escrever um livro sobre o PM português? Porquê ELE? Teria sido por falta de temas alternativos? Teria sido a decisão tomada nalgum momento de loucura passageira? Teria a decisão sido tomada nalgum momento de depressão grave? Teria sido um desafio a si própria para aferir as suas capacidades jornalísticas? Ou teria sido a decisão tomada num momento agudo de carência afectiva?

Confesso que não consegui nenhuma resposta e o mistério permanece.
Ainda por cima, a autora afirmou na dita entrevista que teve uma conversa com Sócrates que durou 10 horas, da qual resultou a parte melhor (Eduarda dixit) do livro.

Outra surpresa proporcionada por este livro foi vermos, na RTP N, sentados na mesa dos apresentadores, António Vitorino, do PS, e Dias Loureiro, do PSD. Logo se levantou uma dúvida: teria Dias Loureiro devolvido o seu cartão de militante ao partido para aparecer exposto em pecaminosa promiscuidade interpartidária? Se não devolveu, como poderá ele justificar tão grave falta de disciplina partidária? Será que o seu novo estatuto de gestor do paraíso empresarial privado o defende das acusações de traição ao partido? E como se tudo isto não bastasse, ainda por cima, quando interpelado pelo jornalista da RTP de microfone em riste, debitou abundantes palavras elogiosas (Óh vitupério!!) dedicadas a Sócrates. Não há dúvida, é um traidor. Se fosse muçulmano, a morte por decapitação à espada na praça pública seria a sua merecida sorte.

Para além de todas as aparências, como a circunstancial apresentação de um livro, o que António Vitorino e Dias Loureiro celebravam naquele momento era a solidariedade carreirista do funcionário partidário que, ao se dedicar aos assuntos do partido, se dedica, acima de tudo, a si próprio e recolhe, a prazo certo, os benefícios que capitalizou.
O texto é de minha autoria e reflecte a minha opinião. Give me your comments, please.
(Eu gosto de gozar com estes mangas).

2 comentários:

Anónimo disse...

Foi num momento de depressão evidentemente! E quem sabe se de depressão na carteira de que quase todos sofremos por conta da famosa crise. E claro que escrever um livro destes, mesmo sem pés nem cabeça, vai-lhe dar dividendos. Oh se vai! Neste país de leitores de revistas cor de rosa, o livro vai ter venda.

Anónimo disse...

Claro que sim, Tia Lili.
Ainda por cima, cá pelo burgo adoram narcisos como este, senão não o tinham eleito...