A passo de caracol
Discursando na sessão de abertura da VII Cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorre em Lisboa, José Sócrates apresentou as prioridades da Presidência portuguesa: promoção da língua, melhor cidadania e concertação político-diplomática, e reforço da cooperação sectorial. Na cooperação sectorial, as áreas de intervenção são a Educação, Cultura e Energia.
O chefe do Governo português, que disse pretender que a reunião de hoje fique conhecida para a História como «A Cimeira da Língua», sublinhou que a CPLP tem ainda um longo caminho a percorrer, apesar de terem sido dados já «grandes passos» aos longo dos 12 anos de vida da organização lusófona.
Embora seja a única organização que tem cooperação na área da Defesa, a CPLP ainda não corresponde à expectativa dos mais optimistas e que dela mais esperam. Por exemplo, o secretário executivo cessante, embaixador cabo-verdiano Luís Fonseca gostaria que os cidadãos da CPLP “tivessem tido maiores facilidades de circulação e mais direitos reconhecidos”, designadamente o direito de voto nas eleições autárquicas. Já o ministro dos negócios estrangeiros português, Luís Amado, considera que esse assunto “vai demorar”.
Enquanto os presidentes de Angola e Moçambique faltam à cimeira – por razões ainda mal explicadas – o Senegal junta-se como observador associado à Guiné-Equatorial e à República da Maurícia. Além disso não faltam interessados em obter o mesmo estatuto, entre eles, Marrocos, Quénia, Ucrânia, Croácia, Indonésia e Venezuela.
E se neste último país é verdade que existem quinhentos mil emigrantes, falantes de português, não é difícil perceber o interesse dos restantes. Muito menos do que aprender e divulgar a língua de Fernando Pessoa, para quem o português era a sua pátria, vêem em Portugal uma porta de acesso à União Europeia.
Desde que haja cooperação e livre circulação de pessoas e bens na CPLP, é claro. Mas isso, como diz Luís Amado, vai demorar.
Álvaro Fernandes
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