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A entrada da Bulgária na União Europeia (UE) foi adiada por preocupações sobre a corrupção, crime organizado e reformas do sistema judicial muito lentas. Quando a Bulgária e a Roménia aderiram em 2007, a Comissão Europeia criou um “mecanismo de cooperação e verificação” que permitiria verificar as reformas e impor sanções. O “dispositivo” foi dotado de uma verba de €220 milhões retirada das verbas da UE destinadas à Bulgária para 2008. O governo socialista da Bulgária respondeu agastado, acusando a Comissão de dualidade critérios e de utilizar o seu mecanismo de verificação como uma ferramenta política.
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Em Fevereiro os conselheiros do Primeiro-Ministro, Sergei Stanishev, desenvolveram um plano extraordinário e novo. Segundo este plano, a Comissão e outros membros da UE obteriam mais poderes de intervenção quando “a fraqueza tiver causas consideradas estruturais e persistentes e … não possam ser resolvidas pelo governo Búlgaro sozinho”. O plano propõe que funcionários europeus e diplomatas sejam envolvidos nas operações de verificação da implementação das leis, gestão de fundos provenientes da UE e supervisão dos tribunais, dos procuradores de justiça e dos investigadores criminais. Eles acompanharão casos de corrupção política e crime organizado que o sistema judicial búlgaro tenha sido lento a resolver ou não tenha resolvido de todo. A sugestão é que esta “associação” seria melhor do que o “mecanismo” do governo, embora os resultados possam reflectir o facto de tal “dispositivo” ser dirigido de Sofia e não de Bruxelas.
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O PM apresentou este plano secreto ao presidente da Comissão, José Manuel Barroso, no princípio de Março. A resposta foi fria. Um porta-voz informou que Durão Barroso rejeitou a ideia de uma estrutura paralela à existente montada pelo governo Búlgaro. Os embaixadores da UE em Sofia, que foram informados do plano, também se mostraram cépticos. Um diplomata sénior, com anos de experiência, comentou que seria errado tirar a cenoura e o chicote da Comissão que tem simultaneamente independência política e a confiança dos elementos de UE, o que não acontece com o governo da Bulgária. Na verdade, alguns embaixadores detectaram um sussurro entre os socialistas búlgaros para transmitir aos restantes eleitores que “o governo tinha novamente recuperado a confiança da UE” pouco antes da votação em Junho. Colocar a Comissão e membros da UE com a responsabilidade sobre as reformas pode também inibir futuras críticas.
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Não obstante a resposta negativa, o governo búlgaro insiste nesta ideia, tendo marcado o fim de Março como limite para concretizar o projecto. O Ministro dos Assuntos Estrangeiros, Ivaylo Kalfin, tem mesmo sugerido que esquema semelhante seja estendido a todos os membros da União Europeia.
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Um mecanismo conjunto de governo de um país com equipas da UE seria uma estreia absoluta para a União, mas não é para a Bulgária. Os conselheiros soviéticos desembarcaram em grande força na Bulgária em 1944 para garantir que o novo país comunista não se extraviava na aplicação das nacionalizações, da industrialização e na construção do socialismo. Mas esta solução mista com funcionários locais e da UE seria bem recebida pela maioria dos búlgaros. Numa sondagem, mais de 80% dos cidadãos afirmaram que não confiam no governo, parlamento e tribunais. Quase 75% confiam na UE, especialmente na Comissão Europeia, de acordo com Eurobarómetro. Uma maior presença da União Europeia no governo Búlgaro seria bem vista pela população, mesmo que na prática fizesse menos diferença do que os búlgaros gostariam.
BBC News
2 comentários:
Descoberta a corrupção na Bulgária (a mais fantástica descoberta após a lei de Newton, também chamada da atracção universal), espera-se que seja investigada na União Europeia e no resto do mundo.
A propósito:
quando é que se extinguem todos os offshores espalhados por todo o lado, e se decreta o fim do sigilo bancário ao nível mundial?
Enquanto isso não for feito, palram, palram, palram mas afinal pertencem todos ao mesmo bando. O dos corruptos das finanças, dos chamados empresários e dos banqueiros que têm na mão e corrompem os políticos que nos governam.
É verdade. Nos países "democráticos" existem estas formas de corrupção legalizada.
Ah, mas estas formas são de "colarinho branco". É muito mais fino.
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