domingo, 26 de abril de 2009

ABRIL

Tenho a sorte de conhecer e ser amigo dalguns Capitães de Abril. Uns, amigos de longa data, há mais de 35 anos (!), outros que fui conhecendo vida fora.
Numa altura da minha vida em que tive o ensejo de passar muitas horas do dia na Associação 25 de Abril conheci, e dalguns fiquei amigo, mais Homens de Abril.
De todos eles guardo a imagem de pessoas boas, bem formadas e que, não tenho a mínima dúvida, uns mais politizados que outros, pensaram mais no povo português do que neles.
Vivia-se em Portugal num sistema político que parecia não ter volta; a economia estava podre; sustentava-se uma guerra de que não se vislumbrava o fim.
Toda a gente se queixava, um pouco por toda a parte mas baixinho, mas faltavam os meios para mudar as coisas. De resto não havia outra maneira de o fazer. Só as Forças Armadas tinham essa possibilidade. E assim aconteceu!
Foi uma manhã que trouxe, disso tenho a certeza, a alegria e a esperança à esmagadora maioria dos portugueses.
Como todos os movimentos revolucionários teve as suas derrapagens, momentos mais e menos felizes mas, se pensarmos só, e basta isso, na conquista da Liberdade, valeu a pena.
Vivíamos num país que vegetava há 50 anos e que, apesar de ter conhecido a Democracia Parlamentar desde 1820 a 1926, não podia daí tirar, infelizmente, grandes ensinamentos.
Mas os 50 anos de ditadura, de medo, de estagnamento económico e intelectual, deixava-nos a esperança de que tudo iria ser diferente.
Agora já não iríamos ter quem escrevesse "As Farpas", "Os Gatos", etc.. Não mais haveria quem pudesse, criticando governos e governantes, ficar na História pelas suas frases, pelos seus depoimentos, como ficaram Eça, Camilo, Oliveira Martins, Herculano e tantos outros.
Mas enganámo-nos. Os militares, na sua linha de conduta exemplar e cumprindo as promessas feitas, entregam a "Respública" aos civis e, apesar de manterem um órgão supervisor da democracia até 1982, não conseguem evitar o que, parece, é nossa sina.
Mais, todos estes políticos medíocres, que nos governam há mais de trinta anos (haverá algumas excepções) ainda têm tido, durante estes 35 anos tempo e lata para ofender e tratar mal, não poucas vezes, a Instituição Militar e os Militares.
Esquecem-se, certamente, que se não fossem os militares, ou tinham emigrado ou eram empregados da função pública, advogados sem clientela, engenheiros sem fábrica ou economistas sem nada para gerir, a andar de FIAT 500 e a comprar os fatos na Rua dos Fanqueiros!
E o FADO repetiu-se. Vivemos num país de maiorias absolutas, com ditaduras de 4 anos, partilhadas por dois partidos, mais ou menos ocos, que não são mais que gestores (e maus) do destino do Estado e têm, ambos, uma grande Central de Empregos.
Criam-se Institutos, Empresas Públicas, etc., etc., vai-se dando emprego aos "boys" e, como se isso não bastasse, temos a toda hora casos de fraude, corrupção, má gestão dos dinheiros públicos, derrapagens de milhões nas obras públicas e, tal como nos anos que antecederam a Revolução Libertadora, voltamos a ter medo, voltamos a não saber o que fazer.
Deixo aqui o meu apelo a todos os portugueses que se unam em movimentos cívicos, indiferenetmente das suas opções partidárias e ideológicas, para que se possa pôr travão a estes desmandos, a toda esta pouca vergonha.
Enquanto fôr tempo!

1 comentário:

Pau de marmeleiro disse...

Concordo e subscrevo (principalmente) o último parágrafo.
É tempo de acabar com esta descarada e impune bandalheira em que assistimos, passivamente, ao saque mais descarado que alguma vez as chamadas elites políticas e financeiras se permitiram fazer em Portugal.
Para isso, basta-nos passar das palavras, lamurias e apelos, aos actos.