quarta-feira, 29 de abril de 2009

O apelo ao bloco central...

Cavaco Silva usou o 25 de Abril para apelar à participação nos próximos actos eleitorais. Desejou mais "realismo e autenticidade", apelou para que se não iludissem os cidadãos, disse à comunicação social que fosse "objectiva e imparcial".
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Palavras que justificam perguntas. Quem é que, afinal, prometeu mundos e fundos (empregos aos milhares, crescimento e aproximação dos níveis de vida e do desenvolvimento médio comunitário, formação e educação para todos, acesso universal à saúde, referendo sobre o tratado europeu)? Quem é que, ganhando eleições desta maneira, faltou no Governo a todos estes compromissos? E nos últimos quinze anos, o que sucedeu? Não seria desejável que se fosse mais concreto, de forma que os portugueses percebessem melhor a que se referia e de quem falava?
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Cavaco Silva devia saber que fomentar a ideia de que "são todos iguais" contribui para a abstenção e a desculpabilização dos verdadeiros responsáveis, é factor de descredibilização da democracia. E acaba por justificar que quem se tem revezado nos governos à custa de falsas alternativas e soluções volte a usar as mesmas falsidades que utilizou no passado. A começar nas europeias, onde já andam por aí a pedir votos os dois partidos que se combinaram para impedir os portugueses de votar sobre o Tratado de Lisboa.
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Não obstante as palavras do Presidente terem carácter pedagógico, elas podem ser ou ter um efeito perverso ou contrário. E, no que concerne ao tratado europeu e às eleições europeias, não ilibam o próprio Cavaco Silva.
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Já o apelo do Presidente ao entendimento dos partidos do centrão é totalmente contraditório com à autenticidade e verdade eleitoral. Então se Portugal está como está, (no emprego, na segurança, na justiça, na protecção social, no combate à corrupção, para usar os exemplos de Cavaco Silva), não é isso o produto e a consequência de anos a fio do pântano partidário e da unicidade política em que o PS e o PSD transformaram o País?
Honório Novo
in JN

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