Para o militar espanhol, este regresso assinala a importância do 25 de Abril para Portugal, mas também para todo o mundo, sobretudo para Espanha. «O 25 de Abril teve uma importância transcendental para Espanha, não só para as Forças Armadas, mas também no movimento político em geral», afirmou o tenente-coronel. Ignacio Dominguez Martin-Sanchez acrescenta ainda que o 25 de Abril facilitou a mudança política em Espanha e afirma que «se não tivesse existido o 25 de Abril, provavelmente não existiria a UMD. Deu impulso à oposição contra o regime de Franco», realça.
Nesta visita a Portugal, vão estar ainda o coronel Luis Otero Fernandez, o coronel José Fortes Bouzan e o tenente-coronel Capitão Fernando Reilein, membros da UMD presos em Julho de 1975. Os militares vão estar sexta-feira e sábado em Portugal para visitar alguns dos locais mais emblemáticos da «Revolução dos Cravos».
In Portugal Diário
Histórias ainda por contar
Durante o jantar comemorativo do 35º aniversário do 25 de Abril, realizado ontem no antigo Quartel da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, a convite da respectiva Câmara Municipal, tive o prazer e emoção de reencontrar José Ignacio Dominguez que, em breves palavras, vos apresentarei pessoalmente.
No período em que me refugiei em Argel, entre 30 de Janeiro e Junho de 1976, e antes de obter em França o estatuto de refugiado político, conheci e convivi com o então Capitão Piloto-Aviador da Força Aérea Espanhola, José Ignacio Dominguez - que ali se encontrava na mesma situação - e era, à data, o porta-voz da União Militar Democrática [Espanhola].
Recordo com emoção que, para iludir o tempo feito de espera, jogávamos intermináveis partidas de xadrês ocupando a mente no campo de batalha comum em que cada um de nós, à sua maneira, procurava contribuir para a Liberdade e a instauração da Democracia na Península Ibérica, último e anacrónico baluarte das ditaduras fascistas na Europa que haviam sobrevivido à Segunda Guerra Mundial.
Certificado de Refugiado político de Álvaro Fernandes
obtido em França após abandonar a clandestinidade em Argel
A 25 de Abril de 1974, os então capitães Nuno Santa Clara Gomes e Álvaro Fernandes, integrados num Centro de Apoio e Ligação (CAL 1) ao Posto de Comando do MFA, acabaram por ser chamados para a Pontinha e serviram de oficiais de ligação do Posto de Comando com as tropas que desenvolveram operações na região da grande Lisboa.
O CAL 1 funcionou - com indispensável ligação rádio ao Posto de Comando através de um emissor-receptor Racal TR 28 - em Campo de Ourique, na casa do Major Domingues Arruda (já falecido), e era constituído também pelos seguintes capitães: Nuno Pinto Soares, António Rosado da Luz, José Rosário Simões e Pedrosa Afonso.
O reencontro de ontem foi tanto mais emocionante quanto o Nuno Santa Clara Gomes era um dos oficiais destacados pela Associação 25 de Abril para acompanhar os nossos camaradas espanhóis.
Resta, para já, acrescentar que os Oficiais da antiga Union Militar Democrática criaram em Espanha uma associação que ontem assinou um protocolo de cooperação com a A25A.
Coronel Nuno Santa Clara Gomes, Tenente-Coronel Álvaro Fernandes e Tenente-Coronel (na Reforma) e Comandante da Ibéria, José Ignacio Dominguez
Texto de Álvaro Fernandes e fotos de Maria José S. C. Fernandes
2 comentários:
APENAS MUITO OBRIGADO.
MAS...ABRIL ATÉ QUANDO?!!!
A PERSISTÊNCIA CONTINUA PARA SEMPRE!
VIVA A LIBERDADE!
VIVA O 25 DE ABRIL!
VIVA A ALMA PORTUGUESA QUE JAMAIS ESMORECERÁ!
MRGARIDA
Mais do que uma reportagem, temos aqui um documento muito interessante e excelentes imagens. Parabéns aos dois autores e intervenientes.
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