segunda-feira, 13 de abril de 2009

D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto...Faleceu há 20 anos...

Nascido a 10 de Maio de 1906 na freguesia de Milhundos, no concelho de Penafiel, filho de Manuel Ferreira Gomes e de D. Albina R. de Jesus Ferreira Gomes, faleceu no dia 13 de Abril de 1989.
Em 1916 começou o curso de preparatórios do Seminário do Porto onde, em 1925, concluiu o Curso Teológico.
Rumou para Roma e aí se doutorou em Filosofia na Universidade Gregoriana.
D. António de Castro Meireles ordenou-o presbítero em 22 de Setembro de 1928. No ano seguinte foi nomeado professor (e depois também desempenhou funções de prefeito, vice-reitor e reitor) no Seminário de Vilar, no Porto, onde seu tio, cónego, era reitor e a quem sucedeu no cargo.
Nomeado, em 1936, cónego capitular da Sé do Porto (com 30 anos, portanto), exerceu ainda, nesta cidade, as funções de assistente da Liga Católica Masculina e da Liga Universitária Católica (Secção de Engenharia).
Em 15 de Janeiro de 1948 foi eleito bispo titular de Rando e coadjutor, com futura sucessão, do bispo de Portalegre de então, D. Domingos Maria Frutuoso, a quem, por morte deste em 1949, sucedeu apesar de desempenhar já o governo efectivo da diocese desde a sua entrada.
A 12 de Outubro de 1952 fez a entrada solene na Sé do Porto como seu bispo da qual tinha tomado posse por procuração a 14 de Setembro depois da sua transferência efectiva para aí ocorrida a 13 de Julho do mesmo ano.
Excelente conhecedor do latim, do grego, do francês e do inglês e dotado de grande cultura, interessou-se não só por questões históricas mas também por problemas de índole social.
No Porto, como já em Portalegre, promoveu a organização dos arquivos e a defesa do património artístico das igrejas.
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Coincidindo com a campanha da candidatura presidencial de Humberto Delgado, em 1958, e, no exercício do magistério episcopal e em defesa da doutrina social da Igreja Católica, teve a coragem frontal de, numa carta dirigida a Salazar (então, chefe do Governo), tecer críticas contundentes relativas à situação político-social e religiosa do País, o que lhe veio a acarretar a viver exilado.
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Durante o exílio teve residência em Espanha, República Federal Alemã e França, tendo o Papa João XXIII nomeado-o membro da Comissão Pontifícia de Estudos Ecuménicos para a preparação do Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965.
Após o afastamento político do ditador Salazar (ocorrido em 1968), e no seguimento da denominada primavera marcelista, regressou a Portugal em 18 de Junho de 1969, dez anos após o começo do exílio, tendo retomado o governo da diocese portucalense onde procedeu a uma ampla e dinâmica reestruturação.
A 23 de Setembro de 1978, cinquenta anos após a sua ordenação sacerdotal, tiveram começo as comemorações das suas bodas de ouro sacerdotais.
O pedido de resignação da diocese formulado nos princípios de 1981 foi atendido pela Santa Sé a 18 de Fevereiro do ano seguinte, tendo cessado funções a 2 de Maio do mesmo ano de 1982, com perto de 35 anos de episcopado.
Procurando anonimato em recolhimento e estudo acabou por se retirar para uma casa diocesana em Ermesinde.
Foi galardoado com a Grã-Cruz da Ordem de Liberdade (logo em 1976) e da Ordem Militar de Cristo (em 1983) depois de, em 12 de Maio de 1982, ter sido alvo de um voto de homenagem aprovado pela Assembleia da República que evocou e elogiou a sua personalidade.

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