
Intérprete do Fado de Coimbra e elemento da geração de cantores da resistência ao Estado Novo, conhecida como música de intervenção, cresceu no seio de uma família tradicionalista católica.
Concluído o ensino liceal no Porto foi para Coimbra em 1959, estudando Direito. Foi repúblico na Real Repúbica Ras-Teparta, solista no Orfeon Académico de Coimbra, fez parte do Grupo Universitário de Danças e Cantares e do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e tocou guitarra no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica de Coimbra.
Pouco depois editava o primeiro EP, acompanhado por António Portugal e Rui Pato lançando, em 1963, o seu primeiro disco de vinil, Fados de Coimbra, que continha Trova do vento que passa, balada fundamental da sua carreira, com poema de Manuel Alegre, transformado numa espécie de hino do movimento estudantil de contestação ao regime.
Em 1982, com quarenta anos, num sábado, dia 16 de Outubro, morreu em Avintes, nos braços da mãe, vitimado por uma hemorragia esofágica
.
Trova do Vento que Passa
.
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
(...)
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Recordar Adriano
Sem comentários:
Enviar um comentário