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A panela de pressão de Wall Street explodiu, derramando o pus infeccioso e fedorento da grande agiotagem, e a Europa, a nossa querida, velha e civilizada Europa, começou por fingir que não era nada com ela.
A panela de pressão de Wall Street explodiu, derramando o pus infeccioso e fedorento da grande agiotagem, e a Europa, a nossa querida, velha e civilizada Europa, começou por fingir que não era nada com ela.
A América que se desentale, e depressa - disseram José Sócrates e seus pares.
Enquanto o sistema financeiro norte-americano puxava a carroça do Mundo - e todos, incluindo a União Europeia, parecem desejar que continue a fazê-lo -, a trupe de Bruxelas, cobardolas, branqueava o esterco de Wall Street em nome do seu bem-estar. Agora, como uma pudica Miss Piggy, a Europa não quer chapinhar no lodo com os outros porcos.
Mas vai chapinhar. E espero que se suje neste chiqueiro ao ponto de sentir vergonha da sua cumplicidade com um modelo financeiro ignóbil, que compra o silêncio e a honra dos políticos (pagando campanhas eleitorais caríssimas, como a dos candidatos à Casa Branca) para poder alimentar à rédea solta uma ganância sem limites materiais e morais.
Como cidadão europeu, a minha expectativa é que Bruxelas aceite as suas responsabilidades nesta crise e que trabalhe activa e atentamente na regulação das actividades especulativas com dinheiro, faça o Plano Paulson o trajecto que fizer a nível interno e, por ricochete, também no resto do Mundo.
O capitalismo não é um acessório da democracia. Muito menos o capitalismo selvagem e imoral de Wall Street.
Enquanto o sistema financeiro norte-americano puxava a carroça do Mundo - e todos, incluindo a União Europeia, parecem desejar que continue a fazê-lo -, a trupe de Bruxelas, cobardolas, branqueava o esterco de Wall Street em nome do seu bem-estar. Agora, como uma pudica Miss Piggy, a Europa não quer chapinhar no lodo com os outros porcos.
Mas vai chapinhar. E espero que se suje neste chiqueiro ao ponto de sentir vergonha da sua cumplicidade com um modelo financeiro ignóbil, que compra o silêncio e a honra dos políticos (pagando campanhas eleitorais caríssimas, como a dos candidatos à Casa Branca) para poder alimentar à rédea solta uma ganância sem limites materiais e morais.
Como cidadão europeu, a minha expectativa é que Bruxelas aceite as suas responsabilidades nesta crise e que trabalhe activa e atentamente na regulação das actividades especulativas com dinheiro, faça o Plano Paulson o trajecto que fizer a nível interno e, por ricochete, também no resto do Mundo.
O capitalismo não é um acessório da democracia. Muito menos o capitalismo selvagem e imoral de Wall Street.
Já nos conformámos com os hambúrgueres, o Iraque e o Afeganistão a troco de "protecção e segurança", não precisamos de mais nada.
A América de plástico, obesa e patriota, não é uma fatalidade. A América de Sarah Palin, fundamentalista e medíocre, podemos ignorá-la.
Não temos que nos fingir culturalmente superiores - o que é uma falácia - para tolerar sem dor aparente o ónus e a frequência do poder americano nas nossas vidas. Podemos relacionar-nos com a América tanto através dos livros de Paul Auster como dos discursos de W. Bush ou dos desmandos capitalistas de Wall Street.
Não temos que nos fingir culturalmente superiores - o que é uma falácia - para tolerar sem dor aparente o ónus e a frequência do poder americano nas nossas vidas. Podemos relacionar-nos com a América tanto através dos livros de Paul Auster como dos discursos de W. Bush ou dos desmandos capitalistas de Wall Street.
A escolha é nossa.
A oportunidade está sempre em aberto. É só querermos.
Fernando Marques
in JN
1 comentário:
Subscrevo totalmente estas palavras.
Mas a "Europa" não é inocente e está mergulhada no esterco da cumplicidade até ao pescoço.
Não é com tecnocratas oriundos da mesma escola de pensamento económico [de perfil americano] que a "Europa" poderá construir um modelo económico próprio.
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